
Sabe-se que a síndrome da imuno deficiência humana, da sigla em inglês HIV ou do português AIDS, é uma doença a qual é causada por um retrovírus que ataca as células do sistema imunológico, impedindo o corpo de promover seus efeitos defensores do corpo e deixando o indivíduo susceptível a ataques vírus e bactérias, causando doenças e problemas ao portador da AIDS.
Sabemos também que a AIDS, ou HIV, é bastante controlável, frente aos avanços da medicina. É possível a utilização de remédios com baixos efeitos colaterais (apesar de sua potência) os quais amenizam alguns sintomas da doença. É importante salientar que o HIV por si só não mata o indivíduo, mas os danos causados por ele nas células imunológicas podem resultar em complicações as quais levam o indivíduo à morte se ele não tiver o devido acompanhamento médico.
Existem alguns fatores no tratamento do HIV os quais podem melhorar ainda mais a qualidade de vida destes indivíduos que, por sua vez, podem ter longos períodos de vida absolutamente normal. Entre esses coadjuvantes está justamente a prática da musculação, que auxilia o mesmo em aspectos físicos, psicológicos e também metabólicos. Assim, logo de cara, pode-se dizer que sim, pessoas com HIV podem fazer musculação, e também devem aderir hábitos ativos de vida.
Portanto neste artigo, comentaremos um pouco mais de como a musculação pode auxiliar um indivíduo portador de HIV e, mais do que isso, como ela poderá auxiliar a promover também resultados estéticos desejados por eles.
Vamos entender um pouco mais a respeito?
Os efeitos fisiológicos da prática da musculação
Sabemos que os indivíduos portadores de HIV tendem a ter o sistema imunológico debilitado e sabemos que altos níveis de atividades físicas podem promover danos oxidativos em excesso, assim como danos relacionados a processos inflamatórios. Porém, este não seria um problema para uma pessoa com o sistema imunológico em perfeito estado, o que não é o caso do portador de HIV.
Isto não quer dizer que ele não deva e não possa praticar musculação com alta intensidade, mas que deve estar com o tratamento sempre em dia a fim de minimizar os danos causados por estímulos externos e para auxiliar na recuperação do corpo, que tende a ser mais lenta para pessoas que possuem esta doença.
Adaptando o corpo pouco a pouco e adicionando intensidade aos poucos, torna-se possível que o indivíduo pratique musculação e busque SIM resultados estéticos os quais serão muito satisfatórios se ele se dedicar e fizer tudo da maneira correta.
É possível ver também que os portadores de AIDS têm uma perda de massa muscular muito grande e desenvolvem processos de sarcopenia. Este catabolismo excessivo também pode ser controlado com a prática da musculação na medida em que, ela aumenta a produção de hormônios anabólicos, tais quais a testosterona, o GH e os IGFs, especialmente o IGF-1.
É imprescindível, entretanto, que os níveis de atividades estejam devidamente compatíveis com as necessidades e condições daquela pessoa, pois estamos buscando um estado anabólico ao corpo através do estímulo da musculação. Porém, ele pode se tornar um estado catabólico se os exercícios físicos estiverem em excesso. Recomendo, de uma maneira geral, para indivíduos que já estejam com a doença relativamente estável, que usem sistemas de treinamento como o MAX-OT. É importante utilizar ao máximo o recrutamento de fibras brancas no corpo para se ter eficiência no aumento e/ou na manutenção da massa magra para estes indivíduos.
Normalmente, portadores de HIV também tendem a ter altos índices de perda óssea. A musculação também pode melhorar o sistema musculoesquelético como um todo, ossos, articulações, ligamentos, tendões e outras estruturas moles.
Os efeitos físicos da musculação
Pessoas que possuem HIV também precisam ter cuidados extras com seu físico.
Primeiramente porque elas precisam estar com bons níveis de massa magra e com uma boa estrutura óssea para que possa ter uma boa qualidade de vida. Além disto, os próprios fatores estéticos são importantes, pois, indivíduos que começam a perder quantidades excessivas de peso ou mesmo modificar seu corpo podem não ter uma autoaceitação.
Certamente a musculação poderá melhorar estes aspectos também, visto que ela auxiliará no aumento e/ou na manutenção da massa magra, melhorará a força, a coordenação motora, a resistência e mesmo estruturas gerais do sistema musculoesquelético, como fora mencionado anteriormente.
Para um portador da AIDS convém praticar aeróbios?
Os aeróbios normalmente são utilizados com duas principais finalidades: Aumentar o gasto energético do indivíduo, com isso aumentar a sua capacidade de queimar gordura corpórea e/ou com a finalidade de aumentar a resistência e melhorar o sistema cardiovascular.
Sendo assim, os aeróbios podem ser vantajosos para indivíduos com AIDS por melhorarem aspectos cardiovasculares e a resistência, mas podem ser uma desvantagem frente ao gasto energético. Sendo assim, é importante dosar as quantidades e intensidades das atividades aeróbias praticadas para que se possa ter um bom balanço.
Ainda sim, é importante repor todos os gastos perdidos nestas atividades (tanto de macronutrientes quanto de micronutrientes). Sendo assim, essencialmente você pode precisar de alguns suplementos repositores de eletrólitos e talvez alguns carboidratos e proteínas a depender do caso. É importante dar ênfase na musculação e utilizar os treinamentos aeróbios apenas como coadjuvantes da sua busca por resultados.
Os efeitos psicológicos e sociais da musculação
Se você não possui nenhum tipo de doença, então, deve ser grato por isto. Doenças são sempre ruins e afetam não somente a pessoa que a possui, mas pessoas próximas também. E não é diferente com a AIDS, especialmente pelos níveis de preconceito que, infelizmente, ainda existem. Além disto, a própria distorção de imagem (ou a autoimagem em muitos casos) do indivíduo pode resultar em baixa autoestima ou mesmo a insatisfação consigo (a) mesmo (a). pensando desta forma, sim, a musculação também pode ser muito conveniente nestes casos.
Através das modificações corpóreas, conseguimos manter um corpo relativamente bom e em pleno funcionamento. Isto fará com que a forma como o indivíduo se vê, melhore muito e ele se sinta motivado. A musculação também promove a liberação de hormônios e neurotransmissores os quais são relacionados com a sensação de bem-estar e de prazer, e isto também contribui para os níveis de humor daquela pessoa. Entre eles, podemos citar a dopamina, a própria noradrenalina, a serotonina, entre outros.
A musculação também pode ser associada com processos de socialização. Não, não estou dizendo que você deva no meio do seu treino parar para conversar com aquela menina bonita ou com aquele rapaz alto e forte… Mas quero dizer que no ambiente da academia você irá poder fazer novos amigos, conhecer pessoas novas e que poderão te dar suporte mental também. Ter amigos é sempre bom, pois você nunca sabe quando precisará de algo, quando poderá contribuir para algo também e porque ninguém consegue viver sozinho e isolado. A socialização é importantíssima para o portador de AIDS que muitas vezes, devido ao preconceito, se sente excluído da sociedade.
Conclusão
A AIDS até alguns anos atrás era um TABU, mas hoje, é uma doença bastante estudada e conhecida, cujo tanto os métodos preventivos (que são ainda os melhores) quanto as formas de tratamentos (apesar de não haver cura para ela) são bastante entendidos pela maioria das pessoas.
Neste artigo, podemos entender que o portador da AIDS, se estiver com o tratamento em dia, pode, e deve, praticar a musculação sim, pois ela só irá trazer mais benefícios ao mesmo… Tanto metabólicos, quanto estéticos, psicológicos e sociais.
Bons treinos!