Aumento do uso de anabolizantes: uma responsabilidade de quem?

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Quando o assunto são os recursos fármacos (anabolizantes) utilizados hoje e desde quase sempre no esporte, é abrir uma polêmica sobre o uso ou o desuso, as proibições, as constatações, o uso correto e o incorreto e até mesmo na concordância ou não do uso em si. Mais do que isso, é abrir possibilidades também de discussões sobre o uso dentro e fora do esporte, que tem se tornado alvo não só de críticas, mas também de apoio por pessoas que defendem que essa seja uma verdade inegável e que deva ser trabalhada.

Desta forma, diante de tanta complexidade no assunto, cabe a nós observar que há uma grande divulgação do tema e da prática em si, dentro e fora do mundo profissional, visando diferentes finalidades, desde performance à estética. Assim, obviamente, são muitos os erros que passam a acontecer em diferentes pessoas e que acabam atrapalhando negativamente o nome do fisiculturismo e acabam denegrindo o fisiculturista em si, tornando-o um marginal no mundo esportivo.

Porém quando passamos a divulgar algo que é restrito a pouco, algo esse que pode ser prejudicial a saúde, muitas responsabilidades passam a ser adquiridas. Falar abertamente sobre anabolizantes é algo que pode ser perigoso, pois não sabemos quem está lendo e o que ele irá fazer com tais informações. O fisiculturista (amador ou profissional) teria algum papel fundamental na diminuição ou no aumento do uso destas substâncias? Como deveria ser a posição do fisiculturista diante disso? Essas e outras questões que iremos tentar responder com o artigo. Vamos lá!

Uso de anabolizantes dentro e fora do meio profissional

No que tange o uso de anabolizantes, certamente é incontestável que a principal aplicação desses talvez não tenha sido intencionalmente criada para o esporte, mas para uso clínico e meios de elevação de performance em outras áreas (como a militar). Porém, com o passar dos anos e as descobertas, a aceitação e o uso desse tipo de substância no mundo competitivo tornou-se evidente, fazendo com que esses crescessem grandemente e fossem também modificados, a fim de trazer possíveis melhorias. Verdade seja dita: tanto dentro quanto fora do mundo esportivo, essas são substâncias efetivas, mas que infelizmente não são livres de efeitos colaterais. Assim, um indivíduo usando clinicamente essas drogas para um tratamento de alguma patogenia, corre riscos muito menores do desenvolvimento de efeitos colaterais, quando um indivíduo que usa no meio esportivo está muito mais propenso pela sobrecarga, quantidades, frequências e combinações serem consideravelmente maiores. Além disso, temos de considerar que o indivíduo que usa clinicamente essas substâncias, o faz por meio de acompanhamento profissional, já indivíduos que estão no esporte se quer consultaram um especialista (tanto porque, por questões éticas, poucos são os que fariam esse tipo de acompanhamento).

Esse meio ainda obscuro que cerca o uso desse tipo de substância no esporte, com diferentes finalidades (performance, estética) tem aumentado ano a ano e cada vez mais indivíduos jovens estão se submetendo a esse uso. Iludidos não mais somente por resultados rápidos, mas pela falsa ideia de que isso é algo normal e livre de causar efeitos colaterais consideráveis, pelas falsas ideias difundidas de que “se estudar e souber fazer, nada o acontecerá”, ou ainda pelo fato de que “ninguém está limpo”, essas pessoas acabam entrando em lugares desconhecidos e pouco a pouco cometendo um lento suicídio. E, pode ser exagero, pois alguns serão os que não sofrerão grandes danos (LEIA-SE NÃO SOFRERÃO GRANDES DANOS, MAS AINDA SIM SOFRERÃO EFEITOS COLATERAIS), mas quem garantirá que você será um deles? E quem garantirá que você não pagará até mesmo com sua vida por cometer esses atos inconsequentes?

O mais absurdo que me parece dentro de tudo isso é que essa difusão não é feita por atletas profissionais e experientes, propriamente ditos. Desconheço um atleta com longa carreira e renomado que fale detalhadamente sobre como, quando e o que usou, assim como sugere que esse ou aquele indivíduo faça isso ou aquilo. Que o uso de anabolizantes existe dentro do meio profissional, eu não serei hipócrita em dizer que não existe, mas lá eles realmente sabem o que estão fazendo. Profissionais da área utilizam com suporte de toda uma equipe de médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, treinadores, massagistas e etc. Eles não leram na internet algo sobre uso de anabolizantes e por isso começaram a usar.

Por isso é importante saber diferenciar o uso de anabolizantes por profissionais do esporte, que doam a sua vida por aquilo e quem tem suporte de inúmeros outros profissionais de saúde, e pessoas que leram na internet e querem resultados rápidos, por isso usam anabolizantes.

A responsabilidade é do fisiculturista?

Seria muito simples criticar a mídia, seria muito simples condenar aqueles que tanto denigrem esse tão lindo esporte… Porém, e se parássemos para pensar que se o fisiculturismo tem como foco principal o fisiculturista, diretamente remetemos a organização e a imagem do esporte à ele. Por exemplo, por mais que tenhamos um time de futebol ou basquete que seja criticado, se ele for lá por si só, fizer por merecer e difundir seus aspectos positivos, então, muito provavelmente não será foco de chacotas. – Aliás, você já percebeu que os alvos de chacotas são sempre os times que se deixam abalar por questões mínimas ou que se envolvem em grandes escândalos?

Cada vez mais vemos crianças de idades mais jovens usando essas substâncias, acreditando em irrealidades transmitidas por esses pseudo-atletas. Pois bem, é claro que no fisiculturismo acontece muito disso… Além dos não verdadeiros fisiculturistas estarem muitas vezes passando uma ideia errada do esporte, fazendo apologia ao uso de substancias não convenientes, entre outros métodos, ainda contamos com “babacas” regados a óleos localizados e todas aquelas bizarrices que conhecemos bem. É nessa hora que o verdadeiro fisiculturista tem de se posicionar. Não criticando por criticar, mas ignorando e fazendo por onde, ou seja, mostrando seu trabalho, seu esforço, para que isso sim seja valorizado.

De nada adianta criticar, de nada adianta dizer que a culpa é dessa ou daquela pessoa, se não estamos fazendo nossa parte. Se não estamos, de maneira ética, levando a informação do que é o nosso esporte às demais pessoas. Se a propaganda é a alma do negócio, então, aparentemente não temos que questionar a importância que ela se faz para passar uma boa imagem do produto.

É responsabilidade do fisiculturista valorizar seu esporte, fazer com que ele seja visto com bons olhos. Para isso, dedicação, honestidade, ética e trabalho sério são necessários e fundamentais. Mais do que isso, a responsabilidade e o respeito para com o receptor da informação, que pode ser desde uma pessoa bem esclarecida a um leigo por completo. Se o uso de anabolizantes chegou ao nível que está hoje, muito é parte dos profissionais que não tentaram driblar isso no passado e sempre deixaram no ar o uso.

Portanto, pensem nisso! Vocês são os responsáveis pelo que o fisiculturismo demonstrará às outras pessoas.

Conclusão:

Conclusivamente, podemos dizer que os anabolizantes foram inseridos no esporte, mas esse não era seu objetivo principal. De qualquer forma, estando ali presente, o ergogênico demonstra inúmeros aspectos interligados com a moral, ética, com a sociedade e com a imagem do fisiculturista. Dessa forma, a busca por causar uma boa imagem, de maneira ética e transparente também é a melhor coisa que um fisiculturista pode fazer para que pessoas de fora do esporte não passem a entender esses aspectos errados e tampouco considerar coisas ruins do esporte.

Boa reflexão!

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