Apesar do “boom” da prática da musculação acontecer nos últimos anos e do começo das grandes pesquisas na área, muitas das histórias que se criaram no passado sobre o esporte, ainda não contadas até hoje, seja por pessoas que buscam denegrir o esporte ou por pessoas totalmente desinformadas dos avanços nesta prática. Histórias como: se comer carboidrato após as 18h vira gordura, mulher que treina demais parece homem, treino de pernas tem de ter muito volume e etc.
Essa inverdades, que podem ser consideradas bobagens, só tendem a interferir negativamente no esporte, uma vez que muitos acabam ficando receosos com essa prática e passam a aderir outras modalidades. Aqui no DDM (Dicas de Musculação) já escrevemos diversos artigos desmentindo histórias criadas pela falta de informação (https://dicasdemusculacao.org/conheca-3-mentiras-que-ainda-persistem-academias-de-musculacao/) e neste artigo iremos distinguir mais algumas delas a fim de objetivar conceitos e deixa-lo mais seguro sobre os benefícios que a musculação pode proporcionar para você.
Indice / Sumário
1- A musculação não pode ser aliada a outros esportes
Um dos maiores mitos é dizer que a musculação deixa um indivíduo incapaz de realizar outras modalidades físicas, uma vez que ela pode causar o aumento de peso (em massa muscular), pode causar diminuição na flexibilidade ou pode causar algum impacto físico no indivíduo.

Na realidade, a musculação não só pode , como deve estar presente com outras modalidades. Vejamos, por exemplo, a aplicabilidade no fortalecimento do corpo de jogadores de futebol, de basquete, de futebol americano, de Hugby, de tênis, entre outros. Muitos são os benefícios obtidos na prevenção de lesões, na potencialização das qualidades físicas, na correção de posturas, no aumento da força em geral, na redução da gordura corpórea, entre outros aspectos.
Logicamente, quando falamos da musculação aliada a outro esporte, consideramos a prática dela ALIADA e não como fator principal. Devemos distinguir nossos objetivos: alguém que quer um corpo próximo ao de um fisiculturista não pode praticar intensamente em níveis máximos, esportes como corrida, futebol ou outro qualquer dessa natureza justamente pela necessidade de um físico específico para elas e pelas necessidades do seu próprio corpo de acordo com o que ele deseja. Então, é importante sempre se saber o que quer para aliar o (os) melhor (es) protocolo (s) individuais.
2- A musculação não pode ser praticada por indivíduos menores do que 16 anos
Uma outra grade besteira é dizer que jovens e adolescentes não podem praticar musculação. Um dos principais argumentos é porque eles não possuem todas as sínfises consolidadas e as diáfises dos ossos. A realidade é que acabam então indo para práticas que podem ser consideradas muito mais prejudiciais e propensas a atrapalhar em seu desenvolvimento como o próprio futebol, a ginásticas olímpica ou esportes de alto impacto.
Há argumentos ainda sobre a interferência na produção hormonal, na parada de produção de hormônios pela hipófise etc.

A verdade é que COMPROVADAMENTE a musculação não só pode ser praticada por dadas idades como ela promove inúmeros benefícios e totalmente inversos ao que se achava que ela iria fazer. Assim, ela auxilia no crescimento, auxilia no fortalecimento muscular, tendinoso, articular, ósseo, auxilia na melhor produção hormonal, na manutenção do percentual de gordura corpórea, melhora as qualidades cardiovasculares, entre outros. Obviamente, devemos ter em mente que não é QUALQUER PRÁTICA da musculação que deva ser aderida por esses indivíduos. Eles necessitam de protocolos individuais e que atendam suas demandas e tenham uma sobrecarga proporcional, é claro. Além disso, o acompanhamento profissional é INDISPENSÁVEL (acompanhamento devidamente qualificado).
Devemos salientar um fator de extrema importância: por motivos como o fortalecimento muscular e o movimento correto, as chances de equilíbrios e correções posturais também podem ser observados. Claramente, esses não são fatores principais, mas que podem servir como coadjuvantes em outras práticas, como o Pillates ou o RPG.
É necessário ainda que os aspectos nutricionais sejam devidamente atendidos. Assim como quaisquer outros esportes, a musculação gera gastos e não tão somente durante a sua prática, mas nos momentos de recuperação. Portanto, é bastante interessante que haja um profissional de nutrição envolvido nesse processo.
Portanto, não tenha medo se um dia seu filho te pedir para praticar musculação. Busque apenas a orientação correta e adequada.
Leia mais: https://dicasdemusculacao.org/o-treinamento-de-musculacao-para-criancas-e-adolescentes-e-indicado/
3- A musculação feminina pode deixar mulheres com aspectos masculinos
Outra grande bobagem é achar que a musculação por si só pode interferir na aparência física de uma mulher no sentido de deixá-la com aspectos masculinos. A grande realidade é que mesmo estimulando maior produção natural de testosterona, seria insuficiente para fazê-las ficar com aparência masculina.
A musculação ainda não vai causar modificações corpóreas indesejáveis, não fará suas “costas ficarem largas”, seu “peitoral saltado” ou coisas do tipo… Há de se salientar que para uma mulher desenvolver um físico muitas vezes considerado com características masculinas, tais como músculos grandes e uma parte superior do corpo bastante evidentes, devem ser considerados os protocolos dietéticos específicos, os treinamentos específicos e os enfoques específicos.
A grande parte das mulheres que de fato começam a ter essas características utilizaram algum tipo de hormônio ou mesmo coisas similares. Portanto, fiquei longe desses “brinquedos”. Eles possuem outras finalidades.
Leia mais: https://dicasdemusculacao.org/se-uma-mulher-treinar-pesado-ira-ficar-com-corpo-de-homem/
4- Mulheres que treinam pernas uma vez na semana não possuem desenvolvimento nem resultados
Frequentemente quando oriento alguma menina ou mulher na prática física, vem o grande questionamento, hoje já clássico: “mas só vou treinar pernas uma vez na semana? Isso não será insuficiente”. Certamente, poderíamos discutir horas e horas, mas a resposta é que definitivamente NÃO, você não irá ter resultados ruins simplesmente por treinar pernas uma vez na semana. Aliás, desconheço quem realmente treine pernas com a máxima intensidade mais de uma vez na semana!
A grande verdade é que boa parte das pessoas que tem essa ideia, realizam um treino submáximo e se recuperam muito mais rapidamente até a nova sessão de treinamentos. Do contrário, um treinamento com intensidade máxima não permite isso.
O corpo, as pernas e a musculatura em geral necessitam de descanso. Aliás, o descanso é que é o real período anabólico do corpo, onde ele consegue se desenvolver. Do contrário, o treinamento em si é um dos períodos mais catabólicos. Treinar seguidamente, sem uma devida recuperação é justamente cair nesse platô, acabar em estagnação, em treinos cada vez mais submáximos e cair em regresso.
É no descanso que ocorrerá as sínteses proteicas, que efetivamente fará o músculo crescer, isso sem contar a síntese de glicogênio. Se você realmente quer resultados, considere descansar um pouco mais. Nem sempre o excesso de treinamento é o melhor caminho a ser seguido ou aquele que irá te levar ao sucesso. O menos, muitas vezes representa o mais e a obtenção de êxitos cada vez maiores.
Leia mais: https://dicasdemusculacao.org/treino-de-pernas-quantas-vezes-por-semana-eu-devo-treinalas/
5- A musculação desencadeia processos inflamatórios prejudiciais
De fato o exercício físico desencadeia processos inflamatórios. Isso pode ser observado, por exemplo, com o aumento de citotoxinas, tais quais as TNFα, IL-1, IL-10, e em especial a IL-6. Mas, por que em especial? Em especial, pois nos primeiros instantes de exercício ela está em maior quantidade. Porém, essa é uma citotoxina diferente das outras por dois motivos. O primeiro deles é que ela é observada em altas quantidades no processo inflamatório gerado pelo exercício físico, mas não em processos relacionados a patógenos, por exemplo. O segundo é que ela é uma citotoxina de caráter não só pró-inflamatório, mas principalmente e ainda mais no exercício físico de caráter anti-inflamatório, pois através dela citotoxinas como a IL-1 são contrapostas ao seu antagonista, o IL-1ra, a opressão de citotoxinas como o TNFα, através da inibição de seu receptor.
Portanto, não é necessariamente um processo inflamatório que irá prejudicar o desenvolvimento muscular, aliás esse pequeno processo que não tende a gerar problemas como no caso de patógenos, microrganismos e outros que auxiliará no desenvolvimento muscular, sendo um fator primordial para tal.
Obviamente, em protocolos totalmente errados, pode ocorrer um processo inflamatório por conta de uma lesão ou algo do gênero. É o que é observado em treinamentos intensivos e extremamente extensos, em treinamentos sob músculo fadigado, entre outros. Portanto, muitas atenção nisso e atenção a inflamações em estruturas como tendões, articulações e outros, que podem ser preocupantes.
Conclusão:
Desde que se tem os primeiros dados registrados da musculação, pode-se dizer que a mesma é fonte de criação de inúmeras bobagens, seja por aspectos mal compreendidos ou por achismos pessoais que se tornaram popularizados.
Entretanto, com o desenvolvimento da ciência, pode-se desvendar muitos desses mitos, trazendo algumas verdades às pessoas. Para tanto, é necessário estar sempre ligado nas atualizações científicas e no que a ciência está nos mostrando. É importante ler e ler não apenas o que se quer, mas o que uma pesquisa pode nos trazer de benefícios e atualizações.
Bons treinos!