A.D.E. (Óleo Injetável): Motivos para você não Seguir este Caminho…

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Muito provavelmente você já deve ter visto um termo chamado de “bombado a óleo”, mas, talvez não tenha se dado por conta do que ele se referia, não é mesmo?

Provavelmente, você já deve ter visto um cara forte na rua e pensou “Nossa! Que sujeito bombado!”, mas, algum tempo depois, conseguiu perceber que na realidade aquela “bomba” era um pouco mais além do que músculos construídos, mas sim, que se tratava de uma substância a qual hoje é conhecida por muitos por seus potenciais riscos, que foi grandemente utilizada no passado para um possível aumento do tamanho das estruturas do corpo, especialmente de bíceps e tríceps. Falo justamente do ADE, ou da substância que traz como princípios as vitaminas A, D e E em veículo oleoso.

Braços com óleo injetável

Mas, o que seria ela? O que este complexo vitamínico tem de tão prejudicial? Para que ele serve? Ele poderia ser usado por humanos? E quais são as formas pelas quais as pessoas costumam utilizá-lo mesmo sabendo seus riscos e as deformidades que ele pode trazer aos seus corpos?

Obs: Este não é um artigo que tem como princípio mostrar formas de utilização ou tampouco fazer quaisquer apologias à substância em questão. Também, não é um artigo que tem como base ofender usuários deste mecanismo não aceitado por muito, mas sim, trazer o esclarecimento do que verdadeiramente é o ADE e o que pode causar no ser humano.

Se você quer entender um pouco mais e sair de mitos e inverdades muitas vezes mencionados pelas redes televisivas, então, recomendo que leia o artigo até o final.

O que é o ADE e o que ele faz?

O A.D.E., como mencionado é um complexo vitamínico de três vitaminas, a A, D e E, todas elas, lipossolúveis, ou seja, que somente são diluídas em gorduras e não em água, como é o caso, por exemplo, das vitaminas do complexo B. Desta forma, para que elas possam ser administradas via injetável, necessitam estar em um veículo oleoso. Após sua injeção, normalmente ela é absorvida pouco a pouco pelo tecido e pelo corpo do animal (visto o ADE ser veterinário). Normalmente, esse medicamento é administrado com animais que necessitam de fortificação a qual não é obtida através da alimentação ou que estão em algum possível déficit nutricional.

Porém, muitos indivíduos fazem o que chamamos de injeções localizadas com ela, ou seja, fazem pequenas (ou grandes) aplicações em determinadas regiões do corpo humano. Por se tratar de um corpo estranho, o corpo manda células de defesa para o local, o que faz com que seja gerada uma inflamação, na tentativa de destruir aquele patógeno. Porém, não é possível fagocitar (ou seja, as células de defesa não podem “digerir”) aquela substância, fazendo com que ela cause um inchaço local, pelo acúmulo de líquidos e de secreções, entre eles: a água, o sangue e o pus. Esse inchaço faz com que aparentemente a região fique maior.

ADE Injetável

Claro que isso ocorre de maneira totalmente assimétrica e desproporcional, sendo que, a textura daquele tecido também não é nada parecida com a textura do tecido muscular, ou seja, trata-se de um tecido mole, sem poder de contração, o qual não possui força e que costuma causar grandes dores nos primeiros dias.

*Importante salientar ainda que esta substância não vai sair dali, salvo sob procedimentos hospitalares incluindo drenagens, cirurgias etc.

As proporções, ou melhor, desproporções causadas pelo ADE ocorrem porque o “crescimento” ocorre num músculo apenas (onde ocorreu a ingestão), não sendo os outros músculos daquela cadeia muscular contemplados com o aumento. É por isso que, por exemplo, se for injetado ADE no bíceps e tríceps, temos que os antebraços serão totalmente desproporcionais aos braços e fica nítido o aspecto totalmente montado do indivíduo.

As notícias escandalosas e midiáticas sobre ADE

Não é incomum ligarmos nossas televisões e vermos possíveis notícias sobre inúmeros fatores relacionados erradamente sobre o fisiculturismo e sobre substâncias possivelmente utilizadas por alguns indivíduos. Vemos notícias sobre “pré-treinos que mataram”, sobre a combinação de pré-treinos com energéticos, sobre injeções e sobre aplicações localizadas, especialmente com ADE, ou com as vitaminas A, D e E em veículo oleoso.

O resultado é que começam um emaranhado de informações erradas que denigrem o esporte e, principalmente, causam muitos mal entendidos com as pessoas.

Por exemplo: O ADE não é uma substância utilizada por fisiculturistas, aliás, esta é uma substância que esteticamente não os daria quaisquer resultados positivos, além de ser proibida pelas federações. Desta forma, é importante deixar bem claro que FISICULTURISTAS NÃO FAZEM USO DE ADE, e sim, indivíduos que querem um rápido crescimento de partes específicas do corpo.

Essas partes normalmente incluem os bíceps e os tríceps, mas não é incomum acharmos pessoas com grandes quantidades de ADE injetados nos peitorais e até mesmo nos dorsais e antebraços. Porém, obviamente, quanto mais locais a injeção é feita, então, mais riscos o indivíduo corre, variando desde amputações nos membros a infecções generalizadas quando aplicado em partes como o peitoral ou os citados dorsais.

Por si só, o fisiculturismo é um esporte o qual visa aspectos como a proporção, densidade, simetria, definição e volume muscular. Se o ADE é algo o qual não traz proporção muscular, então, logo isso já justificaria que bodybuilders profissionais não o usam. Mesmo assim, alguns amadores fazem tais correções com esses óleos, o que quase nunca fica bom e esses atletas ou são desqualificados ou não tem longa vida no esporte.

Gregg Valentino

Além disso, é importante salientarmos que o ADE não é uma substância feita para humanos, mas sim, para animais, ou seja, humanos não deveriam fazer uso desta medicação, ainda mais nas dosagens as quais são utilizadas e nas formas as quais ela é utilizada.

Existem riscos ao utilizar ADE?

Sem sombra de dúvidas.

  1. Em primeiro lugar, porque esta não é uma substância para humanos e sua composição não é bem vista pelo metabolismo de uma forma geral. Apesar de precisarmos das vitaminas A, D e E na dieta, esta se faz de uma maneira totalmente diferente quando comparada com a ingestão de ADE, principalmente levando em conta o seu veículo de solução. O ADE normalmente é uma opção para estes indivíduos por ser uma substância barata e que não requer receita ou mesmo identificação na hora da compra.
  2. Em segunda instância, as concentrações de vitaminas no produto são muito altas, algumas a ponto de ser possível gerar uma hipervitaminose no indivíduo, ainda mais levando em consideração as quantidades de ADE utilizadas por eles e considerando que vitaminas lipossolúveis são muito mais fáceis e gerarem toxicidade do que as vitaminas hidrossolúveis (solúveis em água).
  3. Em terceira instância, as inflamações geradas pelas aplicações de ADE podem causar generalização no corpo, ou seja, podem fazer com que o mesmo desenvolva processos infecciosos gerais, atingindo órgãos vitais através da corrente sanguínea. Além disso, os próprios locais onde ocorrem as aplicações podem desenvolver processos inflamatórios tão intensos ao ponto de ocorrer a ruptura da musculatura ou mesmo ocorrer a perda do membro (braços etc).
  4. Quarto, porque as aplicações de ADE normalmente são feitas por indivíduos sem quaisquer experiências e sem o devido material, até mesmo básico e higiênico para tais procedimentos. Dito de outra forma, “meninos” estão aplicando em “meninos” e estes o fazem muitas vezes sem a devida higienização local, sem o uso de materiais esterilizados e até mesmo sem se quer lavar a mão em casos extremos. Portanto, o risco de infecções torna-se ainda maior.
  5. Quinto e último, porque com a inexperiência nas aplicações, as chances de elas atinjam veias ou outros vasos sanguíneos é relativamente grande, ocasionando uma embolia, ou no pior dos casos, a morte do indivíduo em poucos instantes.

Braço Rasgado por conta do uso de ADE

Outros efeitos colaterais do A.D.E. podem ser:

  • Paralisia muscular da região da aplicação;
  • Caroços no local da aplicação;
  • Embolia pulmonar;
  • Infecção do músculo;
  • Infarto;
  • AVC;
  • Parada cardíaca;
  • Parada respiratória.

Assim, sem sombra de dúvidas o ADE não é algo meramente simples e, caso o indivíduo ainda sim opte por seu uso deve estar devidamente ciente de todos esses pareceres básicos.

Espero que tenham gostado do vídeo e que ele tenha ajudado a melhorar ainda mais a sua concepção sobre óleos injetáveis. E se você chegou até aqui pensando em usar algum desses, faça um favor a você mesmo, NÃO USE!

Conclusão:

De uma maneira geral, o ADE é um medicamento utilizado para animais a fim de suprir déficits nutricionais das vitaminas lipossolúveis A, D e E. Entretanto, visando um rápido “crescimento”, alguns seres humanos optam por seu uso, fazendo com que ocorram deformidades, e colocando em risco sua própria saúde e sua vida, que é o mais importante.

Assim, não consideramos plausível o uso do ADE ou similares. Procure sempre boa orientação, correta e profissional a fim de obter os melhores protocolos para que você tenha ganhos sólidos e para que consiga o máximo desenvolvimento de seu corpo.

Bons treinos!

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