Conheça a função dos antioxidantes para o praticante de musculação

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Quem nunca pensou em obter uma vida mais saudável, com melhor qualidade e, claro, longevidade? Cada dia mais a busca por esses e outros aspectos positivos relacionados ao corpo, mente e desenvolvimento de sua vida vem crescendo, fazendo-nos dar uma atenção especial a alguns aspectos que, apesar de relativamente bem conhecidos, ainda são ignorados por grande parte da população mundial.

São inúmeras as formas que temos de obter esses êxitos citados anteriormente, entretanto, se há algo que se contrapõe exatamente a isso são os radicais livres, produtos gerados por fatores externos e internos ao nosso corpo os quais podem e, de fato causam um enorme prejuízo às nossas milhares de células. Conhecendo então, os princípios básicos que cercam os chamados “agentes oxidantes”, conseguimos então, propor novas e importantes maneiras para nos prevenir dos mesmos, obtendo assim uma vida a qual almejamos.

Entendendo as duas principais vias do metabolismo: O Anabolismo e o Catabolismo

A maioria dos processos de nosso corpo envolvem duas vias básicas: O catabolismo e o anabolismo. Sendo estas, respectivamente referentes à degradação de algo ou a construção de algo, ambas possuem relevância ímpar quando o assunto é o metabolismo e, muitos são os benefícios de reações metabólicas, visto que, através delas é que se torna possível a vida. Entretanto, durante esses processos, são gerados alguns produtos que não são convenientes ao corpo (leia-se às células) e nem ao metabolismo, mas, que são inevitáveis. Os ganhos, sejam eles na musculação ou em um esporte qualquer, necessitam que um metabolismo convenientemente adequado àquela prática ocorra.

Imagine que, para cada contração muscular, inúmeros processos metabólicos, fisiológicos, celulares, atômicos e outros ocorram, até que possamos observar um movimento a nível macroscópico, em uma situação física, por exemplo. Imagine ainda que, durante esse processo, possa-se produzir alguns metabóiitos altamente destrutivos ao corpo…. Pois bem… Para nós musculadores, isso costuma acontecer com certa frequência…

Talvez pelo alto incremento que a mídia tem feito frente ao consumo de antioxidantes, estes, se tornaram “os salvadores da pátria”, mas, será que na prática, funciona de maneira tão simples assim?

O que são e como se formam os radicais livres?

Basicamente, não nos compensa entrar na química a fundo, mas, para que possamos entender algumas coisas, faz-se necessário o entendimento básico e superficial de alguns aspectos. Entre eles, o que é o processo oxidativo em si.

O processo de oxidação basicamente se dá por um agente oxidante e um agente redutor que interagem entre si em determinada reação. Para isso, o agente redutor, reduz o agente oxidante, ou seja, ele perde elétrons, fazendo com que seu número de oxidação (NOX) aumente. Já o agente oxidante é aquele que recebe elétrons do agente redutor e isso faz com que seu NOX diminua.

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Isso acontece a nível atômico, ou seja, não vemos tal reação, mas, supomos que seja assim, dentro da ciência. É através de processos assim que, processos a níveis moleculares podem acontecer. E, é através de nano (menor do que micro), que as reações a visíveis a olho nu podem, de fato ser enxergadas.

Agora, imaginemos um nível acima do atômico, o molecular, onde são encontradas, efetivamente as moléculas que conhecemos como o Hidrogênio, Nitrogênio, Alumínio, Oxigênio etc. Cada um destes possuirá átomos os quais os deixarão carregados de alguma forma. E é aí que começa o processo que chamamos de “dano oxidativo”, no caso dos oxidantes produzidos durante essas reações que acontecem a nível atômico e, por conseguinte, molecular também. O que quero que imaginem é, basicamente, através dessas trocas de elétrons é que conseguimos as ligações químicas e a quebra delas também para determinados produtos. Por exemplo, imagine uma molécula de glicose a ser formada: Através dessa movimentação de elétrons é que é possível que haja a ligação entre o carbono, o hidrogênio e o oxigênio, na respectiva quantidade de 6 carbonos, 12 hidrogênios e 6 oxigênios (C6H12O6). Pois bem, mas, qual a relevância disso tudo para o ser humano e, para o praticante de musculação, especificamente? Esses produtos, recebem nomes diversos e, são classificados largamente de acordo com a química a qual seu processo é submetido. Desta forma, não nos convém entender nem saber o nome de todos eles, entretanto, ficam alguns exemplos como o CCL4 que pode induzir o citocromo, P450 ou o NO2 sintase a associar-se a biomoléculas, alterando sua conformação, função ou levando à morte celular. Outros comumente citados são alguns como o superóxido (que, em especial é extremamente danoso às células vermelhas), o peróxido de hidrogênio, e radicais e hidroxila.

Pode-se dizer que, apesar da perfeição com que esses processos ocorrem, algumas falhas são inevitáveis, entre elas, a produção de espécies reativas de oxigênio ou os conhecidos “radicais livres”, agentes oxidantes altamente destrutivos às células, principais causadores do envelhecimento pela morte celular entre outros aspectos que tanto ouvimos falar.

Radicais livres (ROS) são produzidos de acordo com a queima, ou combustão do oxigênio (a nível atômico, claro), os quais pode gerar moléculas com elétrons desemparelhados, fazendo com que sua reação com outras moléculas seja muito facilitada. Basicamente então, se esse processo acontece frente a combustão de oxigênio, fica-nos suficientemente claro perceber que, quanto mais o queimamos, maiores serão as chances da produção de radicais livres. E, lembramos também que, a respiração, a alimentação e os processos digestivos, as sínteses e outros tantos eventos fisiológicos e metabólicos envolvem essa combustão. Assim, a repetição desses fatos, tenderá a produzir mais radicais livres e, é justamente por isso que o praticante de atividades físicas deve ter uma atenção redobrada aos seus níveis de oxidação e as devidas precauções e principalmente intervenções que devem ocorrer nesse meado. Fatores outros, como o estresse, a agitação a superatividade física e outros também auxiliam nesse processo de produção de ROS.

Além dos processos metabólicos, existem outras causas dos radicais lives. Algumas que também podemos destacar são: a poluição ambiental; raio-x; radiação ultravioleta; cigarro; álcool; aditivos químicos; conservantes; resíduos de pesticidas; estresse; consumo de gordura, como frituras e etc.

O que são os antioxidantes? Para que eles servem?

Os antioxidantes, por sua vez, como o próprio nome diz, são moléculas capazes de reagir aos radicais livres, “inibindo” sua ação. Isso acontece, pois, essas moléculas conseguem transferir elétrons para essas espécies reativas de oxigênio, fazendo com que sua ação seja com elas , efetivamente estabilizando-as, evitando assim a reação com células e outras moléculas do corpo as quais necessitam ser poupadas.

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Dentre os muitos antioxidantes existentes, os mais conhecidos estão praticamente no grupo das vitaminas, entre elas, destacando-se as mais conhecidas como o tocolferol (vitamina E), O retinol (Vitamina A),e o ácido ascórbico (vitamina C). Porém, alguns aminoácidos, como a Glutamina (derivados), algumas outras substâncias, tais quais o resveratrol, alguns minerais, tais quais o selênio, o beta-caroteno, alguns flavonóides, carotenoides e outros também podem ser excelentes antioxidantes. Outras substâncias, tais quais o ácido úrico, também possuem papel antioxidante no corpo. Este, por exemplo, evita doenças como a hipóxia hipoxêmica. Normalmente, todas essas substâncias são encontradas a partir da alimentação equilibrada, sendo essa principalmente variada em frutas, verduras, legumes e, claro, alimentos diversos. Porém, grãos (principalmente os integrais) e outras fontes alimentares também podem ser fontes de tal.

É indiscutível o fato de que, se estamos falando que respirar, comer, metabolizar e etc, gera danos oxidativos o atleta ou praticante de atividades físicas terá uma maior propensão a produzir estes. E são justamente esses antioxidantes que podem interferir negativamente na recuperação do corpo após os treinamentos, no rendimento no treinamento em si, em fatores ligados com a saúde, em fatores relacionados ao humor, sono etc.

Claramente, não é por isso que vamos deixar de nos alimentar, de respirar e tampouco de viver nossa vida como escolhemos, seja ela dentro ou fora do esporte, competitivo ou não.

A suplementação com nutrientes antioxidantes: Será que devemos fazê-la?

Nem sempre a dieta pode suprir todas as necessidades que o corpo exige, apesar de que, na grande maioria dos casos, ela supre mais do que suficientemente, tornando a suplementação, perca de tempo e/ou dinheiro.

A suplementação com antioxidantes, por sua vez, pode sim ser considerada, mas essa requer um cuidado específico, extra, individual e projetado por um profissional devidamente qualificado a isso.

Muitos atletas (e me incluo nesse “muitos” atletas profissionais das mais diversas modalidades e níveis, inclusive) costumam obter alta suplementação de antioxidantes e, ate mesmo utilizá-los de maneira aleatória e é aí que mora um grande risco desconhecido por grande parte deles. Por exemplo, poderíamos iniciar dizendo que a suplementação corre risco muito maior de toxicidade do que a alimentação, pela própria biodisponibilidade dos nutrientes fornecidos. Quando fala-se em alimentação, os nutrientes geralmente, além de estarem em menor quantidade quando comparados à suplementação, estes, muitas vezes nem quelados estão, enquanto no caso da suplementação, quase que sempre estão, para favorecer o seu metabolismo e garantir ao máximo o aproveitamento do medicamento.

Certamente, há uma grande diferença entre a alimentação e a suplementação, portanto, já começamos a ver um “Q”, que poderia nos deixar um tanto quanto preocupados. A suplementação com antioxidantes, tais quais a vitamina E (a dosagens de 400UI/dia) e até o ácido ascórbico, ou vitamina C (na dosagem de 1g/dia) tem sido associado com maiores riscos à morte. Essas mesmas dosagens dessas mesmas substâncias apresentam um aumento ao risco de resistência à insulina, insuficiências de alguns órgãos, sobrecargas. No caso, por exemplo, da Vitamina C, esta pode ser metabolizada em oxalacetato e causar prejuízo no aparelho renal. E olha que não é incomum vermos atletas que chegam a consumir 4-5g de Vitamina C POR DIA! Assim, simplesmente utilizar antioxidantes sem a devida orientação pode ser pior do que NÃO usá-los.

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Os radicais livres são apenas vilões?

Evitar totalmente os radicais livres está longe de ser algo ideal. Por incrível que pareça, o corpo precisa de alguns mediadores envolvidos com esses oxidantes, inclusive, para o próprio aumento da massa muscular. Alguns estudos relatam que, a inibição total da oxidação pode deixar de ser um dos estímulos para o aumento da massa magra, por exemplo. Assim, não evite TUDO e QUALQUER coisa sobre a oxidação natural do corpo.

Um claro exemplo disso, é a utilização do chá verde na dieta. Sua principal substância, a Epigalocatequina é bastante benéfica e, inclusive é bastante eficaz na redução da gordura corpórea. Entretanto, alguns estudos recentes e, inclusive publicados na Muscular Development, referência de revista aos bodybuilders, mostram que o consumo de chá verde pode estar associado, por exemplo, a diminuição na produção endógena de testosterona, justamente por ser um nutriente antioxidante. Desta forma, o artigo e, claro, o estudo apresenta que a oxidação é essencial em algumas fases da produção de testosterona.

Assim, obviamente, acontece com outros processos metabólicos no corpo.

Conclusão:

Os antioxidantes são muito importantes para que possamos equilibrar nosso organismo e deixá-lo o mais saudável possível. Para nós, praticantes de musculação, eles ainda são mais importante, visto que temos um maior nível de oxidação das células. Falando em termos de ganho de massa muscular ou perda de gordura, os antioxidantes podem não ser principais causas para se chegar a este objetivos, mas certamente eles são importantes na medida em que indiretamente estão ligados a estes objetivos.

Em suma, seja esperto com seu corpo e considere a dieta variada, o controle dos níveis de atividade física (lembrando que, o excesso é EXTREMAMENTE PREJUDICIAL), seus hábitos de vida, seu sono, seus momentos de lazer e recreação, seus níveis de estresse, seus momentos de calmaria e tranquilidade, como as melhores opções e diretrizes para seguir e obter o máximo de benefícios dos antioxidantes.

Lembre-se que a busca constante do corpo é pela homeostase, ou seja, o equilíbrio. Portanto, ser equilibrado em todos os aspectos que o cercam é fundamental!

Você quer aprender a se alimentar corretamente e assim obter melhores resultados dentro da musculação? Mais ganho de massa muscular, mais definição, menos gordura e resultados mais concretos? Então fica aqui minha dica: DIETA! E para se ter uma boa dieta só existem duas soluções: uma é ir a um nutricionista e aoutra é adquirir o conhecimento de um nutricionista. A Giovana Guido, uma das maiores nutricionistas esportivas do país, escreveu um livro que se chama: Guia de Alimentos e Suplementos Para Ganho de Massa Muscular e que pode te ajudar a montar uma verdadeira dieta voltada aos seus objetivos. Para conhecer o livro, clique aqui.

Bons treinos!

 

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