Quantas vezes você entrou inspirado em sua academia para realizar aquele treino de musculação realmente eficaz e intenso, chegando lá se deparou com situações desagradáveis as quais tiravam sua concentração e atrapalhavam de alguma forma seu treino? Quantas vezes você, ao esquecer seu fone de ouvido em casa, foi obrigado a ouvir muitas baboseiras enquanto treinava? E, quantas vezes ao revezar um equipamento, se deparou com uma pessoa a qual mais conversava do que treinava e demorava na utilização do equipamento em sua série? Pois bem… Certamente você não foi o único a passar por isso, mas faz parte de um pequeno grupo o qual ainda preserva os princípios de convívio em uma academia de musculação e está lá realente para atingir seus objetivos…

No entanto, muitos não pensam assim e acabam transformando “alho em bugalho”, ou seja, confundido as razões de uma academia de musculação com o que querem que ele seja, ou com o que projetam que ele pode ser, não levando em consideração que cada coisa tem (ou pelo menos deveria ter) sua hora e lugar…
Hoje, entenderemos um pouco mais dos motivos pelos quais as academias de musculação têm virado pontos de encontros sociais e procuraremos formas de driblar esses sérios “problemas”.
Indice / Sumário
O desenrolar básico da história da musculação
Se formos falar sobre a origem dos levantamentos de peso, podemos dizer que não há um tempo certo o qual possa ser descrito como arco inicial para esses eventos, uma vez que implícito na sobrevivência humana e no desenvolvimento do homem primitivo, esses eram usados não aos caracteres principalmente estéticos os quais são utilizados hoje, mas eram utilizados visando sua (s) funcionalidade (s) frente às necessidades impostas no dia-a-dia. Segundo algumas fontes, os primeiros relatos registrados podem ser encontrados nas civilizações egípcias, chinesas e gregas, na era antiga.
Historicamente, entretanto, foi no século 19 que houve uma grande disseminação dos levantamentos de peso com a chegada dos escoceses na América, promovendo eventos do “homem mais forte do mundo”. Porém, foi na Europa nesse mesmo século onde ocorreram os primeiros campeonatos de levantamento básico de pesos.
Sendo a musculação (ou o fisiculturismo, propriamente dito), uma derivação dos levantamentos básicos com pesos, esse teve suas primeiras origens entre 1880 a 1950, basicamente. O primeiro campeonato de fisiculturismo ocorreu organizado por Eugen Sandow em 1901, difundindo-se a partir dessa área com o desenrolar da criação de outros importantes campeonatos como o Mr. Universe, o Mr. América e assim por diante.

Diante dessas preposições, fica claro perceber que os primeiros ginásios de musculação tinham como base fundamentada ou o levantamento de pesos para aumento de força ou para modificações corpóreas, principalmente estéticas, as quais de maneira empírica foram modificadas nos primeiros anos e com a experiência e a ajuda da ciência também foram sofrendo (e ainda sofrem) muitas outras modificações.
Assim, pode-se dizer que os primórdios dos ginásios (academia) pouco tinham haver com algo que não cultuasse o físico, propriamente dito, diferente do que foi se criando com o passar dos anos, utilizando essas técnicas para finalidades inúmeras, a iniciar da melhora na saúde geral, na melhora do condicionamento físico, no aumento da resistência, na reabilitação de lesões e nas correções corpóreas (como as posturais, por exemplo), na melhora de funções fisiometabólicas, no aumento da flexibilidade, na diminuição da sarcopenia, e por aí segue a interminável lista… E isso tem sido ótimo até os dias de hoje, pois foram possíveis as criações de metodologias cada vez mais prazerosas, eficazes e que gerassem bons resultados no (s) objetivo (s) requerido (s).
Muitos, na realidade começam a chamar essa era de Fitness e/ou Wellness. Na realidade, esses são conceitos os quais são erroneamente utilizados nos dias de hoje. Fitness, na realidade, tem suas origens com um médico de nome Cooper, que criou sistemas para melhoria da saúde através da atividade física sistemática, em especial com corridas. Posteriormente, visando os aspectos físicos, mentais, espirituais, de socialização entre outros, lançou-se o conceito Wellness, que foi grandemente apadrinhado no DVD Jane Founda’s workout.
O problema foi quando uma nova era, sem certa denominação, lançou os ginásios como centros socais onde mais valeria a forma com que os indivíduos interagissem entre si do que o principal que se busca com a atividade física, que é a melhoria do físico, indiscutivelmente. Apesar de princípios relacionados a socialização, aos aspectos mentais e a tantos outros estarem, de fato no meio esportivo, sem sombra de dúvidas, a “atividade física” como o próprio nome diz, requer melhores condições e aperfeiçoamento FÍSICO!
Passam então, pouco a pouco a esquecer para que estão buscando a atividade física e fazem da mesma uma centro de convenções. E não é a toa que cada vez mais vemos nos dias de hoje: pessoas ostentando dinheiro e riqueza dentro dos ginásios com essa roupa ou aquele calçado, pessoas ostentando relações e mais conversando do que pensando em seu desempenho físico, pessoas marcando “pontos de encontro” para contar como foi o seu final de semana de baladas ou festas, pessoas conversando sobre a vida alheia, milhões de televisões passando os mais diferentes tipos de programas, filmes e até mesmo interatividade e assim por diante…

Certamente se levássemos ao pé da letra, não teria problema algum, afinal cada qual deve fazer o que bem entende de sua vida. O problema maior são os resultados e o impacto, mesmo que social que isso tudo gera dentro e fora dos ginásios de musculação, muitas vezes denotando uma má visão aos “povos de academias”…
A atualidade nas academias de musculação
Se, por um lado, construímos tecnologia, métodos, sistemas de treino e outros fatos fatores positivos com o desenrolar dos anos, por outro então, criamos cada vez mais aspectos negativos dentro dos ginásios. É muito complexo falar sobre todos eles, principalmente da origem de cada um. As academias deixaram de ser centros físicos e passaram a ser uma “sociedade” a qual envolve marketing, relações pessoais, interdependência, criação de mitos, ostentações de poder e status. Parece que hoje as pessoas vão para “suas vidas na academia” do que para treinar, propriamente dito.
Quantas são as academias em que a mulherada se veste feito uma “fábrica de salsichas?” E quantas são as academias em que os homens (sempre preocupados apenas com os membros superiores) mais se reúnem em rodinhas para discutir o final de semana do que para treinar sério? E quantas são as academias em que a “puxada de papo” com o sexo oposto mais vale do que a última série do seu exercício? Praticamente todas… Ou simplesmente, 99% delas?
Se tudo isso prejudicasse unicamente a quem realizasse esses atos, não haveria problema. O problema é que felizmente ou, infelizmente para alguns, ainda existem pessoas que estão buscando a essência dos ginásios de musculação e acabam sendo interferidas por esses: pessoas ocupando aparelhos desnecessariamente, pessoas conversando em tom de voz altíssimo e atrapalhando a concentração alheia, pessoas descuidadas que circulam pelas academias e acabam trombando com outros que estão realizando algum exercício. Pessoas que causam situações desconfortáveis, como homens que promovem olhares maldosos sobre mulheres que estão realizando esse ou aquele exercício em determinada posição… E assim por diante…
A situação é tão crítica que ainda acabamos por nos deparar com algumas academias que levam seu trabalho realmente a sério ou seguem uma linha mais clássica. Mas, essas também são grandes alvos de críticas e muitas vezes são, simplesmente vistas como “um peixe fora d’água” ou o “mico-leão-dourado”, uma vez que passam a ser totalmente diferentes e vistas com maus olhos por aqueles acostumados com o tal glamour.
Dentro das academias ainda, isso reflete na criação e na construção de péssimos profissionais. Muitas vezes, esses mais conseguem segurar seu trabalho pela interação intersocial que tem, do que por sua capacidade em lidar com sua profissão, propriamente dita. Isto é, trocando em miúdos, hoje é muito mais fácil um profissional de Educação Física se dar bem em um ginásio tendo um bom convívio social, tendo um bom “marketing pessoal” (mesmo seno um péssimo profissional) do que sendo capaz em exercer adequadamente sua função.
Além de todo esse reflexo dentro dos próprios ginásios, ainda há grande interferência disso tudo no cenário lá fora. Não é a toa que hoje, as academias são vistas apenas como um centro egocêntrico onde “vale tudo para alcançar a boa forma”, quando, na realidade não é bem assim que funciona (ou pelo menos não deveria ser). A imagem passada hoje, na maioria dos lugares não é das melhores. Se não por isso, os lugares que então decidem levar a sério a essência dos ginásios, também passam a ser vistos como pontos undergrounds extremos… E aí adivinhem, mais preconceito…
Cada coisa em seu lugar…
Sem sombra de dúvidas, acredito sim que as academias possam ser centros os quais incluam certo grau de socialização. Não podemos viver em nenhum lado de utopia ao achar que encontraremos um lugar onde TODAS as pessoas estão focadas no objetivo físico e corpóreo, como não podemos achar que as academias tenham mais fundo social, do que seu fundamento, que é o físico. Entretanto, acredito que cada coisa deva ter o seu lugar para que transtornos sejam evitados e, principalmente para que cada qual possa aproveitar o máximo dos serviços lá fornecidos por ela e pelo que buscam também.
As aulas funcionais, aquelas aulas cheias de músicas animadas e gritos que até hoje não entendo bem tem sua aplicabilidade. Para quem isso faz bem, não vejo mal algum que se pratique tais modalidades, afinal, a satisfação própria também é algo importante para não escravizar o corpo e a mente. Todas essas modalidades tem algum tipo de aplicação e podem ser úteis de uma forma ou de outra. Porém, imagine se estivermos com uma barra de agachamento nas costas no meio de uma sala onde esteja ocorrendo uma dessas aulas… Daria certo? Com certeza, não! Da mesma forma, acho uma grande INVASÃO quando essas aulas acontecem na sala de pesos ou mesmo quando elas interferem na sala de pesos.
Há algumas academias, por exemplo, que estão inserindo trabalhos com crianças, o que é ÓTIMO! Porém, quantas e quantas vezes essas não passam correndo em durante suas atividades dentro da sala de pesos? E o pior é quando isso é em alto tom (leia-se gritando). Além do grande susto nas pessoas, da concentração quebrada, ainda contamos com as chances de uma possível trombada, onde possam ocorrer acidentes que machuquem tanto os atletas e/ou esportistas quando as próprias crianças,
Assim como se deve usar trajes adequados em cada ocasião (por exemplo, não ir de sunga a um casamento, bem como não ir de terno para a praia), também se deve ter cada espaço para cada atividade no ginásio.
Sem sombra de dúvidas, socialização e o respeito também passam a ser muito mais evidenciados.
A postura de cada indivíduo no ginásio de musculação
Saber se portar dentro do ginásio de musculação é algo essencial para mantermos um nível adequado de convívio.
Tudo que for em excesso, pelo menos nos dias de hoje, certamente será prejudicial e por mais que tenhamos uma regra liberatória de conduta social dentro dos ginásios, devemos saber respeitar mais do que com regras e sim, com o bom-senso.
Se você é aluno, se você é atleta, então, deve ter uma postura adequada. Não há necessidade de entrar parrudo e tratar a todos que não estão em seu “mundo” como seres a parte. Não há necessidade de um isolamento o qual te faça parecer um estúpido antissocial. Fazendo isso, você acaba por perder o apoio das próprias pessoas que o cercam e isso não é nada bacana. Ser admirado e ser respeitado acima de tudo é algo fundamental para que você possa ter um sucesso que não seja alvo de críticas destrutivas. Haja com cortesia. Ser educado, certamente não prejudicará o rendimento nem o andamento de seu treino.
Devemos saber que há lugar para tudo: ninguém busca um centro médico quando procura uma festa, da mesma forma que ninguém viaja para o Polo Norte quando quer férias com praia e sol, não é mesmo? Da mesma forma é a academia. É interessante que tenhamos bom senso para conosco e para com nosso próximo. Conversar, não há nada de mal, afinal quem conversa sabe até onde quer chegar em seus resultados. O problema é conversar em alto tom e atrapalhar o vizinho. O problema é fazer escândalos ou, se distrair ao ponto de trombar com alguém na academia (e isso ocorre frequentemente, observem!).
Conclusão:
De maneira conclusiva podemos dizer que as academias de musculação, de um âmbito unicamente esportivo, passou por uma mudança social a qual a trouxe como um grande centro de confraternização e socialização das pessoas.
Perdendo sua essência em si, os ginásios hoje contam com todos os tipos de pessoas, de diferentes classes e diferentes educações, as quais sabem ou não se portar adequadamente, o que, por sua vez, influencia muitas vezes negativamente no treinamento alheio.
Portanto, mais o que se importar com as modificações que ocorreram, é importantíssimo levar em consideração suas próprias atitudes, necessidades de mudanças e adequações.
Bons treinos!
Realmente, alguma situações acabam deixando a gente um pouco irritado. Academia é lugar de malhar, mas para não bancar o “mal-educado” na maior parte das vezes apenas espero “pacientemente” os conversadores desocuparem os aparelhos. Abraço.