Muito provavelmente você já deve ter ouvido falar no termo “treino funcional”. Atualmente, este tem sido um método muito utilizado nas academias a fim não somente de motivar pessoas a seguirem dados protocolos necessários para um bom físico e uma boa saúde, mas também para incrementar princípios os quais muitas vezes não são totalmente obtidos com a musculação tradicional.
O treinamento funcional, talvez não seja bem escrito por seu próprio nome, pois existiria um treino que “funcionasse” e outros treinos que “não funcionassem”? Na realidade, este termo deveria nos remeter ao pensamento de que ele trata-se de uma forma auxiliar, ou complementar, uma prática convencional, utilizado de métodos e artifícios os quais trazem dinâmica ao treinamento, buscando melhorar algumas capacidades específicas do corpo.
Mas, afinal, o que o treinamento funcional tem de diferente? No que ele pode ser melhor ou pior do que a musculação convencional? Quaisquer indivíduos podem praticar este tipo de treino? Como é possível otimizá-lo ou como é possível aliá-lo com a prática da musculação?
Se você quer entender um pouco mais a respeito e obter a resposta para essas e outras tantas dúvidas, recomendo que prossiga neste artigo feito para você.
Indice / Sumário
O que é o treinamento funcional?
O treinamento funcional é um tipo de treino o qual tem como base os movimentos naturais do corpo, como pular, correr, puxar, abaixar (agachar), levantar, saltar, girar etc. Sendo assim, este treino visa aprimorar essas funções, otimizando capacidades como a força, o equilíbrio, a coordenação motora, a agilidade, o sistema cardiovascular e cardiorrespiratório e etc.
De uma forma geral, por ser extremamente natural, ele faz com que o individuo fuja daqueles mesmos movimentos propostos com a prática da musculação. Dito de maneira simplória, não considero que ele “substitua” os movimentos da musculação, pois ela também busca o reaprendizado de movimentos básicos, como agachar ou levantar. Entretanto, com a inserção de métodos muito atualizados, os exercícios se tornaram limitados a eixos específicos e é justamente nisso que o treinamento funcional se diferencia, por utilizar outros eixos e outros padrões de movimentos.
O treinamento funcional também tem a capacidade de, em grande escala e talvez mais do que a musculação, trabalhar a musculatura profunda e estabilizadora de regiões do corpo, especialmente dos músculos do core. Mas, óbvio que outras regiões também podem ser trabalhadas de maneira profunda e, não é incomum a musculação tradicional ser completada com alguns desses exercícios funcionais justamente com esta finalidade.
História do treino funcional
Na época da grécia antiga, a força física, agilidade e condicionamento sempre foram alvo de inspiração para muitos mitos e lendas, e quando surgiram os jogos olímpicos as pessoas começaram a se preparar cada vez mais, se dedicando integralmente aos esportes. Para isso foi necessário a criação de vários métodos e equipamentos de preparação para cada atleta, visando melhorar cada vez mais o seu desempenho e performance.
Com tudo isso, pode se dizer que o treinamento funcional não é um método de atividades novo, mesmo sendo utilizado até hoje para os mesmos objetivos: melhorar o condicionamento físico, aumentar a agilidade e o equilíbrio e melhorar o desempenho para atividades comuns da nossa rotina.
Com base nesses dados e na necessidade contínua de aperfeiçoamento nas atividades comuns e de alto rendimento, Paul Chek, um renomado expert na área de cinesiologia para alta performance, desenvolveu um sistema de treinamento baseado na essência de atividades fundamentais, sendo elas o agachar, pular, correr, agarrar, puxar, empurrar,levantar peso e etc.
No Brasil, esta atividade começou a se popularizar em meados dos anos 90, tudo isso graças ao professor Luciano D’Elia que foi o pioneiro deste método aqui no país. O treinamento funcional começou como uma atividade condicionada para lutadores na academia Única em São Paulo, visando aumentar a sua agilidade e equilíbrio no ringue.
Quando este método se misturou com o Pilates (Atividade que também estava começando a se popularizar no Brasil) ganhou um objetivo bem mais amplo, podendo ser praticado por qualquer pessoa, independentemente de ter experiência com atividades físicas ou não.
Como o treinamento funcional ocorre?
O treinamento funcional busca otimizar diversas capacidades do corpo com exercícios os quais busquem movimentos naturais do corpo e que fujam dos eixos específicos da musculação. Para isso, ele usa artifícios de movimentos, acessórios e equipamentos convenientes para isso, como elásticos, cordas, kettlebells, cones, obstáculos etc.
Digamos que, por exemplo, o indivíduo queira trabalhar um movimento de empurrar, como faz no supino. O treinamento funcional, por exemplo, tiraria ele da posição deitada, colocaria o indivíduo em pé e, ao invés de usar a barra, usaria elásticos ou cordas e iria propor variações como executar o movimento em uma perna só ou um braço de cada vez (unilateral). Isso faz com que sejam recrutados não somente os músculos alvo do movimento, mas também que sejam recrutados músculos auxiliares e/ou estabilizadores, além de solicitar e trabalhar os sistemas cardiovasculares, cardiorrespiratório e o centro de equilíbrio no sistema nervoso.
Sendo assim, o treino funcional busca executar movimentos naturais do corpo propondo algum grau de dificuldade a mais.
O treinamento funcional proporciona bons resultados? Quem pode praticá-lo?
Sem sombra de dúvidas, o treinamento funcional é muito interessante, especialmente para alguns grupos de pessoas as quais tem de utilizar a musculação com certa restrição e que buscam o emagrecimento (visto que, incontestavelmente, quando o assunto é o ganho de massa magra, a musculação tradicional ainda leva vantagem sob quaisquer outras práticas).
De uma forma geral, existem métodos de treinamentos funcionais os quais chegam a queimar cerca de 700kcal em um mesmo período de tempo da musculação (45-50 minutos), sendo que, assim como na musculação, ainda temos um significativo aumento nos níveis de EPOC.
Geralmente, a intensidade dos treinamentos funcionais tende a aumentar de acordo com o desenvolvimento da pessoa. Isso quer dizer que, pouco a pouco, a tendência é a de que seus treinos fiquem cada vez mais intensos, gerando resultados cada vez mais expressivos.
O treinamento funcional pode ser interessante, especialmente para alguns grupos de pessoas as quais possuem certas restrições na musculação. Entre esses grupos, podemos mencionar mulheres em estágio avançado de gravidez (as quais necessitam de exercícios para o fortalecimento corpóreo e mesmo para auxiliar no trabalho de parto e no período pós-parto), pessoas com lesões específicas as quais necessitam de fortalecimentos específicos, pessoas as quais não gostam da musculação, entre outras.
Obviamente, todo o protocolo de treinamento funcional deve ser individualmente projetado, uma vez existentes inúmeras vertentes e sistemas de treino, assim como no caso da musculação tradicional. Os limites individuais devem ser prioritariamente respeitados.
Benefícios do Treinamento Funcional
O que muitas pessoas querem saber é se o treino funcional possui benefícios e quais são esses benefícios, em relação a musculação ou a qualquer outro tipo de atividade física.
A verdade é que ele possui benefícios sim, como já dito em algumas partes deste artigo. Vamos fazer uma lista dos grandes benefícios que o treino funcional possui:
- Treinar diversas habilidades motoras;
- Treino vai além dos músculos… Treine os movimentos corporais;
- Treino variado, com infinidades de exercícios e possibilidades;
- Desenvolve e Melhora a percepção dos movimentos;
- Melhora a postura durante os exercícios;
- Fortalece os músculos do core;
- Trabalha o corpo todo de uma vez só;
- Melhora o equilibro do corpo;
- Melhora da força e tonificação muscular;
- Auxilia na reabilitação de lesões.
O treinamento funcional pode trazer diversos benefícios para a sua vida. Portanto se você precisava de algum empurrão para começar, esse é o que posso te dar! Não fique parado, procure hoje mesmo uma academia e comece a se movimentar.
O treinamento funcional pode substituir a musculação?
Muitas pessoas costumam ir para dois lados extremos desta resposta: Algumas acreditam que sem sombra de dúvidas ela pode, sem dúvidas, substituir a prática da musculação. Outras, acreditam que a musculação seja insubstituível. A verdade é que nenhum dos extremos está 100% correto. Isso porque, cada modalidade esportiva tem suas vantagens e desvantagens e cabe ao praticante aliar as vantagens principais de cada uma delas e considerar as desvantagens frente ao seu objetivo e suas possibilidades.
Por exemplo: suponhamos que um indivíduo precise ganhar massa muscular com bastante eficiência. Neste caso, talvez o treinamento funcional não contribua muito, sendo a musculação a melhor opção. Porém, digamos que alguém não gosta de musculação e quer melhorar a tonalidade muscular, sem precisar ganhar massa muscular ao extremo, então, talvez o treino funcional seja mais aplicável. Pois é melhor que a pessoa faça uma atividade física metodicamente e continuamente (mesmo que não seja a musculação) e que não desista no meio do caminho, do que faça algo aparentemente mais produtivo, mas que em pouco tempo irá desistir e perder todos os benefícios os quais qualquer atividade física pode promover ao corpo fisicamente e para a saúde.
Desta forma, é possível dizer que o treinamento funcional não substitui a clássica musculação, mas pode ser uma alternativa a ela para algumas pessoas em certos momentos. Tudo variará de acordo com o que você deseja e, principalmente, de acordo com o que você se sinta melhor fazendo.
A alimentação de alguém que faz treino funcional deve ser como a do praticante de musculação?
De uma forma geral, não precisa. Tudo dependerá com o que você deseja.
Talvez, o treinamento funcional requeira menos substratos proteicos do que quando comparado aos exercícios de musculação. Isso porque, já é possível saber que a efetividade na construção de tecido muscular com ele é menor do que quando comparado ao treinamento tradicional com pesos.
Em segunda instância, temos que entender que o treinamento funcional requer mais solicitação do sistema cardiovascular e suas atividades são mais “Agitadas” do que quando comparado ao treino de musculação. Sendo assim, essencialmente, você precisa ter consumido uma quantidade boa de nutrientes antes do treino, mas eles NÃO PODEM estar no seu estômago durante o treino, pois irão prejudicar o desvio do fluxo sanguíneo para o trato gastrointestinal.
Então, é importante atentar-se a refeição pré-treino e ao espaçamento dela (e sua composição) para com a prática física. Se você tem pouco tempo para comer e ir treinar, opte por itens mais fáceis de serem digeridos como proteínas hidrolisadas e carboidratos como o waxy maize. Caso não possa arcar com suplementos, opte pela alimentação sólida mesmo. Porém utilize sempre alimentos mais fácil digestão, como frango, peixe, macarrão (sem ser integral) e sempre com pelo menos 60~80 minutos de distância para o treino.
Suplementos tais quais a creatina, os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs), o whey protein e mesmo a repositores de eletrólitos podem ser interessantes para quem faz esse tipo de treinamento.
Treino funcional é perigoso?
Bom, essa é uma questão que muitos alunos me perguntam… E a resposta sempre é: Se for acompanhado por um profissional qualificado que irá te introduzir de forma gradativa e acompanhada aos exercícios, não o treinamento funcional não é perigoso.
O que acontece é que na maioria das vezes, o professor tem uma turma de 20 alunos, sendo que cada aluno esta em um estágio corporal, tem um objetivo e etc. Ele coloca todo mundo na mesma sala e começa a aplicar o mesmo exercício, a mesma intensidade a todos.
Pense comigo: Se você começou agora e esta na mesma turma de uma pessoa que já faz exercícios a 03 meses, você acha que vai conseguir acompanhar essa intensidade? Claro que não… E se for o contrário a mesma coisa, pois quem esta a 03 meses não ter resultados treinando com quem entrou hoje.
Portanto fique a tento a isso. E fique atento aos exercícios também. Não é porque o treino funcional tem exercícios “diferentes” que você deve começar a inventar exercícios que não existem.
Conclusão:
O treinamento funcional aparentemente pode parecer uma substituição da musculação, mas na realidade não é. Ele é, na verdade, uma prática diferente a qual visa o trabalho geral através de movimentos naturais do corpo e a utilização de equipamentos específicos e variados.
O ideal é que ambos os tipos de exercícios possam ser combinados, fazendo treinos funcionais e musculação, respeitando a periodização do treino e os limites de cada pessoa. Porém ela também pode ser uma prática isolada, sendo feita sem a necessidade da musculação.
Lembre-se de que essa é uma prática que pode ser tanto complementar quando primária e, caberá a você decidir, frente as suas preferências e objetivos o que quer torna-la.
Bons treinos!