A hipertrofia muscular ocorre na hora do treino ou não?

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Quantas vezes você já se perguntou se o que acontece na academia é hipertrofia ou apenas um pump local? Você cresce durante o treino ou quando descansa?

hipertrofia

Antes de mais nada, vamos iniciar o artigo explicando alguns termos importantes para a compreensão desse texto, de forma a não deixar mais dúvidas sobre esse assunto.

Você já deve ter ouvido falar de anabolismo, certo? O anabolismo é uma parte do metabolismo que se refere a assimilação de substâncias por um organismo. Isso quer dizer que moléculas mais complexas são formadas (síntese) a partir de moléculas mais simples.

Do outro lado, está o catabolismo, que é a parte de metabolismo, que é o processamento (também podemos utilizar aqui a palavra “quebra”) da matéria para obtenção de energia.

Sempre associamos o termo “catabolismo” como algo ruim, né? A impressão é que estamos jogando fora ou perdendo alguma coisa. Mas não! Catabolizar significa gerar energia!

Em um espectro mais simples, posso dizer que o anabolismo seria a captação de energia e o catabolismo o processo de gerar energia.

Ainda podemos fazer analogias extremas como construção e destruição, respectivamente anabolismo e catabolismo, desde que você entenda que essa destruição gere energia.

Dito isso, vamos a mais alguns termos importantes para compreendermos a pergunta principal e título do artigo.

Toda vez que você se exercita na academia, quando segue uma determinada série, você está realizando um conjunto de contrações musculares, feito de forma sequencial (repetições), cujo objetivo é melhorar (ou até mesmo manter) sua aptidão física, seja na melhora da massa muscular, resistência, força, etc.

A musculação, em especial, trata da melhora de aptidão muscular específica, como aumento de massa muscular (hipertrofia) ou de força.

Para que as contrações musculares aconteçam durante as repetições dos exercícios deverá ocorrer uma transformação de energia, de química para mecânica (trabalho).

Podemos afirmar ainda, que parte dessa energia química é perdida em forma de energia térmica (calor).

Em miúdos, o que eu quero dizer é que a energia contida nos alimentos e nas reservas energéticas do seu organismo é que são utilizadas para que você possa realizar um agachamento a fundo, um repetição com 200kg no supino ou um levantamento terra com mais de 250kg.

E não só nesses exercícios ou nessas cargas! Sempre que você realizar um movimento!

Como primeira via metabólica para geração de energia, a via anaeróbia alática, temos o tão famoso e já tão discutido e conhecido sistema ATP-CP. Através dessa via, a creatina fosfato (CP) que está armazenada na musculatura é utilizada para a ressíntese do ATP. Essa é a “moeda” energética que nosso organismo usa.

Essa creatina fosfato armazenada no músculo, no entanto, não é suficiente, é baixa, e logo, sua contribuição não é muita e não dura muito também na produção de energia.

Conforme a atividade vai acontecendo e se prolongando, uma segunda via metabólica de geração de energia é necessária. Temos, então, a participação da via conhecida como glicolítica (anaeróbia lática), onde a glicose é utilizada para a produção da moeda energética, o ATP.

Se, ainda a atividade persistir por um período muito maior de tempo, uma terceira via metabólica de geração de energia entra em jogo.

Essa via, conhecida como via oxidativa aeróbia, utiliza gorduras (lipídios) como o substrato principal para a produção de ATP.

Dessa forma, perceba que todos os macronutrientes, carboidratos, gorduras e proteínas, são usados para a produção de energia (catabolismo) durante seus exercícios. E que varia? A proporção pelas quais são utilizados.

Os principais substratos utilizados são os carboidratos e gorduras, mas o nosso organismo não irá se importar em utilizar proteínas na falta deles.

A diferença é que a proteína não é utilizada diretamente em nenhuma das vias metabólicas citadas. Elas são degradadas e convertidas em glicose para serem utilizadas em outro momento.

Nosso organismo possui reservas energéticas de 3 maneiras distintas

hipertrofia-anabolismo

CP: armazenado no sarcoplasma/célula muscular em pequenas quantidades

Carboidratos: armazenado em forma de glicogênio nos músculos e fígado, em quantidades limitadas

Lipídio: armazenado em grande quantidade nos tecidos adiposos e em pequenas quantidades no músculo.

Veja que as proteínas não apresentam reservas, pois a principal função delas é servir como alimento estrutural e não energético. As proteínas formam o músculo esquelético, que é estimulado pelo treinamento de força (musculação).

Na falta dos 3 substratos principais, a proteína pode ser usada para gerar energia e o músculo esquelético será literalmente canibalizado.

Conclusão:

Dessa forma, concluímos, depois das explicações, que durante o exercício de musculação, o músculo é um grande fornecedor de CP (creatina fosfato, a moeda energética), que com o tempo começa a consumir glicogênio (carboidrato), usando água e, em situações extremas e peculiares, consome proteína.

O exercício físico é, então, um tipo de estresse que acarreta reações catabólicas (geração de energia) no organismo.

Durante o exercício físico ocorre um inchaço (pump) como resultado do redirecionamento do fluxo sanguíneo para a região em atividade, com o intuito de proporcionar mais substratos energéticos para a geração de energia.

Esse inchaço localizado nada tem a ver com anabolismo ou hipertrofia muscular. Tanto que você pode perceber que esse inchaço desaparece gradualmente com o tempo, depois do treino.

A hipertrofia muscular (anabolismo) ocorre no repouso, em um processo que damos o nome de supercompensação, ou seja, a recuperação do organismo depois do estresse gerado pelo treino.

Durante o repouso, todos os substratos usados para gerar energia são repostos em quantidades maiores que as iniciais, como medida de adaptação do organismo. Isso acarreta um superávit no CP e no glicogênio (metabólico) e nas proteínas contráteis (estruturais) depois de alguns dias.

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