
Atleta IFBB, atleta Super Shape, um dos protagonistas de um dos DVD’s de bodybuilding mais realistas do cenário Brasileiro (Mr. Rio – A Batalha dos 80), dono de um shape invejavelmente de campeão, conquistador de inúmeros títulos e colocações no fisiculturismo, treinador, proprietário de loja de suplementos, pai, marido… E essas são só algumas das características e dicas de quem estou falando: Sim, Tony Macedonia, carioca que é um dos maiores atletas do cenário do fisiculturismo nacional. Hoje, aqui conosco, compartilha um pouco de sua vida e nos abre mais espaço para novos conhecimentos, dicas e claro, curiosidades sobre si mesmo.
1- Tony, sabemos sobre algumas de suas muitas qualificações, como por exemplo o quinto lugar que levou no brasileiro 2011, o segundo lugar no Mr. Santos 2009, e os primeiríssimos lugares no Mr. Rio 2007 e no Big Iron do mesmo ano. Entretanto, como curiosidade de todos, quais são suas outras formações e atividades além do esporte e seus principais dados como idade, hobbies pessoais, interesses do meio e além do meio esportivo etc. Em suma, trace-nos uma breve auto apresentação.
Nasci em Minas Gerais, na pequena cidade de Conceição de Ipanema. Aos 14 anos, mudei-me para o Rio de Janeiro. Os anos aqui, não apenas apagaram o sotaque, como fizeram com que me considere carioca de coração.
Iniciei minha vida esportiva no Karatê. A musculação, veio depois e por conselho do meu mestre na época, que via na prática da mesma, a solução ideal para que eu ganhasse peso. Efetivamente eu era magro.
Os muitos anos dedicados aos esportes, afastaram-me de hobbies divergentes destes, entretanto, há dois anos, descobri o da leitura. Gostei muito da biografia do Arnold, que agradou-me por revelar um cara inteligente, articulado e perspicaz. Atualmente, dedico-me a biografia do Nelson Mandela. Um cara fenomenal, aliás!
Estou com 39 anos, sou casado e resido em Botafogo.
2- Atualmente, quais são os maiores focos em sua vida? O esporte, o trabalho, a família ou todos acabam sendo parte de um grande foco geral?
Tenho a consciência que um não vive bem sem o outro: uma vida pessoal desestruturada, não serve de alicerce para nada e sem haver estabilidade profissional, as coisas começam a não seguir bem também. Como o esporte exige que a vida se estruture em sua função, o foco acaba sendo cíclico.
No off, posso sair pra jantar, me divertir. Então treino, faço a dieta, mas o foco é o casamento. Minha prioridade é a Fernanda. É a hora de alicerçar a vida pessoal. No pré-contest, foco na preparação de forma obstinada e quanto mais a competição se aproxima, mais o lado atleta é priorizado.
Reside aí, a importância de fortalecer ambos, para que no todo, haja equilíbrio.

3- Sabemos que no Brasil, o reconhecimento diante do merecimento de atletas é quase nulo, ainda mais se tratando de um esporte ainda underground como o fisiculturismo. Entretanto, o que te levou a escolher essa vida? Apenas a satisfação própria?
Como eu disse, a musculação entrou em minha vida como uma atividade suporte. Na época do Karatê, eu já tinha 1,8 m de altura e pesava 58 kg. Tal condição, levou meu mestre a aconselhar a prática. Acabei me apaixonando. Passei a acompanhar os grandes atletas atletas e inspirado neles, decidi competir.
A primeira competição, foi o Estreantes 1999.
5- Ao iniciar-se no meio esportivo competitivo, qual foi a reação de seus familiares, amigos e pessoas próximas? Você enfrentou dificuldades? Você já era casado e tinha filhos na época? Quais foram essas principais dificuldades?
Minha família não se posicionou, nem contra, nem à favor. Não tinham envolvimento com o meio esportivo e não posso afirmar, que tivessem conhecimento exato sobre do que se tratava. Quando competi pela primeira vez, já não morava mais com eles.
Dificuldades foram sem dúvida, financeiras. Não tinha qualquer suporte ou patrocínio.
6- Quais foram suas principais conquistas no ramo esportivo e o que você acha que realmente o fez chegar lá, além da força de vontade e muita disciplina e trabalho sério?
Conquistei por três vezes o campeonato carioca (Mister Rio 2005, 2007, 2010), fui campeão Big Iron Over All 2009, Campeão Copa Niterói Over All 2010 e IFBB Champion Over All 2011.
Sem falsa modéstia, sou um cara muito obstinado e muito determinado. Sofro no treino o quanto tiver que sofrer e faço a dieta. Não saio dela quando começa a preparação, não chupo sequer uma bala.
Uso sempre uma frase de minha autoria: “Treine, supere e conquiste” e defendo que não há segredo ou fórmula mágica. É tempo, dedicação, persistência. Como eu digo no filme “Mister Rio – A Batalha dos 80”, “Se você conseguir vencer você, já é meio caminho andado”. É isso.
7- Como foi participar do Mr. Rio – A Batalha, DVD recentemente filmado e produzido? Ocorreu tudo naturalmente durante as gravações ou houve também uma espécie de “jogada de marketing” como no Pumping Iron? Quais foram as principais ideias do DVD?
O clima de bastidores não poderia ser melhor, além de ter uma equipe muito unida, a Jabaculê Filmes fez tudo com uma motivação muito legítima: o gosto pelo esporte e a amizade pessoal com um dos personagens.
Tudo foi feito de forma tão profissional e respeitosa, que passadas as gravações, nos tornamos amigos e parceiros. Afirmo que além de jornalistas competentíssimos, tanto o Rafael Norton, quanto o Flávio Lordello, são ótimos caras. E também por isto, a Super Shape Suplementos Alimentares já é um sucesso!
Independente de qualquer vínculo atual, o filme é na minha opinião, excelente. Traduz o lado humano do esporte com perfeição. Revela o que só aparece para a minoria, pois o que aparece para a maioria é só o palco, o glamour.
Quem assiste a competição simplesmente, não sabe o que está por trás de tudo. Não imagina que estão envolvidas semanas de trabalho. Que não se fica naquela forma de um dia para o outro. Não conhece a magnitude da privação imposta pela dieta, as dores dos treinos, a extrema dificuldade de conciliar tal rotina com o trabalho. Sequer sabe sobre as famílias dos atletas e o quão importante é o apoio delas. Não assimila que não subimos lá sozinhos.

8- Sabemos que recentemente você sofreu algumas lesões nos membros superiores. Conte-nos um pouco sobre elas e, sobre os processos de cura e recuperação. Conte-nos também o que isso lhe fez aprender/adaptar nos treinamentos.
Em março do ano passado, ao executar um “Desenvolvimento com halteres”, rompi o Supra Espinhal. Com o resultado dos exames, soube que meu Tendão do Bíceps também não estava intacto, assim como meu Subescapular.
Na ocasião, os exames revelaram um afastamento de 3 cm da posição anatômica. A indicação obviamente era cirúrgica, entretanto, como eu já estava em preparação, negociamos com o médico, adiá-la de forma a me permitir competir.
Acordamos adaptar os treinos e vigiar os sinais de agravamento. Fiquei atento principalmente ao bíceps, pois estava bastante temeroso que um rompimento ocorresse. A certa altura, pela dor, precisei suspender os treinos de ombro e isso, em termos estéticos, atrapalhou bastante minha preparação.
Passado o Brasileiro, submeti-me a cirurgia. Foi um sucesso. A equipe médica, liderada pelo Dr. Adriano Van Haute, foi fantástica! Foi estabelecido 40 dias de uso da tipoia e após a retirada desta, iniciei o processo de fisioterapia. A cada 10 sessões, nova revisão com o médico. Progredi rápido e antes dos 6 meses previstos, voltei a treinar.
Não posso dizer que foi fácil. Fora o impacto direto no esporte, com a piora na performance de 2012 e afastamento dos palcos em 2013, enfrentei situações de dependência: como precisar de ajuda para tomar banho e passar fio dental nos dentes, coisas que por mais que a outra pessoa seja solícita – e minha esposa foi impecável – não são fáceis para a cabeça de qualquer um.
Hoje me vejo completamente recuperado, fazendo todos os movimentos sem dor alguma e executando exercícios que ano passado, eram impensáveis para mim.
9- É fácil conciliar tantas responsabilidades diárias de homem, pai, esposo, amigo com esporte competitivo? Quais são suas principais dificuldades e quais são suas maiores facilidades nesse aspecto? Como costuma dividir esse tempo e como costuma fazer em tempos de competição, onde sabemos que os níveis de estresse, irritabilidade e outros são bastante elevados?
Conquistei um casamento muito sólido, com uma pessoa que é extremamente companheira e solidária aos meus sonhos. Além de ter uma personalidade edificadora como mulher, a Fernanda é professora de Educação Física e já competiu, então diria que ela é minha maior facilidade. Minha facilitadora, na verdade.
No aspecto amizade, torno-me um péssimo companheiro de saídas por exemplo, pois quando a preparação começa, simplesmente não saio. Já faltei a casamento de amigo, aniversário e tal. Não vou, simplesmente. Aviso, explico e se for amigo realmente, entenderá e saberá que compensarei no off. Sou um amigo fiel.
Quanto ao humor e irritabilidade, a passagem dos anos e o autoconhecimento, me tornaram mais apto a administrar estas questões. Tenho personalidade forte e nunca fui de meias palavras, se eu não gostar de algo, deixo claro e obviamente que isso se enaltece na dieta.
Tenho o cuidado de explicar a quem está próximo e nunca presenciou uma preparação, a questão das variações de humor e momentos de silêncio. Eu por exemplo fico muito mais quieto. É fundamental que as pessoas próximas não levem tais variações e afins para o lado pessoal. Já ajuda muito.
10- Tony, quais são seus protocolos dietéticos em offseason e o que eles mudam em pre-contest? Você costuma usar qual suplementação em ambas as fases? Em offseason, o que mais gosta de comer quando escapa um pouco da dieta?
Eu já fui um atleta irresponsável com a dieta durante o off: não pesava as refeições, corriqueiramente as substituía por biscoitos e outras “porcarias”, comia muito doce (amo doces, aliás). Chegava a ganhar 15, 20 Kg sem qualidade. Em janeiro de 2009, inaugurei uma fase nova e passei a encarar tudo de forma muito profissional.
Duas coisas convergiram para esta mudança: o meu casamento – e novamente preciso citar a Fernanda como meu grande pilar – e o estreitamento de amizade com o também atleta e desde 2011 meu treinador, Eduardo Corrêa, de quem me aproximei na World Gym em Florianópolis (cidade natal da minha esposa).
Tanto a suplementação quanto a dieta, mantém-se muito semelhantes em ambas as fases, variando apenas nas quantidades, que obviamente no pre-contest, diminuem.
Quanto a escapada, acabo recorrendo a um Fast Food. rs!

11- Sabemos que você atualmente recebe patrocínio e isso é privilégio de poucos no cenário brasileiro. Conte-nos um pouco sobre ele e o que o fez alcançar esse êxito cobiçado por muitos atletas de diferentes modalidades. Que dica daria aos que almejam esse objetivo?
Na verdade, hoje não sou mais patrocinado. Fui atleta de uma grande marca de suplementos por 3 anos, porém meu contrato vencido em abril deste ano, não foi renovado. A proposta de uma marca de suplementos, será inclusive muito bem vinda!
Tenho sim, dois importantes parceiros: a Super Shape Suplementos Alimentares e o Restaurante Bananinha Grill, através dos quais sou assistido em suplementação e alimentação.
Vejo a questão do patrocínio como algo que ainda precisa melhorar numa ampla gama de fatores: não apenas no valor ofertado aos atletas, é preciso que tudo seja mais bem articulado, mais profissional. As grandes marcas, não apenas de suplementos, precisam enxergar o Fisiculturismo como algo vendável e rentável e isso acontecerá, também para os outros esportes a medida que as Federações (dos vários esportes existentes também) e seus respectivos atletas, aprenderem a trabalhar juntos.
É necessário, que a administração, também seja bem feita. É preciso amar o esporte que se está representando e/ou trabalhando, mas também estar capacitado para promover tal esporte. Marketing, Administração Financeira, Inteligência Interpessoal, entre outros, tudo precisa caminhar junto. Vejo com muito bons olhos a diretriz de trabalho da Federação do Rio, percebo uma grande vontade de fazer dar certo.
Um grande exemplo de articulação voltada para o bem, por exemplo, foi o que foi feito com o Vale Tudo e o Jiu-Jitsu. Conseguiram tornar a coisa toda, extremamente rentável e favorável para todos os lados.
12- O que você acha a respeito da influência da mídia hoje frente ao fisiculturismo, acabando por mesclar aspectos de “bobagem humana” como injeções localizadas mal sucedidas, uso indevido de ergogênicos fármacos e outros tantos com o esporte e suas reais diretrizes em si?
Infelizmente, ainda temos um longo caminho a percorrer. A mídia quer vender jornal, quer audiência, é este o trabalho dela e está certa. A questão está em usar todo este poder a nosso favor. Vender o peixe certo. Fazer com que a “minoria burra”, como estes caras que ficam mostrando aberrações com óleo, intervenções sem critério, seja sufocada por coisas boas.
Precisamos mostrar o lado real, do cara que tem o mérito de sofrer na dieta, conciliar a dureza da preparação com o trabalho, com a família. O sonhador que ama o esporte, que sem apoio algum, age como profissional: abre mão de beber, de comer o que lhe dá prazer, sua e se dedica aos treinos. Isso tudo por semanas. É nisso que precisamos investir: mostrar para as pessoas, que uma foma física daquelas, não é conquistada de um dia para o outro e principalmente, desmistificar a questão dos hormônios. Tão usado em tantos esportes e vinculado ao Fisiculturismo de uma forma tão pejorativa.
Neste contexto, precisamos fazer com que as semanas de dieta e dedicação aos treinos, sejam muito mais associadas às nossas conquistas, do que simplesmente uma injeção ou cápsula, que bem sabemos, sozinhas não fazem milagre algum.
13- Diante de tantas dificuldades as quais provavelmente passou no esporte, quais foram as maiores lições as quais pôde aprender e que se lembra delas em todas as novas dificuldades as quais pensa em desistir? Deixe uma mensagem motivacional para aquele que já esteve pensando em desistir nos últimos tempos.
Eu parto do princípio, que o que vai fazer toda a diferença ao fim das contas, é a minha vontade. É o quanto isso ou aquilo é valioso para aquele indivíduo.
Uma academia fantástica, com a melhor linha de aparelhos do mundo, facilita muito, mas de nada adiantará se não houver vontade, se aquele indivíduo não estiver disposto a treinar com afinco. É assim também com a dieta. O melhor salmão do mundo, a melhor tilápia, seja o que for, não vai garantir o shape, se a dieta for burlada. Se a cabeça for fraca.
Claro que morar bem, comer bem, poder descansar, facilita muitíssimo. Ter apoio da família, uma estrutura de patrocínio por trás, também. Entretanto, sem uma vontade legítima, o indivíduo não será um grande campeão.
Desta premissa, eu tiro a minha mola propulsora: da vontade e do amor ao que eu faço. E isso é tão real pra mim, que eu não vacilo um minuto quando alguém me pergunta se vale a pena. Para mim, vale. E muito. Está na minha essência a vontade de me superar, de vencer a mim mesmo. E por isso, eu sempre continuo.
Você quer? Levante e faça!
Esta foi a entrevista com um grande amigo e um grande nome do esporte no Brasil, Tony Macedonia. Agradecemos ao Tony por ceder algum tempo a nós para compartilhar um pouco de sua vida, sua história, conquistas e por elevar ainda mais ao topo o nome de nosso esporte!
Espero que vocês tenham curtido e fiquem ligados, pois teremos mais bons nomes por aqui!