Conheça 10 motivos para não fazer a dieta metabólica

Tempo de Leitura: 8 minutos

A dieta metabólica tem sido uma das maiores cogitações dietéticas dos últimos anos. Esta, trata-se de uma dieta projetada pelo tão famoso Robert Atkins (EUA) em meados dos anos 70, na qual a restrição dos carboidratos por alguns períodos é monstruosamente grande, aumentando então o consumo de lipídios e, claro proteínas.

dieta metabólica

O principal intuito desta é basicamente perder gordura. Todavia, em alguns casos, alguns usuários relatam que o ganho muscular é possível. Mas será que vale a pena fazer a dieta metabólica?

Saiba 10 motivos que mostram que ela está longe de ser uma dieta ideal.

1 – O corpo funciona preferencialmente com glicose

Durante a evolução do homem, o corpo e o metabolismo humano passou a adquirir aparelho próprio e específico para consumo e utilização da glicose como fonte de energia. Assim, este é o combustível preferencial do corpo.
Todavia, a glicose é o monômero mínimo de qualquer cadeia de carboidratos. E é justamente ela que é digerida, após algumas quebras e reações enzimáticas no trato gastrointestinal.

A dieta metabólica, por sua vez, não consiste em ingerir esse nutriente, com o intuito que forçar o corpo a utilizar a gordura e os ácidos graxos como fonte energética. E, de fato o corpo faz isto. Mas ao mesmo tempo, consome músculos (ou desvia as proteínas para a via glicolítica), afim de transformar os tais ácidos graxos em Acetil-CoA e dar continuidade ao processo do ciclo de Krebs.

Ok, isso seria vantagem se o corpo não demorasse aproximadamente 35 minutos para transformar gordura em energia livre e apenas 7 segundos para transformar a musculatura em energia livre. Será que realmente vale a pena ter uma queda metabólica tão grande ao perder musculatura? Certamente, se você não quer passar de “gordinho forte” para “gordinho frango”, a resposta é NÃO!

2 – Aumento brusco de colesterol

Ok, todos sabemos que o colesterol é parte importante do metabolismo humano. É o colesterol que ajuda na viscosidade da membrana plasmática, é o colesterol a matéria prima para os hormônios esteroides e muitas outras funções. Mas é justamente o colesterol consumido em excesso um dos grandes vilões para a saúde.

Veja: O colesterol é um esterol encontrado em derivados de animais, tais quais carnes, ovos, embutidos etc. Logo, ele não é encontrado em vegetais (sendo nesse tipo de alimento encontrado apenas fitoesteroides).

alimentos-anticolesterol

Todavia, o colesterol é uma substância apolar (quando não está em forma livre com uma de suas pontas contendo OH-), ou seja, não é solúvel em água.

Isso prejudica bruscamente sua eliminação pelo corpo. Desta forma, os depósitos nas artérias (principalmente de grosso calibre) são mais evidenciados, causando diversos problemas cardiovasculares por obstrução arterial, principalmente.

Veja :  Dicas para ganhar músculos com jejum intermitente

A dieta metabólica, de Atkins ou seja lá o que for, propõe que os níveis de derivados de animais sejam aumentados de maneira grande e, juntamente com mais fontes lipídicas. Sabendo que o corpo produz (na verdade, o fígado) cerca de 600-800mg de colesterol por dia e, uma pessoa normal ingere cerca de 300-600mg de colesterol por dia, o resultado então, de consumir 4-6X mais derivados de animais, você já deve imaginar, não é mesmo…?

Muitas pessoas costumam usar este tipo de dieta, a maioria sem o auxilio de um nutricionista! Veja o perigo que este tipo de dieta pode te trazer futuramente!

3 – Efeitos endócrinos e exócrinos – ATENÇÃO À PROLACTINA

A restrição de carboidratos na dieta metabólica causa, ou melhor, não causa grandes efeitos endócrinos e exócrinos interessantes não só para a hipertrofia muscular, mas para o anticatabolismo também. Um desses fatores pode ser considerado a liberação de insulina em picos no pós-treino, a fim de causar melhor retenção nitrogênica, oprimir o cortisol e o glucagon que são altamente catabólicos e muitos outros.

Além disso, os carboidratos fazem com que níveis de serotonina e outros hormônios sejam estáveis, evitando mau-humor, forme excessiva e outros sintomas psíquicos-físicos.

Agora, lembra-se da PROLACTINA? Esse é o hormônio responsável pela produção de leite. E, não é por acaso que ele INIBE a testosterona. Mas, sabe quem é o principal agente controlador da prolactina? AS PROTEÍNAS! Isso mesmo! Assim, não adianta literalmente descambar em proteínas achando que simplesmente por serem fontes de colesterol, podem aumentar a testosterona. Aliás, isso pode ocasionar um efeito totalmente inverso do esperado, como já dito.

4 – Sobrecarga renal e hepática

Proteína tem como um de seus metabólitos finais, a tão tóxica NH3, vulgo amônia. Esta substância é produzida pela degradação proteica e, por não ser totalmente solúvel em água, é convertida em ácido úrico e, posteriormente em ureia para assim ser eliminada pelo sistema excretor. Todavia, para que isso possa acontecer, os rins necessitam trabalhar de forma efetiva e, claro, utilizar certa quantidade de água.

Se, proteína em excesso numa dieta normal, já não é totalmente indicada, principalmente para não praticantes de atividade física intensa, ou atletas, o que você pensa que irá acontecer com seus rins em uma dieta APENAS de proteína?

Já o fígado, é talvez o maior responsável por liberar lípases a fim de quebrar as moléculas de lipídios. Sendo assim, em uma dieta rica deste macro-nutriente, teremos um maior trabalho do mesmo e, consequentemente, sobrecarga.

5 – Glicogênese, glicólise e insulina

Tudo bem… Você deve imaginar que restringindo os carboidratos, a tendência é unicamente utilizar o tecido adiposo como fonte energética e assim, não teremos pico de insulina que é um grande responsável pelo armazenamento de gordura nos adipócitos, não é mesmo? Tudo bem, mas devemos ter ciência que o músculo armazena glicogênio para si mesmo (sua própria utilização) e o fígado é o fornecedor de glicose (ou glicogênio) para as demais células do corpo.

Veja :  Dietas para Mulheres (60kg)

Assim, o fígado não ficará totalmente sem glicogênio. O glicogênio ali presente irá certamente ser desviado para a via glicolítica e, para que a glicose entre nas células pelo GLUT4, quem será mesmo o responsável em fornecer energia…? A insulina, claro!

Assim, de quaisquer formas, a insulina estará presente. Todavia, não em picos. Mas, mesmo assim, devemos lembrar que os picos de insulina podem ser evitados consumindo carboidratos de baixo índice glicêmico e/ou, claro, consumindo-os nas quantidades adequadas.

Lembre-se também que proteínas como a L-Leucina, por exemplo, comprovadamente estimulam a secreção de insulina no corpo. Fuja, fuja e a resposta será a mesma: A insulina estará ali!

6 – O que emagrece é a restrição calórica, não a restrição de um único macro-nutriente

Pode até parecer aquela velha história de que comer a noite engorda mais do que comer durante o dia… Na verdade, a restrição de carboidratos e não de calorias é um mito tão grande quanto.

Hoje, sabe-se que a real responsável pela perda de peso ou pelo acúmulo do mesmo, é a caloria, ou seja, unidade de energia fornecida ao corpo. Sendo assim, parece-nos óbvio que comer mais do que se gasta é sinônimo de ganhar peso e comer menos do que se gasta é sinônimo de perder peso.

Logo, a restrição calórica adequada é a grande chave para o sucesso! E para isso, é necessário um equilíbrio dos macro-nutrientes atendendo as necessidades e objetivos do indivíduo. O que te faz acreditar que 1g de carboidrato engorde mais do que 1g de proteína, uma vez que ambos possuem 4 Kcal/g?

7 – Efeito rebote

O corpo humano realmente é muito inteligente e, por mais que muitas vezes o subestimemos, ele sabe o que está fazendo. E não seria diferente com uma restrição a carboidratos.

Veja: Seu corpo é adaptado para trabalhar com glicose e, assim, em sua falta (principalmente por questões que o cérebro funciona unicamente com glicose) a tendência será armazenar energia o mais rápido possível, pois, o corpo ente que a carência pode trazer algum dando ou prejuízo. Ok, então, comecemos a dizer que o metabolismo torna-se um tanto quando mais lento para realizar essa função.

Mas, como se não fosse suficiente, qualquer estímulo de glicose, será rapidamente transformado em estoque (o que não for utilizado, claro), porém, com uma velocidade muito maior e muito mais eficaz. Logo, o sujeito realmente perde 1, 2 ou 10kg no primeiro mês (grande parte por conta da água, afinal, a proporção de ligação de 1g de glicogênio, faz-se com 3g de água).

O grande problema é que ao voltar a uma dieta (mesmo que equilibrada) a tendência seja reter muita água e, principalmente ganhar peso muito rapidamente. Então, porque não tentar uma reeducação alimentar coerente?

8 – Músculo também se volumiza com glicogênio

musculo

Quando comemos carboidratos, o corpo os utiliza para conversão em energia livre e, claro, armazenamento em forma de glicogênio e, quando em excesso, em forma de tecido adiposo. O glicogênio garante as reservas energéticas de curto prazo do corpo, enquanto o tecido adiposo, as de longo prazo.

Veja :  Conheça as Piores Fontes de Carboidratos para Inserir na Dieta!

Como sabemos, o músculo é composto por proteína e água. Então, seria lógico que músculo poderia ser formado se ingeríssemos apenas estes dois grupos. Ok, não é assim que acontece!

Músculo necessita da retenção e da presença de outros nutrientes extremamente importantes, como o glicogênio. Na verdade, ele é o grande responsável pelo tamanho do músculo, sendo o músculo responsável apenas por armazená-lo para seu consumo.

Quanto mais glicogênio o músculo puder armazenar para satisfazer suas necessidades, maior significa seu tamanho. E… Como aprendemos, glicogênio vem de onde mesmo?

9 – Rendimento no treino

Será mesmo que proteínas e lipídios são responsáveis por um aumento de performance no treino? Certamente não!

Bem, podemos citar, por exemplo, o grande mito do MCT (fácil digestão e absorção), no qual comprovadamente, mesmo fornecendo energia em kcal ao corpo, não expressa benefícios no desempenho atlético.

Quem dirá então os outros lipídios. Mesmo fornecendo mais do que o dobro de energia por grama do que carboidratos, os lipídios não possuem boas vias metabólicas para essa finalidade em nosso corpo, fazendo com que seu uso não seja extremamente eficaz.

Gordura, na verdade, é armazenada como energia pelas características moleculares mais estáveis do que quando comparada ao glicogênio, seja muscular ou hepático.

Proteína então, muito menos servirá como energia, pois suas vias metabólicas para energia em si são extremamente complexas e resultam em compostos prejudiciais como a já citada amônia.

Aliás, alguém já viu algum fisiculturista de elite restringir carboidratos antes do treino? Certamente não, pois eles são os reais geradores de energia.

O ideal é que sejam consumidos carboidratos coerentemente, afim de aumentar a o desempenho com os pesos.

10 – Restrição de micro-nutrientes

Além, é claro, de restringir o macro-nutriente carboidratos, acabamos, quando fazemos a DM, restringindo alguns micro-nutrientes extremamente importantes como o potássio e o cálcio.

Estes íons, por exemplo, participam de maneira importante e eficaz na contração muscular, na medida em que para a despolarização do neurônio (no caso do A-M-Neurônio) que participa da sinapse, necessitará que íons de potássio sejam carreados para dentro da célula.

Assim como o cálcio, grande responsável pela ligação com a troponina (que encontra-se com a tropomiosina) fazendo assim com que o sítio de ligação da actina fique exposto, afim de permitir o acoplamento da cabeça de miosina na mesmas. ATPs são quebrados e aí está a contração muscular.

Mas, onde mesmo encontramos fontes eficazes de cálcio? Em derivados de leite, também proibidos na dieta metabólica.

Aliás, devemos saber que este não é o principal problema, pois, o íon é tão importante que o corpo consegue ter armazenamento do mesmo… Aonde mesmo? Nos ossos!! E para que esse cálcio seja utilizado, é necessário a liberação de um hormônio chamado paratormônio, produzido pela paratireóide que, simplesmente, descalcifica (ou retira íons de cálcio) dos ossos… O resultado, não precisa nem ser comentado, não é mesmo?

Por fim, quero dizer que dieta significa hábito. Fazer dieta é ser equilibrado e não simplesmente optar por não comer mais isso ou aquilo. Seu hábito necessariamente é bom? Não! Pois bem, fazer dieta vai além do que ter “qualquer hábito”, mas sim, ter o hábito correto. Por isso, fuja dessas balelas e milagres de dietas.