Gorduras boas e ruins: isso realmente existe?

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A partir do momento em que as pesquisas demonstraram que inserir lipídios na alimentação traria benefícios a saúde e aos praticantes de musculação, criou-se a denominação de que existiam os “bons lipídios” e os “ruins lipídios”. Os “bons lipídios”, conhecidos como “gorduras boas”, são aqueles em que, teoricamente, podemos comer sem nos preocupar, pois eles só tem benefícios a nos apresentar. Já os “ruins lipídios”, conhecidos como “gorduras ruins”, são os que, teoricamente, não podemos ingerir, ou caso venhamos a ingerir, precisa ser moderadamente e com cuidado.

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Que os lipídios são realmente essenciais para a nossa dieta e para nossos ganhos musculares, isso é indiscutível. Mas a pergunta que fica é: será que realmente existem essas denominações sobre o que é gordura boa ou ruim? Será que nosso corpo sabe diferenciar quando é “da boa” ou quando é “da ruim”?

Vamos tentar descobrir com este artigo!

Entendendo as classificações dos lipídios

Começou-se a classificar como “gorduras boas” aquelas que evidencialmente possuem efeitos benéficos ao corpo de gerar impactos necessariamente ruins. É o caso do ômega-3 que possui efeitos anti-inflamatórios, o caso de lipídios insaturados que contribuem para e elevação da lipoproteína HDL e diminuição ou controle da lipoproteína LDL, dos lipídios de cadeia média que auxiliam na diminuição da gordura corpórea e fornecem energia rápida sem a necessidade de elevações insulínicas, entre outras. Já as “gorduras ruins” eram taxadas como aquelas que aparentemente possuíam efeitos prejudiciais ao corpo, tais quais os lipídios saturados que podem elevar os níveis de LDL e diminuir os de HDL, podem aumentar as chances do desenvolvimento de doenças cardiovasculares, podem elevar os níveis de síndromes metabólicas ou do desenvolvimento delas, podem causar o aumento do panículo adiposo e da gordura visceral, entre outros.

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Entretanto, hoje, sabe-se que o corpo possui uma capacidade e necessidade de vários nutrientes, tornando essa classificação um tanto quanto ultrapassada, apesar da RELATIVA verdade que expressa. O que acontece ao certo é que estamos separando em dois baldes diferentes apenas ALGUNS aspectos de cada uma delas, sem desconsiderar ambos os lados, inclusive os malefícios e benefícios os quais podem ser demonstrados.

A “gordura ruim” também é importante ao corpo

O que há algum tempo era chamado de “gordura ruim” hoje pode ser destacada como FUNDAMENTAL para o corpo humano, fazendo com que essa denominação caia por terra.

Apesar do abuso desse lipídio ser algo aparentemente ruim, eles são importantíssimos em algumas funções ao corpo. Inicialmente podemos destacar que muitos deles são de origem animal e carregam consigo moléculas de COLESTEROL o qual é indispensável na síntese de hormônios esteroides, na síntese de bile, na constituição das membranas celulares, entre outras. Em segunda instância, lipídios saturados podem servir mais rapidamente como fonte energética. Por fim, para um devido equilíbrio entre as lipoproteínas LDL, VDLD e HDL, faz-se necessário a presença desses.

Os lipídios saturados antigamente eram muito condenados, mas hoje, sabendo da importância que eles exercem, recomenda-se que para um praticante de musculação, cerca de 10% do valor diário energético total ingerido advenha dessas fontes.

As fontes alimentares que mais encontramos esses lipídios são: as animais, como as carnes e seus derivados, o leite integral, os ovos, queijos, lácteos em geral (que não sejam desnatados) e etc. É necessário estar ciente de que esses lipídios podem auxiliar no aumento da LDL, porém lembre-se que da mesma forma que a sua ingestão é superior as recomendadas, essa ingestão é devidamente utilizada pelas necessidades nutricionais aumentadas de um praticante de atividades físicas. Prescrições gerais, normalmente não envolvem esportistas.

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Os benefícios extras do colesterol: De vilão para mocinho

O colesterol nos últimos anos tem sido apontado como uma das maiores causas de doenças de natureza cardiovascular, em especial. Entre elas, pode-se citar o infarto, o entupimento de artérias importantes, isquemias, entre outros. Obviamente o acúmulo de placas lipídicas nos vasos sanguíneos pode causar esses problemas e até levar a morte, como bem sabemos.

O que ocorre é que isso somente acontece em dois pontos diferentes, que podem coexistir entre si também: O primeiro deles é a genética, pois alguns indivíduos naturalmente tem distúrbios no metabolismo do colesterol e por mais que atentem-se a dieta, tem níveis elevados de colesterol e outras dislipidemias. O segundo ocorre em indivíduos que se submetem a péssimos hábitos de vida, que variam desde os alimentares, como o excesso de consumo de gorduras trans e saturadas, o excesso de calorias ingeridas na dieta, o uso de alguns medicamentos, como os esteroides, entre outros. Esses fatores podem ou não estar juntos em um mesmo indivíduo.

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Porém, da mesma forma que o colesterol pode causar esses efeitos, ele tem sido estudado em alguns pontos extras, normalmente associadas com a melhora na absorção ou no metabolismo de algum ou alguns outros nutrientes. O colesterol, por exemplo, é indispensável para a conversão do ALA, um ácido graxo derivado do ômega-3 para pequenas parcelas de EPA e DHA, faz parte do processo da Testosterona, um hormônio extremamente importante e etc. O colesterol também é fundamental para o auxílio do metabolismo da vitamina D e do cálcio também.

Portanto hoje sabe-se que apesar dos problemas que o colesterol alto pode trazer, seu uso de forma consciente e moderada, respeitando as necessidades, é fundamental para melhora na saúde e para os praticantes de musculação. Não seja enganado pelo “colesterol ruim” e “colesterol bom”, isso não existe.

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Gordura trans: As vilãs

Se há um tipo de lipídio que ainda não encontrou-se uma função ou benefício essas são as “gorduras trans”, normalmente obtidas em pequeníssimas parcelas em derivados de animais, mas principalmente através da hidrogenação de gorduras de origem vegetal.

Esses lipídios contribuem enormemente para o desenvolvimento e/ou agravamento de doenças cardiovasculares e devem ser consumidos nas menores porções possíveis. Portanto, procure evitar alimentos processados e industrializados. Não haverá malefícios notáveis com o pouco que se consome em derivados animais. Evitando manteigas e queijos muito gordos, além de cortes bovinos e suínos altamente ricos em gordura, já será o suficiente.

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Conclusão:

É possível chegar ao ponto de que NÃO EXISTEM conceitos adequados para definir boas e más gorduras, com exceção da gordura trans, normalmente de fontes hidrogenadas. O que podemos definir é que gorduras são gorduras e mesmo as que são taxadas de “gorduras ruins” são aproveitadas e importantes para o funcionamento correto de nosso organismo.

Precisamos então passar a entender melhor a nossa necessidade de gorduras e equilibrar, dentro da alimentação, as “gorduras ruins”, as “gorduras boas” e o colesterol, evitando mesmo só as gorduras trans.

Os fatores genéticos também parecem estar associados com os resultados e impactos dos lipídios no corpo humano, por isso atenção a este aspecto.

Boa alimentação!

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