O mundo da musculação foi criado através da prática e não da ciência. Apesar de evidentemente importante, somente depois a ciência passou a, de fato auxiliar na elaboração de meios os quais pudessem otimizar a nutrição, a suplementação e, claro, os exercícios físicos para que, portanto, os indivíduos pudessem ter resultados cada vez mais satisfatórios. Como costuma-se dizer: “A ciência estuda o bodybuilder”.
Diante desse hábito, muitas foram as tentativas e, claro, erros também. Aliás, há de se dizer que, mesmo após a entrada da ciência no mundo da musculação, muitos ainda são os protocolos baseados em tentativas e erros.
Além disso, considera-se que a individualidade fisio biológica seja um fato determinante para isso.
Sendo assim, não seria incomum que muitos mitos passassem a existir e, portanto, não somente ficassem em suas épocas, mas, perdurassem até os dias de hoje.
Muitas vezes, quando se ouve falar em algo, deve-se procurar entender melhor a que se diz e ver o que realmente há de verdade nisso. Porém, nem sempre isso é feito e, quando é, normalmente não envolve lá meios muito confiáveis.
Acreditar nesses mitos e mentiras, na realidade, pode prejudicar não somente os seus resultados físicos, que seriam motivos suficientes para querer fugir deles, mas ainda, pode vir a prejudicar a sua saúde e sua integridade física.
Portanto, hoje conheceremos algumas das dez principais mentiras que já contaram para você a respeito do mundo da musculação e, com isso, claramente poderemos ficar longe delas, otimizando de uma maneira geral a prática da musculação e de tudo que a tange. Vamos lá?
1 – Você precisa de esteróides anabolizantes para obter boa performance e para conseguir resultados satisfatórios
Os ergogênicos hormonais são usados para o aumento de performance desde a década de 50, aproximadamente. Entretanto, depois dos anos 70 é que eles foram realmente difundidos de maneira assustadora.
De uma forma ou de outra, não é possível dizer que eles não aumentem a performance física e/ou causem modificações corpóreas notáveis.
Isso porque, como derivados da testosterona e de moléculas próximas a ela, eles possuem capacidades de otimizações as quais o corpo faz naturalmente, mas, não em quantidades tão grandes.
Porém, dizer que não seja possível obter resultados satisfatórios sem o uso de ergogênicos é desconsiderar todos os outros fatores os quais envolvem a prática da musculação, incluindo a dieta, o treinamento, o descanso e, claro, a disciplina também.
Os ergogênicos hormonais, apesar de otimizarem resultados, não são indicados para que sejam usados como otimizadores de performance ou físicos.
Eles possuem efeitos colaterais os quais fazem com que seu uso seja questionável e, apesar de não existirem estudos relevantes os quais possam propor usos relativamente menos prejudiciais, sabe-se que quaisquer quantidades dessas substâncias podem acarretar prejuízos ao corpo e também à mente.
A realidade é que, iludidas com a indústria e, principalmente, sempre querendo as coisas cada vez mais rápidas e mais fáceis, a maioria das pessoas deixam-se levar por essa onda, sem perceber o quanto podem prejudicar a si mesmas.
Boa parte delas, para não dizer todas as quais não buscam a competição como objetivo, conseguem, claro, a longo prazo, obter os resultados os quais desejam…
Quantas e quantas vezes não vi alguém com objetivos tão simplórios querendo fazer uso desses produtos e, pessoas essas cada vez mais novas.
Hoje, os ergogênicos são olhados como “brinquedos inocentes” quando, na verdade, podem se tornar armas autodestrutivas.
Portanto, otimize sua forma de alimentação, de treinamento e, otimize seu descanso. Balanceando esses itens, certamente seus resultados serão tão bons quanto com o uso de ergogênicos e, sem causar efeitos colaterais, além de serem muito mais duradouros e sólidos.
2 – Você precisa comer muito para crescer
O que é “comer muito” para você? Se você for alguém que está um pouco acima do peso, com certeza pensará que, “comer muito” é algo que supere o que você come normalmente, e se você for alguém que está mirrado e abaixo do peso, pode pensar que comer muito é o que você come, mas, na realidade, quando paramos para observar bem, você está comendo feito um “passarinho”.
Sendo assim, você NÃO PRECISA comer muito para ganhar massa muscular, como muitos costumam acreditar. E, talvez mais do que isso, comer excessivamente só venha trazer prejuízos ao seu corpo e a sua saúde, influenciando, inclusive no ganho de gordura corpórea.
Para se ganhar massa muscular, precisa-se ter um saldo energético positivo, o que não resulta em “comer demasiadamente”, mas sim, comer um pouco mais do que você gasta, afinal, seu corpo precisa de energia para reconstruir os tecidos de maneira efetiva.
Atender suas necessidades nutricionais individuais pode requerer mais do que sair comendo feito um louco. Não é porque estamos em dieta hipercalórica que ela não deva, portanto, ser devidamente balanceada e você não precise focar em detalhes.
Quando mais detalhes você atender, após ter atendido o macro, então, melhores serão os resultados que você terá!
3 – A soja é uma proteína de baixo valor biológico
A soja é tida hoje como uma vilã para o praticante de musculação e mesmo para outras pessoas. A verdade é que nenhum alimento é ruim por completo, mas, há necessidade de saber como usá-lo, quando usá-lo e o quanto usá-lo para extrair seus benefícios e não sofrer seus possíveis prejuízos. Com a soja, não é diferente.
Apesar de muitos a considerarem uma proteína de baixo valor biológico, ela é uma proteína de alto valor biológico, pois, possui todos os aminoácidos essenciais e, essa é a definição para que uma proteína seja ou não de alto valor biológico.
Apesar de não ter uma biodisponibilidade como a proteína do leite ou mesmo do ovo e de carnes, a soja pode ser uma opção, especialmente para indivíduos vegetarianos e afins.
Estudos relatam que a soja é tão eficiente no ganho de massa muscular quanto de outras proteínas e, além disso, outros estudos ainda a mostram como eficiente no aumento de níveis de testosterona, por mecanismos ainda não bem entendidos.
Portanto, não creia que a soja seja tão ruim assim e, muito menos que ela seja uma proteína de baixo valor biológico. Consuma-a adequadamente, se necessário e, você não terá esses prejuízos que muitos costumam falar a respeito.
Lembre-se apenas de que, a maioria das pesquisas dizem respeito ao uso da soja isolada e não da proteínas texturizada de soja, a qual, não necessariamente necessita ser demonizada, mas, deve-se não exagerar em seu consumo.
4 – Você precisa realizar crucifixos como Arnold realizava
Muitas pessoas levam essa tendência de amplitude a sério demais ao ponto de ultrapassarem limites biomecânicos, deixando o corpo muito mais susceptível a lesões e afins.
Para que entendamos melhor, o peitoral tem a abertura de até aproximadamente 80º, sendo que em alguns casos pode chegar a quase 90º.
Entretanto, passando disso, a abertura não é feita mais pelo peitoral maior, mas, por músculos como o serrátil anterior.
Sendo assim, a ativação do peitoral maior não será maior se abrirmos excessivamente os braços e, inclusive, isso pode causar choques nas articulações dos ombros, gerando possíveis lesões agudas e/ou crônicas.
Ultrapassar um pouco a linha dos 180º deitado (plano horizontal) não irá causar grandes prejuízos para indivíduos sadios e, aliás, recrutará por ação secundária o peitoral menor, entretanto, sabe-se que ultrapassar demais essa linha não trará benefícios no recrutamento principal do movimento (exercício).
5 – A sua maior refeição tem de ser o “café da manhã”
Durante muitos anos, tanto na nutrição clássica, quanto na nutrição esportiva e mesmo no mundo esportivo de uma maneira geral, se acreditou e, até mesmo nos dias de hoje muitos acreditam que a principal refeição do dia seja o desjejum, quando, na realidade, esta é uma refeição importante, mas, não a principal.
Primeiramente, porque todas as refeições tem aspectos fisiológicos com iguais importâncias. É através de cada uma delas que geram-se sinalizações no corpo para que ele possa responder da forma a qual melhor nos convém.
Segundo porque, se estamos falando de composição energética, a refeição mais densa nesse aspecto deve ser o pré-treino bem como, o pós-treino.
O mesmo vale não somente para a quantidade de glicídios nelas adotadas, mas, para o saldo energético total da refeição também.
Você deve entender a primeira refeição como essencial sim, mas, não necessariamente fazer dela a base de sua dieta, salvo, claro, se essa for a sua refeição precedente ao treinamento ou estiver bastante próxima a ele ou ainda, caso ela seja a primeira refeição após ter treinado no período noturno do dia anterior.
Lembre-se de que é importante se alimentar pela manhã (especialmente com um bom consumo proteico) e que isso, segundo pesquisas, tem auxiliado no controle da glicemia, no controle da ingestão alimentar durante o dia entre outros aspectos.
Todavia, a composição e a densidade dela devem variar de acordo com as suas necessidades nutricionais individuais as quais devem seguir o momento o qual é realizado o seu treinamento.
6 – Você precisa ingerir muita água
Um dos mitos quando o assunto é a hidratação é que o indivíduo necessita ingerir quantidades muito grandes de água.
Logicamente, a ingestão de água de um praticante de atividades físicas é maior do que de alguém que não pratica e, ainda, pessoas que treinam/vivem em ambientes mais quentes e/ou abafados necessitam de mais água ainda, pelos níveis de desidratação causados pelo ambiente.
Entretanto, ingerir mais água não significa tomar água feito um louco (a)! Do contrário: Quando o assunto é hidratação, tão importante quanto a ingestão de água é a própria ingestão de eletrólitos, do contrário, simplesmente estaremos “lavando nosso corpo” e, eliminando altas quantidades de eletrólitos sem a devida reposição.
Os prejuízos são vários, variando entre os mais leves como a perca na potência muscular e o aumento da fadiga, além da redução no tamanho dos músculos, a moderados, como náuseas, vômitos e desconfortos gastrointestinais aos mais intensos, como desmaios, tonturas e até mesmo A MORTE!
Quando você bebe altas quantidades de água, dificilmente consegue repor os níveis de eletrólitos perdidos. O sódio, por exemplo, é um mineral muito facilmente eliminado e, com uma ingestão excessiva de água, ele é um dos primeiros a apresentar déficits, o que o prejudicará.
Não há um senso sobre o consumo exato que deva ser realizado de água, entretanto, sabe-se que uma ingestão média de 35ml por quilo corpóreo costumam ser suficientes, salvo sob casos específicos como os já mencionados.
7 – Você precisa de batata doce com frango para crescer
Um dos “combos” mais conhecidos entre os praticantes de musculação é justamente o frango, como principal fonte de proteínas e a batata doce, como principal fonte de carboidratos.
Apesar de boas fontes de macros e também de micronutrientes, esses alimentos não necessitam estar na sua dieta para que você cresça e, aliás, se o assunto é o ganho de massa muscular, talvez existam opções melhores.
Mas, se isso é verdade, por que ainda insistem em utilizar essa combinação? Primeiramente, pelo mito de que “carboidratos de baixo índice glicêmico são melhores”, sendo que, o conceito de índice glicêmico só é usado hoje em dia com indivíduos diabéticos.
Segundo, porque o frango é “uma fonte de proteínas de alto valor biológico com baixo teor de gordura”, sendo que, a gordura também é necessária ao corpo, seja no processo de ganho de massa muscular ou no processo de emagrecimento.
E em terceiro lugar, deve-se considerar que esse combo é relativamente barato e, isso é excelente, visto as más condições do brasileiro para se manter com alimentos mais caros.
Porém, não pense que esses são os alimentos ideais para o ganho de massa muscular. Além de existirem melhores opções, dieta deveria ser sinônimo de diversidade.
Quanto mais nutrientes conseguimos fornecer ao corpo, então, maiores serão os nossos ganhos e mais otimizada estará a nossa saúde.
Comece a incluir, portanto, alimentos como o arroz branco, a carne vermelha, peixes, castanhas, batata inglesa, macarrão entre outras coisas básicas em sua dieta.
Você verá a diferença que isso fará e o quanto você perdeu tempo se importando com a batata doce e o peito de frango!
8 – Você não pode utilizar temperos com sódio
Desde que descobriram que, de alguma forma o sódio é hiperosmótico e altas quantidades deste mineral poderiam gerar aumente da retenção hídrica, decidiram retirar o mesmo de diversos alimentos, especialmente em temperos e condimentos além de popularizar que o seu consumo seria prejudicial.
Apesar de sabermos que muitas pessoas estão em dietas hiper sódicas as quais são prejudiciais ao corpo e podem gerar problemas como a hipertensão arterial ou mesmo o aumento do peso e da água corpórea.
Temos de entender que não há necessidade em retirar o sódio da dieta, especialmente utilizando temperos sem sódio e afins.
Esses temperos tem sim aplicação, mas, para indivíduos os quais seja afetados por doenças específicas e não possam consumir boas quantidades de sódio na dieta.
Porém, para indivíduos saudáveis e especialmente para praticantes de musculação, excluir o sódio da dieta pode ser extremamente prejudicial, gerando problemas como a falta de densidade muscular, a queda na resistência e na potência muscular e ainda, um desbalanço de eletrólitos no corpo.
Não há nada mal (e você até deve) consumir TEMPEROS COM SÓDIO. Excluir esse importante mineral de sua alimentação mais trará prejuízos do que benefícios, acredite.
E isso, NÃO EVITARÁ A RETENÇÃO HÍDRICA, especialmente por quesitos relacionados com a liberação de ADH, o hormônio antidiurético.
9 – Você deve fazer aeróbios para reduzir a gordura corpórea
Outro mito muito popularizado na musculação é o da prática de exercícios aeróbios na perda de gordura. Evidentemente, eles podem ter aplicação, mas, não necessariamente você precisa deles para perder gordura, pois, esta é feita com um saldo energético negativo na dieta e/ou com uma devida manipulação dos macronutrientes nela presentes. Além, claro, de m devido trabalho resistido com pesos.
Fazer aeróbios excessivamente, inclusive, poderá gerar a liberação de hormônios altamente catabólicos como as catecolaminas.
Portanto, adeque seus aeróbios, SE NECESSÁRIO, mas, não baseie a redução da gordura corpórea neles.
10 – A musculação feminina deixa mulheres com aparência de homem
Outro grande mito é acreditar que a musculação pode deixar uma mulher com aparência masculina. Isso além de mito, é um grande mal popularizado, ainda mais sabendo hoje dos inúmeros benefícios trazidos pela prática de exercícios resistidos com pesos por elas.
Uma mulher somente tenderá a ter aparência masculina com a utilização de compostos hormonais androgênicos o que, certamente, a minoria faz.
Isso porque, as características hormonais naturais femininas não a farão conseguir desenvolver um físico masculino.
Portanto, preze por uma boa atividade física com pesos e, sem quaisquer tipos de medos dessa natureza. Para que você realmente aparente masculinidade, são necessários protocolos extremos e muito específicos.
Com boa orientação, você, certamente extrairá apenas benefícios e beleza da musculação.
Conclusão:
Hoje, conhecemos dez das principais mentiras envolvidas no mundo da musculação, a fim de desvendá-las e, principalmente, fazer com que você consiga obter melhores e mais precisos resultados na musculação com a fuga destes mitos.
Bons treinos!
hahaha eu sempre achava que tinha algumas mentiras em algumas coisas citadas , parabens pelo post bem esclarecedor