Instrução ou empirismo: qual é mais válido na musculação?

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A musculação, como bem sabemos, é um esporte que não tem receita, porém é um esporte onde envolve muito estudo, muita ciência e muitos testes. O que funciona para mim, pode não funcionar para você ou pode funcionar melhor em você, e isso é algo que é complicado de saber. E por ser um esporte sem receita, muitas vezes os seus praticantes ficam em um belo dilema: procurar instrução profissional e cientifica ou utilizar testes e ver como meu corpo responde? Instrução ou empirismo, qual é mais válido na musculação?

Tentaremos  descobrir isso a seguir…

O início de um novo campo

Quando adentramos em quaisquer campos novos que estão fora do nosso conhecimento, normalmente temos duas possibilidades para interagir com esse meio: buscar auxílio, orientação e instrução ou mesmo seguir por conta própria e aplicar a tática da tentativa e erro. Obviamente, esse é um aspecto o qual pode ser observado também quando buscamos um corpo melhor através da prática esportiva, da melhora da alimentação e da aderência a novos hábitos e estilo de vida.

Ao iniciarmos um programa dentro de uma academia de musculação, somos instruídos por pessoas que tenham conhecimento na área, os chamados instrutores. Essas pessoas buscam aliar nossos resultados com práticas que possam fazê-los ser atingíveis e da maneira mais eficaz possível. Porém esse instrutor não nos conhece e obviamente não sabe o que é melhor para nós, ele apenas aplica aquilo que cientificamente é comprovado que “dá certo” com a maioria das pessoas. Por outro lado, inevitavelmente, iremos nos conhecendo pouco a pouco durante esse processo, ou seja, traçando nossas próprias preferências, traçando nossos próprios objetivos maiores e percebendo o que nos é melhor ou pior. É quando passamos a preferir um exercício a outro, por gerar menos dor articular, é quando passamos a realizar movimentos que possam contemplar melhor nossa biomecânica e assim por diante.

O problema, na verdade, passa a ocorrer quando um lado começa a invadir o outro. Imaginemos, que entremos em uma academia de musculação e passemos a realizar os exercícios da maneira que achamos melhor, simplesmente sem conhecimento algum. Certamente, teremos péssimos resultados. Da mesma forma, o instrutor que não nos conhece e passe algum exercício que não respeite as nossas capacidades físicas e biomecânicas, estará nos prejudicando e não tendo nenhum resultado também.

“A ciência é o melhor caminho”: Isso é uma verdade?

Que a ciência vem demonstrando que é uma forma de minimizar os erros, isso sem sombra de dúvidas é algo real. Imagine se não existisse ciência suficiente na elaboração de alguns medicamentos e tivéssemos de ir testando diferentes compostos. Certamente não teríamos nem chances de sobreviver. Porém, imagine que um médico prescreva um medicamento a um individuo que solucione uma patogenia do mesmo, entretanto esse indivíduo possui alergia aquele composto, sendo necessária a busca por outra opção de medicamento o qual o médico terá de utilizar seus conhecimentos práticos para passar.

Desta forma, é possível concluir que a ciência é uma diretriz importantíssima, pois podemos de uma maneira geral diminuir nossas chances de erro. Entretanto, devemos obedecer nossas condições individuais, as quais são conhecidas com o tempo e com o empirismo.

A prática sem a ciência

Quantas vezes vemos atletas de renome e que possuem certo gabarito ainda insistindo em mitos antigos de academia de musculação? Muitas vezes eles acreditam que por terem resultados daquela forma, todos deverão ter, ou acreditam que NÃO podem maximizar seus processos com algumas alterações, pois aquele método já os traz resultados. Quantas são as vezes que vemos aqueles “gurus” de alguma modalidade, que simplesmente tem uma vasta experiência, mas desconsideram aspectos cientificamente eficazes e corretos? Esses, normalmente são céticos o suficiente para crer que a ciência é algo fútil e que sua prática e seu conhecimento empírico o superam.

Verdade seja dita: Se eles estiverem falando dos próprios corpos, isso pode até ser uma verdade, mas protocolos generalizados se tornarão ineficazes e é por isso que a ciência deveria ser levada em consideração por essas pessoas, a fim de saber lidar adequadamente e de maneira segura com todos os indivíduos. Pois como estamos cansados de saber cada corpo é um corpo e o que me faz bem, pode te fazer mal. Por isso apostar só no empirismo pode ser um erro.

Algumas coisas que esses céticos costumam popularizar não podem ser aplicados a quaisquer indivíduos, portanto ao seguir uma recomendação dessa natureza, é importante que se atente aos mínimos detalhes e possíveis chances de erro.

Aliando a ciência à prática: a boa instrução baseada no empirismo

A melhor forma de instruir um indivíduo é aliando a ciência ao empirismo, a fim de fornecer uma prática segura e sem desconsiderar alguns aspectos práticos, visto que muito do que se descobre cientificamente está sob condições laboratoriais e estudos controlados, os quais podem funcionar um pouco diferente na prática.

Uma boa instrução começa baseada na ciência e não no empirismo. É necessário generalizar alguns protocolos para então conhecer as necessidades individuais de uma pessoa e fazer os ajustes necessários. É através da ciência que algo pode não dar totalmente certo, mas ao menos correrá de maneira mais segura, evitando contratempos.

Após essa generalização total, pode-se começar a observar as respostas individuais frente a um ou outro estímulo. Tendo um feedback dos resultados obtidos com esse ou aquele protocolo, é possível ajustar os pequenos detalhes para otimizar as questões individuais, e é justamente aí que entra a necessidade da ciência e do conhecimento prático, tido com o empirismo.

Portanto a ciência não andará distante da prática, mas em conjunto a ela.

Conclusão:

Se realmente queremos ter bons resultados na musculação, o conhecimento instrutivo correto deve ser primordialmente observado e somente após ele deve-se entrar o empirismo, que sem sombra de dúvidas é tão fundamental quanto o outro, se utilizado posteriormente a ele.

Assim, conhecer e individualizar processos após a generalização é a melhor forma de obter resultados máximos e sólidos, tendo menores chances de erros e possíveis contratempos e impossibilitações.

Bons treinos!

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