Agachamento livre é um exercício proibido para quem tem condromalácia patelar?

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A condromalácia patelar, apesar de ser uma doença de nome complexo, está entre os problemas ortopédicos mais comuns e frequentes, principalmente entre os praticantes de esportes, em inúmeras modalidades. Essa doença, de nome mais popular “síndrome patelo-femoral”, é de ordem crônica que causa a degeneração da cartilagem da superfície posterior da patelar, além dos côndilos femorais.

Ocorrida em diferentes graus, que são distintos em 4 classificações, a condromalácia patelar possui sintomas que variam desde dores no joelho, em sua parte profunda, dor ao redor da patela, geração de processos inflamatórios locais, estalos e crepitações. Esses sintomas, quando levados em consideração e quando ocorridos em níveis grandes, podem interferi diretamente não só na prática de atividades físicas, mas no dia a dia, fazendo com que muitas impossibilidades passem a ocorrer aquele indivíduo.

Entre os movimentos mais propensos a causar dor, estão os que fazem a flexão do joelho e aplicam algum tipo de sobrecarga a ele, como subir escadas, o ciclismo, pulos e assim por diante. Talvez seja por isso que a grande maioria das pessoas e dos profissionais tenham refuta pelo agachamento livre. Porém, s29erá que ele pode realmente ser prejudicial? Será que a forma que o utilizamos é que não é adequada? Deveríamos nós ter graus de limitação ao executar esse exercício ou simplesmente retirá-lo de nossa rotina?

O agachamento nos esportes X Condromalácia patelar

O agachamento, por sua complexidade e ao mesmo tempo simplicidade e naturalidade, é um dos exercícios mais utilizados em diferentes modalidades. Na musculação, ele possui ênfase nos membros inferiores. Trabalhando estruturas inferiores que variam desde o iliopsoas, aos quadríceps, aos músculos femorais, músculo sartório, grácil, adutores e abdutores da perna, glúteo, entre outros tantos, ele é de extrema valia tanto em processos de ganho de massa muscular, quanto de redução do percentual de gordura.

Entretanto indivíduos que possuem condromalácia patelar, normalmente ficam obtusos ao agachamento e, impedidos por algum profissional ou por conta própria, com a justificativa de que o agachamento pode sobre sobrecarregar o joelho.

Porém, essa é uma inverdade! O primeiro motivo a justificar isso é o agachamento NÃO SER um exercício que deva ter como articulação principal os joelhos, e portanto a sobrecarga não deve ser aplicada em grandes quantidades a eles.

Em segunda instância, sabe-se que exercícios de cadeia aberta (como a cadeira extensora) não são interessantes a indivíduos portadores de condromalácia, porém exercícios de cadeia fechada são muito melhores nesse caso. Apesar disso, deve-se tomar certo cuidado na hora da realização desses movimentos. As angulações requeridas em cada exercício podem variar muito de acordo com o grau da condromalácia, com a individualidade biológica e com a angulação em si do exercício. O Leg Pess 45º, por exemplo, apesar de ser um exercício de cadeia fechada, é muito mais propenso a gerar lesões no joelho do que o leg press 90º. É por isso que na fase concêntrica se faz conveniente o auxílio de um parceiro para retirar a plataforma do equipamento da fase mais baixa do movimento, onde há maior sobrecarga no joelho.

O próprio agachamento livre também requer cuidados especiais: Sabe-se que angulações de 0 a 90º podem beneficiar o quadríceps em maior proporção, além de solicitarem músculos como o vasto lateral. Porém, no caso do portador de contromalácia patelar, recomenda-se uma utilização de angulações maiores do que 90º, com o chamado agachamento a fundo. Isso porque, nessas amplitudes, consegue-se uma melhor solicitação dos glúteos, dos outros músculos posteriores da coxa como o bíceps da perna, o semimembrnáceo e o semitendídeno. Além disso, recruta-se muito a região lombar e da articulação do quadril e também os músculos adutores do quadril, o que faz com que a sobrecarga patelar seja extremamente menor.

Os estímulos da musculação e do agachamento na condromalácia patelar

O agachamento livre e a musculação em geral podem e de fato estimulam a síntese proteica em inúmeras estruturas do corpo. Além do músculo, esses exercícios estimulam outras regiões como as articulações, os ligamentos e os tendões. Isso faz com que, diretamente, possamos pensar não só em um fortalecimento, mas uma parte de regeneração.

Analogicamente, por exemplo, observa-se maior densidade óssea na região lombar da maioria dos powerlifters, comprovando a osteogênese, no caso. Da mesma forma, os benefícios acrescidos a região do joelho frente a utilização do protocolos corretos, tende a acontecer. Esses acontecimentos podem fazer da musculação um esporte muito seguro e, aliás, muito mais seguro do que esportes os quais apresentam grandes impactos, como o vôlei, o basquete e o próprio futebol.

Obviamente, para que isso ocorra, faz-se necessário protocolos dietéticos e de periodização adequados e coerentes ao treinamento em si.

Conclusão:

É possível concluir que o agachamento livre é um exercício que pode contribuir para o tratamento da condromalácia patelar e para a obtenção de resultados sólidos em si, desde que executado da maneira correta e dentro das limitações individuais (obviamente, buscando protocolos que possibilitem o progresso).

Alguns dos motivos que se devem a esses benefícios são do agachamento ser um exercício que não deva ser enfatizado nos joelhos, mas sim no quadril e na lombar, em especial, um exercício que permite maiores amplitudes que 90º, fazendo com que o indivíduo tenha melhor ativação de regiões como a posterior das pernas, por ser um exercício de cadeia fechada.

Portanto, não seja inconsequente e busque sim auxílio médico SEMPRE, mas considere a opinião de um bom educador físico que esteja qualificado para lidar com o seu caso.

Bons treinos!

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