Conheça alguns mitos sobre carnes e derivados

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Entre os alimentos mais típicos da dieta de um praticante de musculação é a carne, seja ela branca, vermelha ou suína. Isso se deve ao fato de que as carnes são grandes fontes de proteínas de altíssimo valor biológico, que possuem não só uma gama completa de todos os aminoácidos (em alta quantidade) e apresenta uma configuração a qual é bem aceita pelo corpo em seus processos digestórios. Dessa forma, como bem se sabe, as proteínas são derivadas de aminoácidos os quais são matéria prima para a construção dos inúmeros tecidos e estruturas no corpo humano, inclusive o muscular, fazendo com que seu consumo seja indispensável para a vida. Além disso, é através das proteínas que tem-se uma recuperação melhor, um aumento de desempenho físico, entre outros aspectos relacionados com a prática de atividades físicas.

Entretanto, muitos são os mitos que ainda envolvem as carnes e seus derivados. Mitos esses os quais não trataremos do metabolismo nem tampouco da interação das mesmas para com o corpo, mas sim, de mitos das próprias carnes em si, ou seja, de sua estrutura física, ajudando-o a escolher melhor o produto que irá comprar e assim fazendo com que você alcance de melhor maneira bons resultados e, claro, o seus objetivos.

1- O consumo diária de carnes elevará os níveis séricos de colesterol e prejudicarão à saúde?

A verdade é que quaisquer tipos de carnes possuem níveis e colesterol, sendo que quanto mais ricas em lipídios saturados, então, mais rica é a sua porção de colesterol. E não é a toa que carnes como a de porco gorda ou mesmo as vermelhas possuem mais colesterol do que cortes magros de carnes brancas como o peito de peru e o peito de frango ou mesmo os peixes, em especial os brancos como a tilápia, o bacalhau e a merluza.

Porém, esses níveis de colesterol os quais são presentes nas carnes podem representar uma faca de dois gumes. A primeira parte é que esse colesterol é benéfico ao corpo, pois ele é matéria prima para a produção de testosterona, alguns outros hormônios esteroides, líquido biliar, entre outras estruturas de membrana nas células etc. O segundo lado ruim é que em níveis elevados podem gerar problemas cardiovasculares, como a aterosclerose e elevação sérica nos níveis de LDL, colesterol total, etc.

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A boa notícia é que, os níveis de LDL e colesterol séricos costumam apenas ser aumentados em pessoas previamente com esses problemas e não em indivíduos sadios. Além disso, costumam ser aumentados em pessoas que não possuem uma demanda relacionada com o consumo, ou seja, as quais não utilizam a quantidade de colesterol ingeridas.

Portanto, não há grandes malefícios em indivíduos sadios no consumo de carnes, de maneira curta e resumida, porém, indivíduos com algum problema cardiovascular podem optar por carnes brancas magras e peixes.

2- Carnes bovinas: Quanto mais vermelhas, melhores?

Quando olhamos a prateleira de um supermercado ou mesmo de um açougue, costumamos observar carnes com aspecto mais ”sangrento” e avermelhado, bem como carnes mais escuras e/ou que chegam a ter uma aparência de “carne crua queimada” (o que não quer dizer que elas estejam estragadas). Isso se deve ao frescor da carne, o encoste de um pedaço de carne em outro (o que causa o escurecimento enzimático). Outro fator ainda que pode causar o escurecimento enzimático de uma carne pode ser a lâmina da faca a ser utilizada na peça e/ou a temperatura de armazenamento após o corte. Além disso, o tempo passado faz a quantidade de hemoglobina nas carnes diminui, assim perdendo esse importantíssimo composto que é rico em cianocobalamina, rico em ferro e oxigênio. Essa hemoglobina diminui, pois obviamente o restante de oxigênio após o abate acaba de ser consumido pouco a pouco… Porém, isso não quer dizer que em carnes mais escuras também não há (porém, em menor quantidade).

Desta forma, procure sempre optar pelas carnes mais avermelhadas, ou mesmo que possuem um pouco de sangue no fundo. Elas apresentarão um frescor maior e também uma boa quantidade dos nutrientes já citados.

3- Carne apenas uma vez por dia é o ideal para quem está em offseason?

Muitas pessoas, principalmente as que seguem algum tipo de protocolo dietético do passado costumam utilizar a carne vermelha apenas uma vez por dia, sendo portanto adeptos a utilizar carnes brancas, em especial o frango em todas as outras refeições, com exceção do pós-treino imediato, que normalmente é um shake de protéinas e/ou carboidratos de fácil digestão.

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Entretanto, hoje, sabe-se a importância que a carne vermelha exerce no praticante de musculação, tanto em offseason quanto em pre-contest.

Costuma-se dizer que o consumo de carne vermelha deve ser o mais abundante possível e até mais do que o frango em offseaosn. Pelo seu teor de gordura e pelo teor de micronutrientes relacionados com a síntese energética do corpo (em especial, as vitaminas do complexo B e o Ferro Heme), a carne vermelha pode ser consumida ao menos duas a três vezes por dia, levando em conta um indivíduo que faça entre seis e sete refeições diárias.

Além disso, a carne vermelha é grande fonte de colostro bovino, que auxiliará na síntese de GH e fonte de creatina, a qual conhecemos de cor e salteado suas funções e sabemos de seus benefícios para o esportista.

Muitos questionarão o valor da dieta, que tenderá a ser mais alto. Porém, vale sempre consultar diferentes fornecimentos de carne, pois os preços podem variar muito (bem como a qualidade também). Certamente, fazendo boas pesquisas e escolhas, o custo da dieta não irá se elevar de forma tão significativa, mas os ganhos, certamente sim.

4- Não é conveniente misturar dois tipos de carnes em uma mesma refeição?

Um grande erro que muitos consideram é a mistura de dois tipos de carnes em uma mesma refeição. A realidade é que isso não é um erro, nem um acerto, mas uma forma de variar a disponibilidade e o aminograma em uma refeição. Obviamente, não há uma comprovação que a mistura vá ser conveniente, mas também não há o porque dizer que não apresentará benefícios.

Imagine, por exemplo, quando misturamos o whey protein com a caseína: temos um PDCAA altíssimo de duas proteínas e alto valor biológico. Da mesma forma, não podemos dizer que o consumo só de whey protein ou só de caseína seja melhor ou pior.

Da mesma forma, podemos propor misturas de carnes numa refeição, por exemplo, a carne vermelha com o frango, o frango com algum tipo de peixe gordo (como o salmão, o atum fresco etc), dois tipos de peixe (principalmente em culinária japonesa) como os famosos sashimis de salmão ou atum e de peixe branco (seja a anchova negra, ou a popular tilápia), podemos imaginar a mistura de carne de porco com carne de frango e assim por diante.

Procure apenas não mesclar mais do que dois tipos de proteínas para que também não haja algum tipo de interferência proteica nem para que seu trato gastrointestinal seja sobrecarregado de alguma forma.

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5- As carnes são as melhores fontes de creatina disponíveis?

As carnes possuem, entre seus diferentes nutrientes, a creatina? Sim e em teores que dependem do tipo de carne o qual estamos falando. Por exemplo, a sardinha de arenque ou mesmo a carne de porco possuem mais creatina do que carnes como a do frango ou do peru. Entre uma média dessas carnes estão as carnes bovinas, se estivermos mesmo falando de ingestão de creatina, devemos considerar o consumo de miúdos como rins, fígado e coração.

Apesar de realmente existir creatina nas carnes, devemos saber que elas não são as melhores fontes. Verdade seja dita que enquanto não havia a suplementação com creatina, as carnes realmente eram as melhores fontes, visto que há até mesmo relatos de atletas que se sentiam mais “inchados” ou “fortes” após comerem alguma quantidade de carnes vermelhas (em especial os miúdos).

Entretanto, a suplementação com a creatina vem demonstrando cada vez mais eficiência e eficácia. Em primeiro lugar, a eficiência demonstra-se pela ingestão da mesma sem quantidades exorbitantes de alimentos. Por exemplo, há necessidade de mais de 1kg de carne bovina vermelha para o fornecimento de míseros 3g de creatina enquanto em um suplemento de creatina monoidratada, consegue-se quase o dobro dessa quantidade com uma colher de chá. Além disso, sua eficácia é melhor, pois não haverão outros nutrientes interagindo no trato gastrointestinal, favorecendo portanto sua absorção e sua utilização também.

Assim, por mais conveniente que seja o consumo de carnes vermelhas, elas estão longe de serem ingeridas com a justificativa do fornecimento de creatina.

6- Carnes vermelhas mal passadas fazem mal?

Na realidade, o problema com as carnes vermelhas não está no fato de serem ou não bem passadas, mas se estão ou não contaminadas e, por não termos certeza disso, recomenda-se o cozimento adequado das mesmas. Logicamente, essa regra não se aplica a frangos, que necessitam SEMPRE de boa cocção pela presença de salmonela ou mesmo a carne de porco, que pode conter a famosa Cysticercus celulosae, que causa a cistercose suína.

As carnes vermelhas podem tranquilamente serem consumidas mal passadas, desde que se tenha devida procedência das mesmas. Porém, a segurança não é 100%, apesar de que, nutricionalmente falando, elas estão em ótima qualidade quando mal passadas, pela preservação de vitaminas, minerais e do ferro, presente no sangue da mesma.

Então, não levemos como regra de que as carnes mal passadas necessariamente são ruins.

Conclusão:

Muitos são os mitos e também as dúvidas sobre carnes e derivados. Portanto, é essencial conhecer alguns principais fatores a fim de obter uma alimentação mais segura, precisa e que possa atender adequadamente os seus objetivos, bem como suas necessidades nutricionais individuais.

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