Por que é mais fácil seguir o glamour fitness?

Tempo de Leitura: 6 minutos

As primeiras concepções de fitness surgiram em meados do final dos anos 60, com a primeira obra a respeito publicada pelo Dr. Cooper de nome “Aerobics”, a qual propunha melhorias para a saúde física do indivíduo a partir da prática de exercícios físicos. Mais tarde ainda, essas concepções passaram para o termo “wellness”, popularizado nos anos 80 a qual unia esses aspectos somente “físicos” e incluíam outros, como as inter-relações entre o bem-estar, envolvendo as concepções mentais, psicológicas, sociais, de autoestima entre outras.

Com o decorrer dos anos esses termos foram bastante difundidos, ao ponto de que, depois dos anos 2000 esse “boom” na era fitness causou e causa esse tremendo impacto, por hora positivo, por hora negativo, nos diversos seguimentos dentro e fora do esporte, podendo envolver desde os sociais, aos morais, aos mentais, físicos (claro) e etc.

Essa popularização absolta a qual cresceu e vem crescendo é resultado de um grande investimento o qual emerge muitas vezes muito mais do que uma verdade, mas uma imagem que esconde o marketing, a indústria, a lucratividade e principalmente a ilusão em muitos pontos. E, com essa caracterização demonstrada pelo chamado “fitness”, cria-se uma poderosa e nova era a qual é regrada por glamour, status e imagens criadas. Não é muito difícil vermos o sensacionalismo da propaganda fitness, por exemplo.

Como resultado, o ser humano, que sempre está buscando “estar em alta”, imerge nesse mar profundo e desconhecido e passa a entrar em um mundo que aparentemente gera resultados e ainda é mais fácil, glamouroso e que gera status. Mas, seria isso mesmo verdade? Seria o glamour fitness algo mais palpável e por hora que pudesse ser substituto de protocolos básicos?

A propaganda fitness

Você percebeu que talvez nos últimos 3 ou 4 anos parecem não existir mais atletas de bodybuilding nas propagandas relacionadas aos esportes de força? Aliás, isso ainda se estende às propagandas de suplementos alimentares, ergogênicos, roupas fitness, entre outros. Percebe ainda que os campeonatos de fisiculturismo abrangeram muito mais categorias relacionadas a ideia fitness, como o Men’s Physique? Pois bem, parece que pouco a pouco eles vem adentrando ao esporte e tomando espaço. Hoje, uma ou duas marcas famosas de suplementos alimentares no Brasil são patrocinadoras de panicats, modelos, apresentadores de TV e sabe-se mais Deus o que, e no entanto não patrocinam atletas de bodybuilding, que é a base do esporte. Todo aquele “básico” foi substituído por algo mais glamouroso, algo mais fino e com uma aparência muito mais aceitável, muito mais atrativa e capaz de gerar um impacto muito positivo nas pessoas e em seu consumo. Observe que é muito mais aceitável e muito mais “suave” aos olhos, olhar um corpinho na foto daquela propaganda a qual pareça muito fácil de ser seguido e esteja muito mas próximo de sua realidade. É muito mais fácil identificar-se com uma pessoa “aparentemente comum”, mas com um shape delineado do que com alguém “grande e definido” o qual parece ser inatingível aquele ponto. Basicamente, isso faz com que seja mais fácil vender, mais fácil a aceitação do público. E, indústria é movida à isso, então não podemos criticar a mesma em fazer seu real papel. Afinal, parece-lhe mais escondedor de segredos um bodybuilder com um corpo atípico ou alguém relativamente “normal” com apenas um bom corpo?

A propaganda, como dizem, é a alma do negócio, ou seja, a partir do momento que você convence o seu consumidor de que é possível ele obter alguma satisfação com aquele produto, então, ele o adquirirá. Sendo assim, convencidos de que conseguirão ser da “era fitness” eles passam a consumir tais produtos e agir de tais maneiras.

Mas essa propaganda é real?

Na verdade, em boa parte é. De fato com muitos dos métodos surgidos, é possível obter determinados e bons resultados. Entretanto, não podemos considerar que elas sejam verdadeira por completo. Em primeiro lugar, muitos enfeites são colocados em prol de deixar o produto (que pode ser desde um protocolo a um suplemento alimentar ou um alimento ou uma academia ou qualquer coisa do tipo) mais atrativo. Dessa forma, são criadas firulagens as quais encarecerão o mesmo, mas não o tornarão mais efetivo, pasme! Quer um exemplo análogo clássico? O indivíduo se sente “marombeiro” ingerindo 30g de albumina por dia, mas não se sente nada comendo 10 claras de ovos por dia, sendo que AMBOS SÃO AS MESMAS COISAS! Porem, a albumina está “fantasiada”, digamos assim…

Além das inúmeras firulagens que são colocadas, temos o fator moda: Ninguém quer estar fora da moda, não é mesmo? Então, se a moda é fazer isso, todos passam a fazer… Se a moda é usar isso ou aquilo (roupas coloridas e tênis reluzentes, por exemplo), então todos passam a usar também… Passam a acreditar que tapioca é melhor do que aveia… Passam a acreditar que whey se não for isolado engorda, passam a crer que o consumo de leite é prejudicial a todo indivíduo e por aí começam os modismos absurdos!

Inserido em um mundo social onde o indivíduo não quer estar fora de um grande ciclo social, ele passa a esquematizar-se dentro do estabelecido. E pior, junta o fato de NÃO querer esforços absolutos com a desculpa de estarem seguindo outros protocolos (por hora, glamorosos apenas, como já dito). Protocolos esses que muitas vezes não tem se quer cabimento…

Glamour X Resultados

Quando falamos nesses processos glamorosos, temos que ter muito cuidado com o principal efeito deles: gerar ou não resultados, e resultados que sejam concretos. Isso quer dizer que, por mais bonito que um protocolo seja, se ele não seguir parâmetros os quais possam levar a pessoa a ter suas conquistas alcançadas, ele pode ser considerado chulo, vago e ineficaz. Do contrário, se ele gera resultados tão ou mais satisfatórios do que protocolos simples e básicos, então aí a história será outra.

Observando nas academias de musculação as pessoas que mais possuem diferentes frescuras no treino são as que sempre estão estagnadas ou tentando progredir dentro de seu mundinho. Não é por acaso, quanto mais complexo um protocolo dietético, mais difícil de segui-lo. Quanto mais complexo um treinamento para um iniciante, mais difícil de segui-lo adequadamente. Isso, sem contar que na maioria dos casos leva-se em consideração que esses treinamentos acontecem de maneira submáxima, em uma espécie de undertraining. O corpo como bem sabemos, funciona com mecanismos de adaptações, sejam ela momentâneas ou a longo prazo, reguladas pelos inúmeros sistemas do corpo, como o muscular, o neurológico etc. Sendo assim, para que o corpo se adapte novamente, há uma necessidade de um estímulo maior, para que ele progrida e consequentemente evolua.

Quando vemos esses treinamentos totalmente glamorosos, vemos pessoas felizes, conseguindo praticar a atividade sem demandar muito esforço. Elas acreditam que por estarem fazendo aquela atividade, sem dor, sofrimento e esforço estão alcançando seu objetivo, quando, na verdade, não estão. Fico pensando o que se deve passar na cabeça de indivíduos que aparecem na televisão mostrando a nova aula que queima 1000Kcal que estão na mesma sorrindo e contando piadas… É como acreditar que um campeão de natação faça malabarismos, sorridentes na água em seu treinamento e mesmo assim conquiste uma prova olímpica… Bastante contraditório…

O mesmo ocorre com aqueles que acabam fazendo todas aquelas refeições glamorosas, mas não conseguem mantê-las no dia-a-dia. Adianta? Claro que não!

O problema não está no glamour em si da dieta ou do treino, mas está nos protocolos submáximos que são aderidos através desses. Se eles não possuem intensidade, então esqueça, os resultados estão perdidos por completo.

Fuja da moda, individualize seus protocolos

Estar na moda é algo relativamente bom. Porém, quando o assunto é obtenção de resultados corpóreos, ter algo individualmente projetado para você é ainda melhor e de fato eficaz.

Devemos entender que o corpo humano é muito mutável e com ele, a individualidade fisiobiológica, ocorre de pessoa para pessoa. Isso é, o seu corpo não reagirá igual ao de fulano ou ao e ciclano. Por isso, não há como dizer que haja uma concepção única a qual possa ser aderida, mas devemos entender que cada qual expressará suas próprias condições e necessidades. Assim, cada qual deverá comer de uma forma, treinar de uma forma, periodizar seu treinamento e descansar de uma forma e assim por diante.

Por isso, esqueça a moda ou os sistemas “mais bonitos”. Lembre-se que o sistema mais bonito é aquele que te trará resultados.

Conclusão:

Apesar de muitos serem os sistemas lançados diariamente os quais adentram a moda, a intensidade e a individualização deixam a desejar no mesmo, uma vez que estão suprindo necessidades psicológicas e sociais de indivíduos que querem achar que estão conseguindo algo. Na realidade, esses são protocolos os quais buscam imprimir uma satisfação que, na verdade não deveria ocorrer dentro das pessoas, as fazendo dar continuidade nesses métodos.

Portanto, lembre-se que você é único e merece um planejamento adequado e único para você.

Bons treinos!

Sobre o Autor do Post