Hoje nas academias cada vez mais vemos a modernização a favor do esporte. Podemos reparar nas infinidades de equipamentos e máquinas que temos a nossa disposição para realizar um treino cada vez mais focado. Porém, mesmo como toda essa tecnologia ao nosso dispor, ainda vemos pessoas que rejeitam e utilizam de frases, como “no passado não existem máquinas e os shapes eram melhores que hoje”, para justificar o treino apenas com barras, pesos e halteres.

É inegável que o treino com os equipamentos básicos possuem diversos benefícios e que sim, um treino pode ser realizado somente com eles de forma completa (https://dicasdemusculacao.org/possivel-realizar-um-treino-completo-apenas-com-barras-halteres/), porém a tecnologia não veio para atrasar o ser humano e sim para te dar mais possibilidade de alcançar algo que ainda não foi explorado. E isso não é diferente na musculação. As máquinas vieram para suprir algumas necessidades que barras e halteres não conseguem e elas não devem ser negligenciadas.
Como são muitos os adeptos da “old school” e que deixam de aproveitar os benefícios das máquinas, resolvi escrever um artigo para falar quando é necessário buscar fazer o exercício pela máquina e não com barras e halteres. Tenho certeza que no final do artigo você irá ver o seu treino de uma forma diferente, mesmo que seja o cabeça dura old school.
Antes de ler o artigo, recomendo a leitura dos seguintes artigos:
- https://dicasdemusculacao.org/aprenda-importancia-das-maquinas-para-o-treino-de-musculacao/
- https://dicasdemusculacao.org/treinar-usando-maquinas-ou-pesos-livres/
Porém não deixe de ler o texto completo, pois um é complemento do outro. O que você aprendeu no vídeo, será complementado com o texto e assim você irá sair daqui com um conhecimento muito mais rico e tendo a real noção de como utilizar a melhor forma.
# Para conseguir um maior isolamento do músculo
Por mais concentrado que façamos um movimento livre, ele sempre tenderá a seguir a biomecânica natural de nosso corpo, a qual nunca é exatamente perfeita a olhos científicos, mas se adequa as nossas necessidades, fazendo apenas com que ela seja individualmente perfeita. Porém, a limitação do movimento fica muito mais difícil, pois, em primeiro lugar, há a exaustão dos músculos auxiliares e dos estabilizadores, que tendem a fadigar antes dos músculos principais, causando certa desestabilidade no movimento.
Já com as máquinas, esses músculos são muito menos fadigados e mesmo que sejam, a máquina promoverá uma estabilidade a qual proporcionará um isolamento mais eficaz.
Além disso, as máquinas permitem menores chances de utilização de músculos auxiliares que não fazem parte do movimento. Por exemplo, é muito mais fácil roubar em uma rosca direta com hiperextensões lombares do que em uma máquina Scott, assim como é muito mais fácil realizar arqueamentos com a coluna no supino reto livre do que em uma máquina de chest press.
Portanto, se o objetivo é isolar ao máximo o músculo, principalmente em finalizações de treinos, as máquinas são muito convenientes.

# Para alguns tipos de lesões
Obviamente quando falamos de lesões e treinamento, estamos nos referindo a algum problema crônico, e não uma lesão que ocorreu por descuido. Por exemplo, não estamos falando em treinar após uma inflamação aguda no manguito rotador, mas algum problema não curável e que você tenha que aprender a conviver com ele e adaptar seu treinamento sobre essas necessidades, com exercícios e artifícios convenientes.
As máquinas podem proporcionar um trabalho mais seguro e que tire alguma parte conveniente do movimento original. Elas, muitas vezes nos permitem um trabalho o qual exija certa resistência feita pela máquina e não pelo peso em si em relação com a gravidade. Por exemplo, podemos trabalhar em angulações menores do que 0º na extensão de joelhos, na cadeira extensora, podendo esse variar de 45º em diante ou menor do que isso, podemos trabalhar com resistências na fase excêntrica na máquina Scott, deixando para o atleta trabalhar apenas a fase concêntrica com o peso da máquina, podemos trabalhar com algumas isometrias para deltoides na elevação lateral (máquina) etc.
Vale avaliar cada caso específico e assim que possível também, trabalhar exercícios livres, uma vez que esses proporcionarão novamente um bom trabalho intermuscular e não apenas intramuscular.
# Quando você treina com alta intensidade sem uma pessoa a qual lhe dê suporte necessário
Há alguns atletas que costumam treinar com muita carga. Isso, obviamente é bom, mas muitas vezes pode causar algumas boas limitações. Mesmo alguns exercícios com pouca carga podem ocasionar limitações caso não haja um suporte necessário, como o supino reto, o qual não precisa estar com muito peso para, em um acidente, machucar o seu pescoço ou causar uma bela lesão nos ombros.
No caso de atletas que treinam em alta intensidade, os pesos livres normalmente são muito convenientes. Entretanto, sem ajuda isso pode ser impossível. Vejamos por exemplo, o caso de um desenvolvimento para ombros com halteres. Como erguer os dois halteres simultaneamente desde o chão caso eles estejam com muito peso? Até mesmo atletas renomeados como Nasser El Sonbaty ou Lee Priest dependiam da passagem de halteres nesse exercício. O agachamento livre sem um devido suporte, também mostra-se muito perigoso. E assim por diante.
Dessa forma, é importante que se tenha o bom senso e em muitos casos passe a usar máquinas ao invés de pesos livres. Antes, perder um pouco de trabalho composto e multiarticular do que obter uma lesão que impossibilite-o de treinar para o resto de sua vida ou que lhe cause sérias limitações.
# Quando você quer reduzir o estresse articular
Exercícios multiarticulares livres, normalmente recrutam uma gama de articulações muito grande e possuem uma boa instabilidade nelas. Não é a toa que muitas vezes temos de usar faixar de joelhos, munhequeiras ou até mesmo algum tipo de bandagem. Já os exercícios em máquinas possuem uma estabilidade relativamente maior a qual diminuir esse impacto nas articulações e não causam desestabilidades.
Há épocas no ano que necessitamos diminuir essa sobrecarga articular. Um desses momentos é durante a fase de redução de gordura corpórea, ou para atletas a fase de depleção de carboidratos, a qual estamos naturalmente com as articulações muito desidratadas e propensas a gerar um desgaste maior e uma lesão.
Casos em que há alguma doença degenerativa articular, as máquinas também podem ser avaliadas e entrarem em possibilidade de uso. Vale estudar o caso de maneira individual e específica.
# Quando você deseja utilizar bi-sets, tri-sets e outras séries compostas
Séries compostas ou os bi-sets (quando há apenas intercalação entre séries de dois exercícios e tri-sets quando há intercalação entre séries de três exercícios) são séries as quais utilizam mais de um exercício conjugando (sem descanso) suas séries. Por exemplo, um clássico bi-set seria a utilização do peck-deck e em seguida uma série no supino inclinado para peitorais.
Entretanto, quando utilizamos bi-sets, principalmente para os músculos grandes, estamos falando da utilização de exercícios que são compostos (pelo menos um deles) e que recrutam muitos músculos auxiliares e estabilizadores. Dessa forma, é conveniente que se use algum tipo de máquina a fim de reduzir esse desgaste prévio ou procedente, no segundo exercício, uma vez que isso, inclusive auxiliará prevenir lesões e até mesmo acidentes.
Assim, você pode optar por realizar todas as suas séries compostas em máquinas ou pelo menos 50% dos exercícios delas em máquinas.
# Quando você tem problemas posturais
Muitos casos, os problemas posturais são reflexos de treinamentos incorretos aliado a algum tipo de problema genético. Entretanto, esses são sérios problemas que tendem a se agravar com o passar dos anos.
Há duas linhas de pensamento para a correção desse problema. A primeira delas fala que a coordenação intermuscular é conveniente a ser recrutada, logo devemos utilizar exercícios livres, mas biomecanicamente da melhor forma possível e correta, não nos dando importância ao peso, mas a execução do exercício e com a correção da postura.
A outra linha, diz que é mais seguro quando não queremos ter redução na carga utilizada a depender um pouco de máquinas. Entretanto, é importantíssimo e fundamental que tenhamos em mente que essas máquinas devem ser de boa qualidade, a fim de não causar mais problemas ainda. Há muitas máquinas de baixa e má qualidade no mercado hoje a qual oferecem um suporte muito ruim ao se utilizador. Portanto, é mais do que fundamental que possamos conhecer os princípios de cada equipamento, buscar um pouco mais a respeito a fim de não cometer mais erros subsequentes.
Conclusão:
Muitas vertentes são a favor e contra o uso de máquinas. Incontestavelmente elas podem ter uma interessante utilidade, desde que bem aplicadas e desde que sejam de boa qualidade.
Há muitos os casos em que as máquinas são superiores aos pesos livres, tidos muitas vezes como os salvadores da musculação. Entre eles há de se citar problemas relacionados com lesões, com adaptações, com casos de patogenias, má postura, com a necessidade de segurança, com o aumento da intensidade ou mesmo na falta de um parceiro.
Por isso, avalie seu caso específico e suas necessidades e trace os melhores planos aos seus treinos. Busque orientação profissional, isso é fundamental!
Bons treinos!