Conheça 3 motivos para questionar as “receitas fit”

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Ultimamente, um dos maiores modismos do mundo fitness são as chamadas “receitas fit”, que consistem em adaptações de receitas tradicionais direcionadas aos praticantes de atividades físicas, como a musculação, visando modificá-la a fim de torná-la com adição de propriedades funcionais, um menor número de calorias, melhores valores nutricionais em geral, entre outros aspectos.

Obviamente, essas receitas foram criadas com o intuito de permitir que as pessoas “fujam da dieta” sem fugir da dieta. Pegando grande parte das pessoas que fazem dieta por obrigação e apenas para conquistar um objetivo, essas receitas viraram sucesso, pois com ela pode-se comer bolo de whey, brigadeiro de proteínas e inúmeros outros pratos que uma dieta convencional não te permitem.

Disseminadas em redes sociais, essas receitas são cada vez mais consumidas e cada vez mais recebem um holofote que talvez não tenham tanto merecimento. Isso porque, alguns pontos dessas receitas são altamente questionáveis  fazem com que perguntemos a nós mesmos: Elas realmente são efetivamente funcionais? Em quais pontos elas possuem vantagens, e será que essas vantagens são realmente superiores aos malefícios que podem causar? Até que ponto vale querer “fugir da dieta” estando dentro da dieta? Serão alguns pontos os quais questionaremos a seguir.

1- Produção de AGEs e EROs

Grande parte das “receitas Fit” constituem de alimentos doce, que realmente são a maior perdição da maioria das pessoas. Desta forma, essas receitas incluem bolos, panquecas, tortas, brigadeiros, pudins etc. Assim, a maioria destas produções sofre processos de coçação, seja no fogo, no forno ou mesmo em altas temperaturas por meio de outros equipamentos diversos.

A maioria das receitas, em troca de ingredientes como o leite e o chocolate, utilizam proteínas em pó como o whey protein ou a caseína. E essas proteínas em pó também sofrem esse elevado aquecimento. A grosso modo, isso não causa alterações no aproveitamento proteico, pois estamos desnaturando a proteína, mas lembre-se que o corpo absorve AMINOÁCIDOS e não proteínas. Assim como carnes, ovos e outros alimentos proteicos que sofrem desnaturação, o whey protein ou a caseína NÃO perderão sua efetividade no fornecimento proteico.

Porém, há dois itens a serem observados: O primeiro deles é a perda do aminoácido cisteína, o que não é algo tão grave, visto que outros alimentos nos suprem do aminoácido em questão. Porém, o segundo deles é muito relevante: A produção de AGEs e de EROs. AGEs é a sigla do inglês Advanced Glycation End-products, que significa produtos finais de glicação avançada. Esses são compostos geralmente entre um carboidrato e uma proteína para a obtenção da caramelização em alguns alimentos. Esses produtos de glicação são responsáveis pela maior chance do desenvolvimento de problemas cardiovasculares, problemas de neuropatia, problemas de nefropatia e um alto nível oxidativo no corpo, entre outros. Em especial, esses produtos oxidativos, ou Espécies Reativas de Oxigênio (EROs), são responsáveis por altos danos celulares e até pela morte celular, demonstrando um poder incrível de destruição. Apesar de acrescentar sabor em um alimento (por exemplo, aquele pão moreninho ou aquele frango com a pele tostadinha), eles são altamente prejudiciais. Algumas fontes sugerem que o consumo excessivo de alimentos com essas características pode auxiliar no desenvolvimento de câncer, por exemplo.

Parece um pouco confuso tudo isso, mas o que se pode dizer é que levar o whey protein ou a caseína à altas temperaturas NÃO é algo vantajoso, e assim tornamos essas receitas que deveriam ser “funcionais”, na realidade, uma bomba de “infuncionalidade”.

2- Nem sempre essas receitas são “fit”

Quando falamos em receitas fit, logo imaginamos que elas tratam de alimentos com menores teores de calorias. Essa é uma de suas intenções, mas muitas receitas não atendem a esse quesito.

Acontece que as receitas fit levam alimentos de alta densidade energética (como sementes, oleaginosas, farinhas, gorduras e etc). Trocando em miúdos, muitas vezes estamos consumindo alimentos com a mesma quantidade de calorias, as vezes até mesmo em quantidade superiores de calorias do que os alimentos em sua versão tradicional. Em uma analogia, é a mesma coisa daquelas pessoas que pensam que alimentos integrais não engordam… Logo, passam a trocar suas 10 fatias de pão pela manhã por outras 10 fatias de pão integral (que muitas vezes ainda é mais calórico pelo teor de lipídios da farinha integral).

Além disso, consideremos que receitas fit podem ser maravilhosas no sabor, mas JAMAIS SE COMPARAM COM AS VERSÕES TRADICIONAIS. Muitas vezes elas até se parecem com o verdadeiro, mas definitivamente não são. Então, muitas vezes é mais vantajoso em um dia da semana comer algo que goste, mas comer aquele algo DE VERDADE. Isso será bom pra mente e não trará malefícios algum para o seu corpo, desde que esteja em dieta nos outros dias.

3- Receitas fit tem um alto custo monetário

Falar de receitas fit sem falar dos mil e um ingredientes funcionais que elas requerem, certamente é dar um tiro sem alvo. Muitos sugerem tanto essas receitas, mas na prática não enxergam que elas são infuncionais para a maioria das pessoas, ainda mais na atual situação financeira do brasileiro de uma maneira geral.

Obviamente, investir em uma boa alimentação hoje não é luxo, mas é essencialmente uma necessidade. Entretanto, há uma grande diferença entre investir em alimentos de qualidade, saudáveis e investir em alimentos supérfluos e com propriedades nutricionais duvidosas. Quer um exemplo? O Salmão é rico em ômega-3. Mas, a sardinha tem tanto ou mais ômega-3 do que o salmão e custa um terço do valor. Resumidamente, a propaganda fica em cima do salmão, afinal ele traz mais lucros e é mais glamuroso. Por com menos dinheiro é possível comprar um outro alimento da mesma categoria com mais funcionalidade.

Quando falamos em receitas fit, falamos em diversos ingredientes e suplementos que não são nem um pouco baratos no Brasil. Por isso as vezes fazer este tipo de receita é muito mais caro do que comer de maneira tradicional e usar os suplementos de maneiras tradicionais. Com esse valor elevado e com o glamour que estas receitas possuem, muitas pessoas passam a deixar de lado alguns alimentos e preparações tradicionais, para que possam fazer essas receitas e ai é que mora o grande perigoso, deixar de comer o que tem comprovação para comer o que tem melhor sabor.

Certamente, para quem tem uma boa condição financeira, não é ruim investir em um ou outro alimento funcional. Portanto, preocupe em alimentar-se bem na maior parte do tempo e a funcionalidade dessas receitas será um detalhe insignificante.

Conclusão:

Nos últimos anos, muito tem se falado sobre receitas fit. Porém, essas receitas que propõe qualidades funcionais extremamente altas são questionáveis em alguns pontos e precisam ser bem aplicadas, como em algumas situações necessárias e não se tornando parte do cardápio de uma dieta.

Não estamos dizendo para que ninguém consuma as receitas fit, não é isso, mas é para questionar e ver se realmente vale a pena o seu consumo ou se o está fazendo apenas pela moda onde todos os artistas estão consumindo.

Portanto, tenha um equilíbrio dietético sempre e valorize uma alimentação saudável na maior parte do tempo. Esporadicamente, coma o que sente desejo, a fim de causar um impacto benéfico na mente e para auxiliá-lo a manter-se motivado na dieta.

E então, vai optar pelo saudável ou pelo glamuroso?

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