Um assunto que ultimamente vem “bombando” muito na internet, são os laudos espalhados pelas redes sociais das análises dos suplementos alimentares nacionais. Nestes laudos constam que a maioria das empresas nacionais não estão cumprindo o que dizem nos rótulos dos suplementos.

Esse é um assunto que vem preocupando a muitos usuários de suplementos e muitos deles estão passando a deixar de usar por conta destes laudos e divulgações. Mas será que realmente é para tudo isso mesmo? Será que é tão preocupante assim? Vamos debater neste artigo.
Não é segredo para ninguém que quaisquer produtos industrializados podem sofrer adulterações: Desde os alimentos, até produtos para higiene, produtos e bens de consumo e também os próprios suplementos alimentares e/ou ergogênicos.
Visto o aumento nas adulterações que efetivamente existem, sejam elas decorrentes da má fé de seu (s) produtor (es), por negligência ou até mesmo por inadequações nos processos de produção, a legislação não só brasileira, mas mundial, tem sido cada vez mais eficiente na fiscalização dos fins daquele ou daqueles determinados produtos, representando assim ao consumidor uma possibilidade cada vez maior de consumir realmente o que deseja, sem ser ludibriado ou, pelo menos, com menores chances disto ocorrer. Mas, e quando essas fiscalizações não são tão eficazes assim ou sofrem uma real corrupção para liberação de tais? Será que isso pode representar um grande problema ao consumidor?
Indice / Sumário
As adulterações realmente existem!
Uma coisa inegável para quem é do “mundo” dos suplementos é que sim, as adulterações SEMPRE existiram e isso não é de hoje. Inúmeras vezes lotes, larga quantidade de amostras e outros foram avaliados provando que realmente há algo de errado com X ou Y produto. Processos são abertos, adequações, ressarcimentos e indenizações são realizados e a verdade é que nunca vai muito além disso. O que acontecia era que estas adulterações não eram divulgadas de forma ampla, mas elas sempre estiveram por ai e em sua maioria, de forma legal.
Não é extremamente frequente que aconteça isso no Brasil, visto que ao que parece é preferível adulterações sempre para menos do que para mais. Entretanto, não é incomum vermos inúmeros os produtos os quais são diariamente selecionados e retirados do mercado internacional pela FDA (ANVISA dos EUA) por conterem algum tipo de substância classificada como perigosa para a saúde, sem comprovação científica ou até mesmo proibida pelo dopping. E também, não é a toa a consequência que essas adulterações podem trazer tanto em assuntos relacionados à saúde do indivíduo, quanto a sua performance.
Repetidamente vemos as mesmas empresas no mercado, utilizando nomes diferentes para que possam inserir novamente o mesmo produto no mercado. Muitas das vezes estes produtos voltam ao mercado com a revisão correta e sem adulterações ou com adulterações dentro da lei. Porém alguns outros produtos simplesmente voltam da mesma maneira que foram retirados ou voltam ainda pior!
E ai fica a dúvida: De quem é a culpa? Dos consumidores que voltam a comprar o mesmo produto? Das empresas que parecem não estar se importando com a má qualidade ou do órgão regulamentador que parece não estar fiscalizando? Incompetência ou incentivos? Essa pergunta eu deixarei para vocês mesmo responderem…
Verdade seja dita: muitas destas adulterações que acontecem estão dentro do parâmetro legal, que é de até 20% de sua concentração, seja para mais ou para menos. Portanto, os produtos dentro desta margem, são legais e não são de má fé, pois a empresa se preocupou em estar dento da margem de erro, que certamente irá existir em qualquer produto industrializado. O problema maior são as empresas que estão além desta margem e problema maior ainda são de empresas que prometem um produto, por exemplo, com zero de carboidrato, mas na verdade seu produto tem 20g de carboidrato. Esses sim, são os verdadeiros venenos.
E estas adulterações podem ser prejudiciais a nossa saúde?
Sim, podem ser prejudiciais de diversas formas. Como citado acima, as adulterações mais preocupantes são quando ultrapassam a margem de erro estabelecida pelo órgão regulamentador ou quando empresas por má fé decidem colocar substâncias nos produtos que não deveriam estar ali. Vou citar alguns exemplos para vocês:
– Imaginemos um indivíduo, como eu, intolerante EXTREMO à lactose. Compro uma proteína do soro do leite isolada com ausência total de carboidratos e de lactose (pelo menos assim declarado do rótulo). Por conseguinte, ingiro aquele produto e começo a passar mal. Faço exames e vejo que estou ingerindo lactose. Tudo bem, dificilmente isso me acarretaria muito mais do que algumas muitas dores de barriga. Mas, e se estivéssemos dando aquela proteína para uma criança? E se isso a levasse a um nível extremo de desidratação por conta de diarreias, por exemplo? Sim, isso poderia levá-la à morte. Será que o dano não poderia ser considerado muito maior? É, o problema vai bem mais além…
– Imagine uma pessoa que seja alérgica à caseína ou que possua doença celíaca. Consumir alimentos, respectivamente, do leite e que contenham glúten podem simplesmente acabar com essa pessoa ou, em casos mais extremos ainda, levar a problemas neurológicos, deixando-a viva, mas com fortes sequelas.
Muitos estão parecendo brincar com algo que é extremamente sério e que deve ser levado em consideração, mas infelizmente são poucos os que abrem os olhos não só para essa realidade, mas para a busca dos seus direitos em si.
Diante de inúmeros mitos e diante desse mercado escuro o qual não enxergamos, fica difícil diferenciar os verdadeiros dos pilantras. Muitas vezes somos carentes não só da informação básica e precisa, mas até mesmo da integridade e existência de muitas empresas as quais não necessariamente se demonstram como de fato são.
Apenas uma análise não é tão relevante assim
Isso mesmo! Quando falamos de fundamentos científicos, devemos saber que, quanto maior o número de amostras, melhor então será a precisão e a realidade do resultado. É o caso, por exemplo, que acontecem com muitas pesquisas científicas as quais não tem dados relevantes. Essas pesquisas não são colocadas a público, pois seus dados de amostras são pequenos, o que comprometeria todo o estudo e poderia causar uma ideia errada nos leitores.
Isso não quer dizer que qualquer erro possa acontecer com apenas uma análise de uma amostra, mas sim, que a precisão a qual conseguimos obter com um número bastante superior é bem maior.
Portanto, da mesma forma que podemos desconfiar da falsificação de produtos por parte de seus produtores, podemos também desconfiar por parte de quem faz a análise! O ideal é que você não deixe apenas se levar por laudos soltos na internet, pegue uma amostra você e envie e um laboratório de sua confiança, faça uma análise e compare com as análises soltas na internet. A partir dai você terá uma maior precisão e ideia sobre a adulteração ou não de determinado produto.

Não quero questionar a integridade de quaisquer empresas e tampouco dos analistas que divulgam seus laudos, mas quero destacar as modificações que podem ocorrer nesses processos, envolvendo desde um produto que por acaso não estava em boas condições, da mesma forma que, podem haver produtos que estejam todos em más condições e impróprios para o uso.
Sejamos um pouco mais espertos e não vamos sair acreditando em tudo o que vemos, afinal, o capitalismo e a busca pelo “quero sempre mais” está aí!
A porcentagem de proteína é somente o que importa?
Pelo o que tenho visto nesta onda de análise de suplementos é que os analistas de suplementos ou os que se deixam levar por uma onda de bobeiras ditas, se importam unicamente com a quantidade de proteína presente em um produto, como se isso fosse apenas o que importasse, sem levar em conta aspectos fundamentais, como a qualidade e pureza da proteína, a matéria prima, os processos de obtenção e industrialização, o perfil de aminoácidos, a adição ou não de aminoácidos e compostos peptídicos (como a creatina, por exemplo) etc. Além disso, nos convém saber de dois fatores frente as quantidades de proteínas presentes nos produtos:
1- Como dito acima (e você já deve estar cansado de ler), segundo a legislação brasileira, as proteínas podem apresentar margem de erro de até 20%, ou seja, um produto que declare ter 78% de concentração proteica e tem 70% ou até mesmo, no limitante 58%, não está inadequado (pelo menos não teoricamente).
2- Quando falamos de alimentos e matérias primas que sofrem variabilidade frente a inúmeros fatores, não podemos querer precisões e exatidões. Por exemplo: Analogicamente, um solo de determinada região, rico em zinco, que cultiva batatas apresentará maior disponibilidade desse nutriente para o alimento e então o alimento tenderá a ser mais rico em tal. Entretanto, uma mesma batata é produzida em um solo sem altos teores de zinco. O que acontece se elaborarmos uma tabela nutricional? Haverá uma diferenciação e isso não necessariamente quer dizer que ambas estejam alteradas.
Assim é com a matéria prima dos suplementos, portanto, nada de choques!
Devemos ainda saber que as proteínas não são a única coisa importante em um produto. Existem INÚMEROS produtos com baixa concentração proteica e que mesmo assim são ótimas fontes de proteínas, vide, por exemplo a ProtoWhey da BNRG.
Portanto, não vale a pena só dar atenção à proteína! Atente-se também aos outros fatores tão ou mais importantes.
Dicas para que você possa comprar suplementos
Em meio a tantos produtos que hoje existem no mercado de suplementos alimentares e, principalmente, em meio a tantos mitos, verdades, reclamações, sugestões, recomendações e outras tantas categorias “informativas”, fica realmente difícil saber por qual ou por quais marcas e produtos optar, não é mesmo?
Antes de mais nada é bastante importante deixar claro que todas as marcas trabalham com produtos de primeira e segunda linha, de maneira explícita e sincera ou não. Isso é devido à necessidade de haver compradores de todas as classes financeiras, possibilitando e fazendo, desde o menos provido de boas condições ao mais bem provido adquirir os produtos daquela empresa. E é muito disso que as diferencia, na idoneidade em declarar isso ou não. Desta forma, podemos utilizar dicas básicas na hora de escolher nossos suplementos:
- SEMPRE procure optar e consumir a primeira linha (principalmente caso você tenha boas condições financeiras) de uma empresa;
- Não caia em papos de vendedores! Assim como quaisquer profissões, eles necessitarão vender seu produto, seja ele qual for. Desta forma, a arte da persuasão ao consumidor e principalmente ao consumidor leigo pode ser bastante evidente. Muitas vezes, o vendedor até expressará a realidade do suplemento, mas utilizando modos os quais façam aquilo apresentar algo significativamente bom ao seu consumidor, fazendo com que o mesmo acabe dentro de uma grande ilusão e então adquira o produto;
- Não acredite necessariamente nos rótulos de suplementos, mas sim no que laboratorialmente já é comprovado por mais de uma análise ou por uma gama delas;
- Preferencialmente, opte por produtos os quais não são alvos de polêmicas e principalmente por produtos os quais já tenham certo nome e credibilidade no mercado;
- Trace suas próprias conclusões a respeito de suplementos: Com a utilização de diversos suplementos, algo que só vem com a experiência, você deve começar a observar o que tem sido mais ou menos útil para você, individualmente, traçando seu próprio plano de suplementos e, claro, opões de produtos.
Logicamente, essas são pequenas dicas úteis que podem ser usadas de princípio, porém, cada um terá suas melhores formas de decidir a qual (is) suplemento (s) escolher.
Conclusão:
Não é de princípio do site fazer quaisquer tipos de propagandas de marcas específicas e esse é um dos motivos pelos quais aqui não foram citadas quaisquer tipos de empresas. Entretanto, o consumidor merece respeito e, respeito esse que venha desde as empresas as quais o fornecem o suplemento para consumo, quando respeito por parte de empresas que fazem a venda do produto.
Observando os fatos acima, concluímos que a adulteração dos suplementos pode ser preocupante sim, devido a má fé das empresas, porém algumas adulterações estão dentro da lei brasileira e portanto não podem nem ser consideradas adulterações. Concluímos também que os laudos soltos na internet podem ser válidos sim, mas não únicos e não estão absolutamente certos. O mais correto é buscarmos pelo menos 3 laudos de empresas diferentes e fazermos um comparativo entre eles. Não julgue uma pessoa/empresa apenas por que outro esta falando mal da mesma.
Espero que o artigo tenha sido esclarecedor para você e que você tenha tirado bastante duvidas a respeitos das adulterações dos suplementos que estão sendo jogadas nas redes sociais.
Bons treinos!
Artigo escrito por:
Esse alarde todo refere-se ao why protein e o ponto que tem levantado tanta preocupação, independente do tipo e fonte de proteína, é que em diversos produtos estamos pagando caro pela PROTEÍNA (porque quem compra um whey protein quer proteína e não ouyra coisa) mas estamos levando grandes quantidades de maltodextrina, que é barata e ainda alguns percentuais mais altos do que deveriam de gorduras… e isso pra mim é MUITO preocupante sim.
A grande questão é que os próprios métodos de análise possuem um intervalo de confiança, na grande maioria das vezes utiliza-se 95%, ou seja, 5% de erro. Acredito q o método para a análise proteica esteja sendo realizado por espectroscopia de absorção molecular, mas nunca se sabe, pois nos vídeos não me lembro de ter sido mencionado. Este erro somado ao erro nos processos de produção causam esse efeito de que existem grandes diferenças dos resultados laboratoriais para os rótulos. De maneira alguma estou defendendo empresas que estão lesionando o consumidor, mas também não podemos tirar conclusões à respeito de uma determinada empresa só a partir de uma analise. Até a Whey da Optimum não possui a concentração indicada no rótulo e nem por isso é um produto ruim…
Marcelo eu li todo o artigo e realmente concordo com todo seu ponto de vista. Mas mesmo assim gostaria de saber quais das marcas nacionais você recomenda? Obrigado!
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Não recomendo marcas. Entretanto, sou fã de AST Sport Science, VPX e Muscletech!
Que conversa. Proteína é proteína, todas as empresas que fabricam e têm certificação têm seus próprios laboratórios para conferir seu produto. Ou vendem proteína ou não vendem. Não tem erro para margem. Você pode me dizer que um lote pode ter 70% e outro lote do mesmo produto tem 65% e eu aceito, mas isso tem que estar escrito nos rótulos e mais nada.
Segundo os laudos, existem algumas empresas que tem exatamente a quantidade de proteína informada nos rótulos, ou até um pouco mais da concentração. Por isso, a empresa que queira se firmar no mercado tem que informar e conter a quantidade certa da proteína. Eu, por exemplo, não compraria um whey que tivesse com a margem de -10 ou 20%. Se compro um whey que diz ter a quantidade de proteína no rotulo é porque quero e preciso consumir aquela quantidade por dose. Acredito que os laudos que estão nas redes sociais são verdadeiros e estou me baseando por eles na compra dos meus suplementos. Um outro ponto muito IMPORTANTE é que essas empresas estão prejudicando os profissionais de nutrição, os consumidores intolerantes a lactose, carboidratos, glúten, etc e os lojistas, independente dos lojistas saberem um pouco o que acontecem por trás da produção de cada marca. Isso é caso de saúde publica e essas empresas devem ser punidas, ou até mesmo extintas. Só os fortes sobrevivem!!!
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O problema todo é que essa margem de erro é necessária, pois como falamos no artigo, existem diferentes tipos matéria-prima, método de produção, armazenamento e blá blá blá. Então é impossível que qualquer produto industrializado ter exatamente aquilo que foi descrito. De resto concordo com você, precisamos ficar atentos com essas adulterações que dizem não ter tal substâncias, mas existe no produto. Exemplo, são suplementos proteicos que tem mais carboidrato do que proteínas… Temos que ficar de olhos abertos.