Fisiculturismo: Um esporte mais ligado a questões psicológicas do que físicas

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Muitas vezes quando estou conversando com pessoas que praticam musculação, elas acabam me perguntando: “por que eu não consigo resultados se dou um duro danado na academia e sigo a dieta direitinho?” e a minha resposta é: “e sua mente, como ela anda?”. As pessoas tendem a acreditar que apenas alimentação e treino duro garantirão bons resultados, o que não é verdade. A mente, o que você deseja, o seu controle sobre tentações e tudo o que envolve o psicológico é fundamental na construção de um bom corpo!

Como a mente exerce forte influência nos resultados da musculação

Neste artigo vamos tentar entender um pouco do funcionamento da mente e de como ela é importante para o praticante de musculação, pois entendendo essa importância você poderá conciliar seus treinos, sua alimentação, seu descanso e também melhorar a sua mente para que se consiga objetivos maiores e mais concretos. Vamos lá?

O bodybuilding se tornando um caminho

É evidente que cada esporte tenha uma vantagem e uma desvantagem. Mas também é evidente que a musculação está de maneira implícita ou explícita inserida em todos eles, fazendo com que seu uso seja indispensável. Entretanto, sabe-se ainda que a musculação é o método mais eficaz para modificações corpóreas, ou seja, alguns esportes trazem modificações corpóreas, como, o caso de nadadores que possuem a região dorsal alargada ou mesmo homens que fazem quedas de braço os quais possuem grossos antebraços, mas nenhum deles é tão eficaz e trabalhar o corpo de forma completa como a musculação.
Métodos cada vez mais inovadores, pesquisas cada vez mais precisas e tentadoras ou mesmo invenções mirabolantes são jogadas no mercado, muitas de fato mostrando boa efetividade, mas outras sendo uma lástima unicamente ligada a um marketing sujo de persuasão ao consumidor.
É evidente que a empreitada a qual envolve esses métodos possa existir a medida em que, passa a existir a procura exorbitante. Todos querem seguir esse padrão pré-estabelecido, afinal estar fora dele é marginalizante. Mais do que uma satisfação própria implícita, estão os olhares para os julgamentos que terá: “Meu Deus! E agora, o que vão pensar por eu ter subido 0,6% de gordura corpóea?” “Meu Deus! Vão me achar frango se eu disser que tenho menos de 40cm de circunferência de braços!”…
Entre todos os métodos assim lançados para de maneira estética atingir esses padrões está o bodybuilding em duas diferentes formas. Bodybuilding, por definição, trata-se da “construção corpórea”, ou seja, essa não necessariamente é feita com pesos, mas com protocolos inúmeros, os quais também envolvem alimentação, descanso, sinergia e etc. Desta forma, como uma espécie de caminho ou ferramenta, o bodybuilding traça pareceres os quais ajudarão a chegar lá. Mas, e quando fazemos por onde e permanecemos estagnados? Será que isso tem haver com nossas configurações psicológicas e psicossociais?

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Sua mente define o que você será

Não conheço ninguém que tenha um objetivo conquistado sem antes colocar a mente no lugar, por mínimo que seja. Também desconheço alguém quem sem a concentração e o foco adequado tenha atingido bons resultados em aspectos relacionados com o meio ou mesmo consigo. Isso porque, é fato pensar que querer é sim um bom início, mas esse não deve ser o único, afinal querer por querer não modifica os fatos.

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Há uns dias estava comentando que acredito que existiram e existam grandes profissionais do fisiculturismo que conquistaram resultados e títulos extraordinários, muitas vezes chegando a ultrapassar a genética e suas limitações, pois esses conseguiram primeiro colocar um foco e um caminho a ser percorrido dentro de si e fizeram por onde, abrindo mãos de certas coisas, passando por períodos estranhos ou mesmo aderindo a outros caminhos que eles mesmos não acreditavam ser capazes de seguir.
Imagine se, por exemplo, nos offseasons de Dorian Yates ele passasse a se preocupar com a barriga dilatada ou com o acúmulo de água subcutânea. Será que ele teria tido bons resultados e teria alcançado tudo que alcançou? Certamente, não!
Convenhamos que não deveria ser muito confortável subir tanto o peso no offseason pelas próprias questões estéticas. Porém, caso isso não fosse feito, ele JAMAIS chegaria onde chegou. Entretanto, pensando com um diferencial, esse foi refletido então em seus resultados e refletido mais tarde em suas conquistas. Acredito que foi justamente esse “fazer por onde” que os trouxeram como diferenciais, fugindo da prática mesquinha social.
Enquanto muitos de nós deixamos de ter resultados por nossas escolhas, muitas vezes inadequadas e as quais se importam com a opinião alheia, muito mais do que com a nossa própria opinião, poucos são os que correm atrás para fazer o diferencial.
Quantos realmente teriam o peito de fazer um offseason como Evan Centopani ou mesmo Jeff Long, ex atleta Optimum Nutrition? E mais, quantos teriam a moral de fazer um processo de secagem como o deles? Certamente, para ambas as situações, as questões psicológicas falam muito mais alto do que as físicas, propriamente ditas.

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A nossa realidade

Trazendo a uma realidade nossa, muitas vezes deixamos de obter coisas na vida por não tentar ou simplesmente por se importar com refutas alheias. É claro perceber que essas refutas tendam a ocorrer por parte de indivíduos falsos e que se julgam próximos a nós, mas no entanto NÃO são!
Um indivíduo hoje quer construir uma quantidade significativa de massa muscular, quer ter uma bela definição corpórea com uma densidade muscular alta, mas quer conquistar isso sem passar antes por estágios, como o offseason, a retenção hídrica ou mesmo o ganho de gordura corpórea, que em um offseason de verdade é quase inevitável.
Aí, muitos passam a se questionar e justificar frente aos recursos ergogênicos os quais os profissionais costumam utilizar. Pensamentos dessa natureza são gerados: “Claro! Ele pode comer o quanto for, está a base de trenbolona com GH e insulina!”. Sim, concordemos que esses fatores relativamente jogam uma vantagem aos atletas, mas quem foi que disse que esses são os únicos fatores e tampouco que devamos chegar ao nível em que eles chegam? Óbvio que devemos trazer à nossa realidade e traçar diretrizes que nos são próximas, do contrário, também obteremos frustrações.

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O bodybuilding parece ser um esporte o qual mais influencia o modo como as pessoas pensam do que o que elas querem. Um certo grau de aceitação paira no ar quando entramos em uma sala de musculação. Muitos estão lá, não por paixão, gosto ou porque desejam para si, mas sim porque desejam mostrar que podem ter um corpo de tal jeito ou porque querem atingir um corpo que é estereótipo de corpo ideal.
O mais assustador e que mais está se tornando comum é que isso vem acontecendo cada vez mais cedo, acometendo desde crianças e adolescentes. Métodos então são inseridos os quais tornam-se frustrantes ao serem percebidos como errôneos e estagnadores do processo de desenvolvimento físico e mental.
É necessário que possamos nos encontrar dentro de nós mesmos para então obter os resultados os quais almejamos no fisiculturismo.

Como consolidar sua própria razão na prática do fisiculturismo

O fisiculturismo é um esporte o qual grandemente cultua o físico, correto? Mais do que isso, ele é um esporte o qual envolve uma vida, em todos os seus aspectos. Isso, basicamente quer dizer que quaisquer fatores relacionados a você interferirão diretamente nos resultados da musculação. A iniciar dos protocolos dietéticos, do descanso, dos níveis de atividades físicas diárias, do estresse e até mesmo do que é implícito em sua mente. Esses e vários outros fatores podem ser diretamente ligados com a obtenção ou não de êxito nesse processo.
Inevitavelmente, é impossível não sofrer interação do meio, uma vez que obviamente ele será presente o tempo todo. Porém, muito mais do que isso, é necessário que tracemos um foco diante ao que queremos e o busquemos, isto é, que tenhamos uma meta e um objetivo e que façamos por onde para atingi-los.
Muitas vezes o bodybuilder, por sofrer grande pressão do meio social, deixa de conquistar seus resultados. Muitas vezes o que é empregado em sua mente no decorrer dos anos de seu desenvolvimento, desde os primeiros anos de vida, acaba falando mais alto e acaba tendo uma má influência em tudo isso.
Ter a mente no lugar é o primeiro passo para isso. Crer que você e só você é capaz de fazer com que um caminho, por mais difícil que seja, chegue a um destino real e crer que será necessário fazer coisas as quais só você pode fazer é o primeiro ponto a ser observado e reavaliado em sua vida.

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Em segunda instância, observar diretamente o meio social o qual se vive e as pessoas que o cercam é o segundo passo para isso, afinal ninguém vive sozinho e necessita conviver da maneira mais amena possível com seu próximo. Entretanto, ninguém é obrigado e receber más influências, críticas negativas ou mesmo julgamentos por uma escolha. O livre arbítrio existe e você deve ser o primeiro a acreditar nele. Se você não passar a crer, ninguém passará por você!

Arnold contando sobre como sua mente lhe ajudou a conquistar seus objetivos

Conclusão:
Envolvendo muito mais aspectos psicológicos e psicossociais, é possível ver a musculação como um meio muito particular o qual acaba recendo muitas influências do meio externo que se deparam e entram em grande conflito, na maioria dos casos com o que realmente desejamos.
É necessário ter em mente que se você optou por esse caminho deverá seguir fundamentos os quais possibilitem que você alcance seu alvo. Entretanto, por outro lado, se você acabou por entrar nesse mundo submetido a pressões, esqueça! Você só realmente conseguirá a diferença se fizer por onde, a iniciar da própria vontade!
Conclusivamente, sejam focados no que desejam! Lembrem-se que tudo pode ser uma faca de dois gumes e você tem de saber usar o lado que lhe é mais conveniente.
Bons treinos e acreditem em si!
 

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