Como saber se é hora de dar uma ‘pausa’ na musculação?

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Não quero dizer que não venho trazer algo que é ressaltado na literatura científica há anos ou tampouco dizer que a ciência não seja um bom parâmetro para termos uma base de onde seguir, mas, acima de quaisquer desses fatos, quero falar a respeito de algo que venho cada vez mais observando em meu cotidiano, visto que estou dia-a-dia lidando com a musculação e com atletas bem como, uma experiência própria a qual venho tendo cada vez mais certeza: E, falo justamente de quando você deve saber dar um tempo com a musculação.

Pode parecer loucura, dizer “dar um tempo com a musculação”, entretanto, essa pode ser a base para que você consolide resultados firmes e duradouros, sem ficar naquele efeitos de “idas e vindas” deixando uma época de treinar e, passando outra época se matando de treinar.

Mas, parece confuso dizer que “dar um tempo na musculação” é uma forma de fazê-lo “continuar praticando musculação constantemente?”. Sim, concordo, porém, ao decorrer deste artigo, você entenderá melhor esses princípios.

 

Excessos de treinamentos

Arrisco em dizer que mais da metade das desistências da musculação, ou de outro esporte, é porque ele não traz o mesmo prazer que trazia nos primeiros dias de sua prática para as pessoas. Ainda, arrisco dizer que mesmo quem continua arduamente em algum esporte e, por ventura, tem algum problema, esse não se deve a falta de esforço, mas sim, ao excesso de esforço o qual o corpo não consegue mais administrar adequadamente.

Não é nem um pouco incomum vermos atletas de ponta tendo fases de caída de performance. Normalmente isso é resultante de muito treinamento e de processos como o overreaching ou mesmo o overtraining.

Além disso, temos de associar que esses fatos estão normalmente intimamente ligados com pressões psicológicas. Por exemplo, suponhamos um jogador de futebol que ao tempo todo é cobrado pelos técnicos, pela diretoria do clube, por seus amigos e familiares, pela torcida…

É muito provável que, especialmente se ele não tiver boa estrutura, venha ter problemas na sua performance. O mesmo se dá ao praticante de musculação que está refém da sociedade e da mídia e quer atingir um corpo bom e, de maneira rápida. Sendo pressionado de todos os lados, ele acha que deve dar o melhor de si, mas, após um tampo passa a não conseguir mais dar esse melhor.

Mas, se estamos falando para você desacelerar em alguns momentos na prática da musculação, então, temos de explicar quais são os resultados de não dar esse break nessa prática. Entre eles, podemos mencionar:

Overreaching:

Caracterizado por um estágio antes do overtraining, onde o indivíduo está em estresse crônico, fadiga, mas que em poucos dias de descanso pode ser resolvido.

Overtraining:

Caracterizado por intensa fadiga a qual pode requerer métodos específicos de nutrição, abstenção de atividades físicas, medicação específica e, em casos extremos outros procedimentos médicos e terapêuticos.

Sindrome de Bunout:

Essa é uma síndrome caracterizada pela pressão no excesso de treinamento somado coma pressão psicológica. Normalmente o indivíduo não se recupera tão fácil e uma síndrome de Burnout e, por sinal, essa é extremamente comum entre atletas. Normalmente o indivíduo perde totalmente o interesse pela prática esportiva a qual está realizando. Ele chega a desenvolver uma aversão dela, muitas vezes.

Síndrome de Crushing:

Caracterizada, especialmente por fadiga adrenal, o que pode resultar em alterações nos níveis de insulina e outros hormônios no corpo.

Como dar uma pausa na musculação?

Quando falamos em “dar uma pausa”, não estamos falando deixar os treinamentos de lado, mas sim, se importar com os dias de descanso que você proporciona ao seu corpo frente a intensidade de cada treino, a divisão geral de seus treinos e também a uma periodização, a qual pode ser considerada essencial para um planejamento qualquer e, de qualquer esporte.

Em primeiro lugar, temos de observar como está a nossa divisão de treino de uma maneira geral. Para a maioria das pessoas, cerca de 3-4 vezes semanais de treinamento estão de bom grado.

Para alguns indivíduos, até 5 vezes ainda pode ser considerada uma boa margem. Se você está treinando frequentemente, seu corpo nunca se recupera (e traz aspectos de supercompensação) para ter treinos mais intensos. Então, é bem provável que você não esteja progredindo nos seus treinos.

Em segundo, é necessário considerar uma periodização e, preferencialmente uma periodização estimulante. Isso porque, cada nova  fase que buscamos na periodização, temos um novo desafio pela frente. E, se por acaso aquilo estiver aquém do que podemos fazer, não teremos estímulos suficientes.

A periodização do treinamento, por exemplo, pode ser feita em um ano, dedicando períodos para ganho de força, ganho de massa muscular, redução de gordura corpórea e assim por diante. Vale a pena para ter uma boa periodização o auxilio profissional.

Em terceiro lugar, é muito importante que essa periodização exija também um tempo de descanso absoluto e, não necessita ser  por um longo período. Uma ou duas semanas no máximo, auxiliarão seu corpo a se restabelecer de um sistema árduo de treino durante todo ano.

Ainda, esse período  de “descanso”, pode envolver períodos com um pouco menos de intensidade nos treinamentos, treinos esporádicos e assim por diante. Lembre-se de que seu corpo não é uma máquina e, sendo assim, você necessita dar uma pausa para ele também.

Por mais que você pense em formas de acelerar sua recuperação, como com o uso de erogênicos hormonais, seu corpo precisa de DESCANSO! Você até consegue mascarar isso por um tempo, mas, certamente não conseguirá por longos períodos.

A desistência pelo excesso de treinamentos

Há algo que a literatura vem relatando cada vez mais: A desistência pelo excesso de treinamento. De uma maneira geral, pessoas as quais buscam intensamente objetivos e, portanto, treinam sem quaisquer parâmetros de descanso, normalmente começam a entrar em estados de fadiga extrema. Porém, essa fadiga não é unicamente física, mas, psicológica também. Isso faz com que grande parte desses indivíduos acabe desistindo da prática da musculação.

Primeiramente, porque estarão “cheios” de fazer as mesmas coisas e seguir uma rotina específica. Segundo, porque passam a não ter mais tantos resultados ou ainda, passam a regredir, o que causa um desânimo total pelo que já construíram e, terceiro, porque acabam muitas vezes se lesionando e, algumas lesões podem ser tão graves que tirarão você de seus treinamentos.

Desistir de praticar musculação é muito pior do que considerar todos os fatores anteriormente citados, como o descanso ou umas “férias” da prática da musculação. Certamente, sendo mais equilibrado, você continuará a prática e, portanto, irá adquirir resultados cada vez mais sólidos.

Conclusão:

A prática da musculação é extremamente interessante para as mais diferentes finalidades. E, sabe-se que, independente de quais sejam os seus resultados, é mais do que fundamental que você seja disciplinado e dedicado.

Entretanto, a prática da musculação pode ser uma faca de dois gumes, visto que protocolos incoerentes podem levar o individuo a uma extrema fadiga, podendo ocasionar lesões, desistência por fadiga mental e/ou física e até mesmo uma aversão ao esporte.

Portanto, seja sempre equilibrado em seus protocolos e sempre busque auxílio profissional. Isso será fundamental para a construção de resultados sólidos e duradouros.

Bons treinos!

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