Normalmente quando estamos em uma academia e temos um pouco mais de liberdade com o professor/instrutor, ele acaba nos recomendando alguns suplementos alimentares, principalmente se ele vender algum deles. As vezes também quando vamos ao nutricionista, ele recomenda que se faça determinado exercício, que irá te ajudar corrigir determinada assimetria…
Geralmente, ao ver esse tipo de situação, penso em dizer algo como: “amigo, largue de ser antiético. Cocê não tem formação e nem conhecimento para estar indicando tal produto e/ou exercício nem tampouco atuando nesse espaço! E se isso der algum problema no aluno, você vai se responsabilizar?”
Esse artigo é para que os leitores parem de aceitar este tipo de “ajuda”. Cada profissional deve cuidar de sua área e ser o melhor nela. Se isso fosse feito, teríamos melhores profissionais, melhores instituições e melhores alunos.
O entendimento errado dos aspectos multidisciplinares
Quando se fala em multidisciplinaridade, fala-se também no entendimento do ser humano como um todo, o qual necessita de protocolos específicos em cada área que o rege. Acontece que com esse entendimento de que a atividade física pode ser relacionada com aspectos morais, sociais, de hábitos em geral, a confusão por parte de profissionais educadores tornou-se evidente. Passam a acreditar que pelo fato do ser humano estar inserido em inúmeros outros fundamentos, ele também tem o direito de interferir nesses aspectos. Por exemplo, os aspectos de boa performance física envolvem: boa alimentação, bons hábitos de vida e bom aproveitamento do tempo, entretanto, cada aspectos deste é assistidos por um profissional específico, por exemplo, os de hábitos alimentares pelo nutricionista.
Basicamente, não é por que um nutricionista tenha conhecimento de atividade física que ele esteja devidamente apto para prescrever quaisquer tipos de protocolos físicos. Da mesma forma, um educador físico não tem o direito de recomendar protocolos nutricionais, inclusive de suplementação. Cada qual deve respeitar seus limites e se esse profissional realmente valoriza o indivíduo com o qual está trabalhando, o recomendará a busca por outros profissionais também, a fim de tornar cada um desses aspectos individualmente precisos e mais bem elaborados.
É interessante observar que nem todos esses profissionais fazem isso por mal, mas, muitas vezes por puro desconhecimento e ignorância. Muitos médicos desatualizados, por exemplo, recomendam protocolos unicamente aeróbios a TODOS OS PACIENTES acima do peso, como se esse fosse o método mais eficaz para a redução do peso corpóreo. Educadores físicos passam a recomendar mitos de academias referentes a suplementos alimentares e juram que aquilo, com suas séries de 4X8, farão o indivíduo atingir a hipertrofia muscular. E assim por diante…
Pode realmente ser que essas recomendações sejam com as melhores intenções e objetivando realmente que o indivíduo tenha resultados. O problema é que esses resultados passam a não acontecer e então, as desistências, frustrações e refutas a prática correta dos diferentes protocolos passam a se tornar evidente e presente nesses orientados que serão os mais prejudicados.
Não é desonroso e nem tampouco vexatório não assumir uma área que não lhe é de direito. É, aliás, humilde e inteligente saber que você pode se aprimorar em sua área e orientar seu cliente da melhor maneira possível e deixar que outros profissionais assim os façam em suas respectivas áreas.
Algo inocente pode se tornar algo muito prejudicial
Esse assunto parece simples e irrelevante. Muitas vezes pensamos que o máximo que iremos obter ao seguir protocolos mal orientados, são maus resultados ou falta deles, não é mesmo? Pois bem… Isso é uma inverdade.
Receber protocolos incorretos pode sim apenas ocasionar maus ou falta de resultados. Entretanto, o problema pode ir MUITO mais a fundo do que imaginamos. E, vamos exemplificar para que possamos entender melhor:
Imagine um paciente o qual carece de massa muscular, mas possui percentual de gordura corpórea alto. Por ventura, ele passa a ter problemas cardiovasculares e alguns outros metabólicos. Desconfia de diabetes, dislipidemias e então vai ao médico fazer uma consulta. Este, orienta alguns exames e após fazê-los, o paciente leva os resultados ao médico, que constata que realmente ele possui Diabetes Tipo II e algumas poucas dislipidemias, além do seu quadro físico já avaliado e supracitado.
O médico recomenda que esse paciente siga uma dieta e comece a realizar atividades aeróbicas. Cerca de 30-60 minutos de CAMINHADA MODERADA por dia, ou pelo menos 3X na semana, caso seu dia-a-dia esteja corrido. Assim o paciente o faz.
Quais serão os resultados? Esse paciente, já com massa muscular prejudicada, passa a reduzir ainda mais essa massa muscular pela falta de estímulo hipertrófico e hiperplásico. Pode até ser que o peso gordo não suba, mas o percentual de gordura corpórea continuará alto. Consequentemente, seus níveis de lipídios sanguíneos dificilmente terão uma redução significativa, seus níveis relacionados à doenças metabólicas também não e a sua saúde não terá melhoras significativas.
Entretanto, e se o médico, após fazer sua função, recomendasse algum tipo de medicação e orientasse o paciente a buscar um nutricionista que pudesse acompanhar especificamente a alimentação do paciente e um bom orientador físico que pudesse prescrever atividades físicas as quais teriam efetivamente eficácia na melhora de seu quadro, com certeza os resultados trabalhados em um conjunto multidisciplinar seriam mais precisos e mais vantajosos ao paciente. E é justamente essa consciência que falta a muitos profissionais qualificados.
Dica bônus: Vídeo Fatos Curiosos sobre Educadores Físicos
Em nosso canal do Youtube, o gravou um vídeo breve sobre alguns fatos relacionados aos educadores físicos. Assista e veja o que ele tem a dizer:
Conclusão:
Seguindo princípios lógicos, o corpo humano requer um trabalho interdisciplinar o qual possa precisar, em diferentes áreas, todos os aspectos os quais regem seu corpo e mente a fim de otimizar ao máximo seus resultados.
Diferentemente do que se tinha antigamente, o trabalho com um único profissional em um quadro geral é muito difícil e irrelevante quando o assunto são os máximos de resultados, sejam eles relacionados à performance, saúde ou melhoras em geral no corpo e mente, também.
Lembre-se: O corpo humano é e requer uma precisão completa, por isso o ideal é um trabalho completo com profissionais completos.