Aquele que nunca ouviu falar de um atleta machucado ou com algum tipo de injúria pela prática de atividade física provavelmente não vive no mesmo mundo que a maioria de nós mortais.
Isso porque não é infrequente assistirmos, lermos ou até mesmo presenciarmos atletas que de alguma forma se machucaram durante sua prática esportiva, seja com distensões musculares, ruptura tendíneas, fraturas óssea ou até mesmo um belo impacto lesando mas não comprometendo tanto assim algum tecido mole estrutural.
E não são só os atletas a nível profissional que protagonizam esses eventos: Esportistas em geral costumam protagonizar também. Afinal, quem nunca deu uma bela “topada” ou um torção jogando futebol ou fazendo qualquer outra coisa?
O que geralmente venho observando é que essa situação toda se agrava quando o assunto são os atletas, propriamente ditos.
Seu treinamento normalmente é a nível competitivo e objetivando sempre ser o melhor e conquistar o topo. Aliás, não conheço ninguém que pratique um esporte competitivo e vise o segundo ou, pior, o terceiro lugar.
E é essa busca por superar seus adversários, mas acima de tudo, superar a si mesmo que faz com que esse treinamento seja tão extremo e tão superativo a níveis humanos normais e naturais.
Todavia, devemos raciocinar da seguinte maneira: A mente não possui limites. Os únicos limites que podem existir dentro dela são os que nós mesmos criamos.
Por outro lado, o corpo é projetado de uma maneira física e, infelizmente a parte física tem muitos limites, muitos obstáculos e acima disso, muitas respostas positivas ou negativas que são dadas e/ou geradas diante de uma determinada situação. Resposta essa que pode ser conveniente ao objetivo do indivíduo ou pode ser totalmente contraditória a ele.
Porém, graças ao avanço não só das técnicas elaboradas, mas da indústria de alimentos, da indústria de fármacos e de muitas outras esses limites estão cada vez mais longe para serem atingidos, possibilitando uma enorme gama de possibilidades de desenvolvimento e caminho para tal aos homens.
Talvez seja justamente essa larga gama de possibilidades que introduza o conceito sobre impor limites, mas ao mesmo tempo não exercer um trabalho submáximo dentro do esporte.
Especificamente falando da musculação, isso é conveniente não só para que possamos treinar realmente “dando o nosso máximo”, mas sim dando o nosso máximo de fato.
Máximo esse que podemos dar e que supera nossos limites, mas ao mesmo tempo não nos expõe a qualquer tipo de risco, ocasionando futuramente um trabalho totalmente submáximo.
Contrapartida, não podemos nos render a fazer esse trabalho submáximo logo de cara, com medo da superação dos nossos próprios medos, barreiras e obstáculos.
Quantas vezes você entrou em uma academia, viu um indivíduo treinando de maneira totalmente pífia sem se quer fazer força e dizendo que aquilo é uma prevenção para não se machucar? E desde quando trabalho pesado é sinônimo de se machucar?
Por outro lado, quem nunca observou indivíduos “dando o máximo de si” com cargas exorbitantemente altas, uma execução lastimável e um risco eminente de lesões?
Sim, ele pode até estar OBJETIVANDO seu máximo desempenho, mas não faz por onde estabelecendo padrões do que é intensidade aliado ao trabalho coerentemente seguro e, de fato, eficaz.
Se pararmos para ver ambos os lados, cada um busca um certo objetivo, mas nenhum está alcançando pelo simples fato de achar coisas ao invés de seguir protocolos eficazes e coerentes.
O indivíduo ouve falar que intensidade é o máximo que se consegue fazer e entende isso como volume. Por outro lado, o primeiro caso entende que intensidade está necessariamente relacionado a lesões e, pasme, ganho de musculatura.
Percebe como há muita coisa não esclarecida aí?
Mas voltando ao que estava explicando, é necessário entender a onde deve começar a prudência dentro de um treinamento com máxima intensidade sem cair no erro de realizar treinamentos abaixo da capacidade máxima simplesmente pelo fato do medo.
Mas é óbvio que o trabalho com pesos, apesar de baixo, possui um risco eminente e que está presente em quase todos os exercícios.
Mas esse risco não está relacionado necessariamente com cargas altas. A maioria dos atletas que tenho visto se machucarem, foram com cargas relativamente baixas (perto do que levantam habitualmente) ou por falta de aquecimento mesmo.
Isso já começaria a sustentar a teoria de que um trabalho submáximo realizado inadequadamente também é sucessível a lesões…
A falta de prudência de alguns na musculação:
Agora irei falar sobre a falta de prudência de alguns na musculação e a realidade de alguns que se acham prudentes, mas estão apenas realizando treinamentos submáximos! Você é prudente? Soca peso? Ou realiza treinamentos submáximos?
Mas a onde começa essa prudência? Essa prudência começa, diria eu, primeiramente na mente. Se você acredita que é totalmente capaz de realizar algum movimento com determinada carga, então vá.
Se você acredita que talvez seja, por que não utilizar métodos de segurança e um ou dois parceiros de treino para um eventual acidente?
Proponha-se a um desafio o qual possa ou não superar. Mas jamais se proponha a um desafio que tem certeza que não pode superar. Uma coisa é tentar realizar um agachamento livre de 150kg com 160kg. Outra coisa bem diferente é dar um pulo dos 150kg para 250kg…
Aí me desculpem, mas isso se torna uma grande utopia das mais viajadas possível. Saber aonde está a realidade também é muito importante.
Aceitar que não é capaz de realizar algo POR ENQUANTO é primordial para visar um progresso futuro a curto, médio ou longo prazo.
Acima de tudo, saber ouvir o que seu corpo tem a dizer é a coisa mais esperta que se pode fazer quando se tem algum peso nas costas, nas mãos ou nas pernas, não é mesmo?
Quantas e quantas vezes vi atletas de powerlifiting tirando uma barra extremamente pesada do hack de agachamento e, em seguida guardando… Covardia?
Não! Prudência! Isso porque ele poderia até ser capaz de agachar, mas naquele momento bateu um enjoo, uma tontura, a barra foi tirada um pouco mais pensa para um lado. E aí é melhor perder aquele agachamento do que perder os agachamentos pelos próximos 6 meses, não é mesmo? E isso porque estamos falando de atletas profissionais.
Agora, o que leva um indivíduo com 35cm de braço dentro de uma academia querer porque querer levantar 100kg de supino para 8 repetições visando hipertrofia (porque 6 é pra força e 12 faz definir –risos-), pedir ajuda, realizar o movimento todo torto e quando o corpo esfriar, perceber que está com uma ruptura parcial no peitoral menor, maior ou a onde for…?
Isso significa que o indivíduo que está fazendo a coisa errada é melhor do que o profissional? Claro que não!
Pois bem… Você deve conhecer os seus limites, para então superá-los. Isso é como usar o medo ao seu favor. Quando se possui medo isso é ótimo, na medida preventiva.
Mas a partir de que esse medo se torna pavor ou simplesmente impossibilidade lógica de realizar determinada ação isso já significa não que você seja incapaz de realizar aquilo, mas que ainda não esteja suficientemente preparado para tal.
Isso também nos remete a pensar naqueles indivíduos que costumam treinar seus ligamentos, suas articulações e todo o corpo, com exceção da musculatura.
Quem nunca presenciou pessoas que acabaram de entrar em uma academia e, por influência desse ou daquele amigo começam a querer realizar movimentos complexos demais e julgam a instrução profissional pífia?
Entender de uma vez por todas que a prudência dentro da musculação é algo extremamente válido é buscar SIM progresso.
Ninguém (pelo menos me referindo a pessoas normais) vai querer que você deixe de desenvolver seu corpo dentro de uma academia. Porém, também não vão querer arrumar confusões com alunos ou praticantes de atividades físicas machucados.
Aliás, um jogador de futebol que se lesiona e mesmo assim está semi-recuperado, volta a jogar em um jogo importante?
Obviamente ele é poupado e não joga! E isso não o desqualifica, mas mostra a inteligência e visão horizontal da equipe técnica e médica.
Por fim, quero dizer que essa busca por resultados é de certa forma algo louvável em indivíduos. Mas essa mesma busca deve resultar em esperteza também.
Nada vem rápido e nada vem ao acaso. Se grandes nomes, grandes atletas, grandes profissionais e muitos outros hoje estão no patamar que estão, anos de treinamento foram dedicados para isso e, claro, muito tempo de dedicação foi desprendido também. Eles não nasceram grandes ou assim ficaram da noite para o dia.
Dentro da musculação, um treinamento submáximo é resultado de tempo perdido e frustração. Por outro, um treino inadequado também pode ser frustrante.
Por isso, balanceie sempre o grau de intensidade que você aplica em seus treinamentos visando um desempenho máximo do que se é capaz ou do pouco que se possa superar.
Não tente ser mais esperto do que o seu próprio corpo. Os resultados serão mais insatisfatórios do que você imagina.
Bons treinos!