Uma visão crítica do treinamento sério e da busca por resultados na musculação

Tempo de Leitura: 18 minutos

Quantas vezes venho repetindo constantemente que é o treinamento sério aliado a uma alimentação (leia-se dieta) coerente e um descanso adequado que promovem verdadeiramente os ganhos musculares?

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Não é de hoje que digo isso e tampouco será a última vez! Mas devo ser franco em alguns aspectos que devem ser colocados em pratos limpos a fim de não causar ilusões imensuravelmente inalcançáveis em muitos desses indivíduos sonhadores.

Em primeira instância, não quero que isso se torne um meio para desanimar qualquer um, mas apenas um meio de abrir um pouco da realidade do que acontece realmente nos bastidores do fisiculturismo profissional e uma maneira assim, de você continuar lutando por seus objetivos da maneira que for.

Quantas vezes você viu pessoalmente alguém com um físico invejável…? Certamente poucas, não é mesmo? E quantas vezes então você viu alguém com o corpo escultural de um fisiculturista, propriamente dito?

Eu, particularmente vi uma ou duas vezes na rua e, claro em grandes campeonatos de metrópoles. E digo campeonatos nesses locais, pois, jamais desmerecendo atletas do interior que muitas vezes tem uma capacidade enormemente grande e até superior a atletas de grandes cidades, mas estão em minoria, infelizmente.

Com exceção desses locais, realmente não consigo encontrar um rapaz de mais de 100kg com 8% de BF e uma estatura abaixo dos 1,79m. E da mesma forma que eu não vejo, você também não deve ver com freqüência.

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E isso já é uma pergunta que devemos fazer a nós mesmos: Por quê eles não aparecem? E a resposta é bem simples: Porque eles não existem! Isso mesmo, não existem!!!!

Certamente essas pessoas são escassas não por falta de vontade de muitas serem assim, afinal é só olharmos em nossas academias e veremos diversos discípulos de Ronnie Coleman, Jay Cutler, Dorian Yates ou qualquer coisa do gênero…

Mas, é realmente muito difícil ou quase impossível chegar nesse nível e essa é a primeira realidade que devemos entender e aceitar.

Mas aceitar buscando não torná-la real, mas sim, superá-la. Possível chegar é sim, mas como dito, é praticamente impossível.

Você pode comer bem, treinar no seu limite, aliar suplementos altamente qualificados e ter um descanso perfeito. Você não terá metade desse tamanho.

E o que é mais frustrante é que você não terá se quer metade desse tamanho. E nos parágrafos a seguir, quero explicar o porquê.

Você já parou para se perguntar como os esportes tem tido atletas cada vez mais desenvolvidos, que correm mais rápido, pulam mais alto, nadam mais rápido, tem músculos grandes, definição impecável, baixo percentual de gordura e outras milhões de qualificações positivas?

Hoje, por exemplo, no futebol americano, não temos mais indivíduos com sobrepeso gordo correndo atrás de uma bola oval.

Temos atletas massudos, densos e até mais pesados. Porém, eles correm muito mais, tem muito mais agilidade… O que é tudo isso? Será que o homem sofreu uma modificação genética ou sofreu adaptações ao forte estímulo dado e ao mesmo tempo exigido?

É só pararmos para observar a Alemanha em seu auge, nas Olimpíadas e vamos ver uma crescente evolução dentro dos esportes.

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É só olharmos também o desenvolvimento brusco de tamanho e proporção que Dorian Yates teve após conquistar seu primeiro mister Olympia.

E é só vermos a evolução de atletas mais atuais como o próprio atual Mr. O e vice também. E você acha que isso foi resultado APENAS de treinamento sério e pesado?

Não é de hoje que os esteroides anabolizantes estão presentes dentro de basicamente todas as modalidades em basicamente todos os atletas de nível profissional, sejam em competição ou fora de competição (unicamente por questões anti dopping).

Menos segredo ainda é o uso desse tipo de substância por nós fisiculturistas. Mas, se simplesmente usar fosse o “X” da questão, ainda sim teríamos inúmeros caras grandes e com corpos riscados e definidos.

Usar da maneira correta e acima de tudo coisas originais sim é a coisa difícil a se fazer. Primeiramente porque poucos tem o real conhecimento do que usar, o quanto usar e principalmente como usar.

E em segundo lugar, porque hoje em dia realmente é difícil encontrar algo fino, de qualidade, quente… Ou simplesmente, original.

As falsificações estão cada vez mais lucrativas para esse tipo de traficante e estão cada vez mais perfeitas, não identificáveis e próximas da realidade. E isso não é privilégio nem exclusividade dos Estados Unidos ou até mesmo do Brasil, mas sim, do mundo inteiro.

É óbvio que é muito mais barato vender solvente a preço de esteroide anabolizante devidamente dosado do que vender solvente e sal na dosagem indicada pelo mesmo preço, correto?

Sim… E não precisa ser matemático para fazer essa conta!

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Mas quando falo do uso de esteroides, não estou me referindo aquilo que todos conhecemos. Estou me referindo a coisas que muitos nem fazem ideia ou se quer conhece.

Falo de drogas, combinações, tratamentos, colaterais severos… Falo do uso de injetáveis TODOS OS DIAS. Falo de drogas como GH, Insulina, fatores de crescimento, trembolona (ah, essa já é mais conhecida)…

Isso porque apenas citei alguns hormônios anabólicos conhecidos. Nada falei sobre o uso abundante de diuréticos, vitaminas e antioxidantes injetáveis, tratamentos para diminuir metabólitos inconvenientes no sangue etc etc etc

E também falo de dosagens absurdamente altas. Se você considerava o uso de seu amigo de 600mg de cipionato de testosterona adicionados de 100mg de dianabol e 400mg de decanoato de nandrolona por 10 semanas algo realmente pesado, então ficará chocado se eu disser que dosagens inferiores a 1 ou 2g de testosterona basicamente não existem no mundo profissional.

Se você ouvia falar que oximetolona em 100mg era suicídio hepático, então imagine doses de 400 ou 500mg diários da substância, adicionados com 3g de testosterona, 1g de nandrolona (testosterona e nandrolona por semana), 100 ou 120UI de insulina e 30UI de GH diários…

E isso não por 10 semanas, mas em “ciclos eternos”… Aí você adiciona mais algumas injeções de 800mg de trembolona diários ou dia sim dia não, 1 ou 2g de boldenona semanais com mais 150 ou 200mg de oxandrolona diários e você já começa a ter noção de quão ampla e interessante a coisa de fato é!

E calma… Como eu disse, prefiro nem falar sobre altas doses de furosemida e outros diuréticos que são usados diariamente.

Então, isso já começa a explicar um pouco desses corpos grandes, densos e definidos ao extremo que vemos no palco…

E você ainda achava que poderia conseguir um nível desse com aquele suplemento que supostamente aumenta a produção de óxido nítrico no corpo, não é mesmo?

E acreditava também que 500 reais investidos mensalmente seriam alguma coisa dentro desse esporte… Mera ilusão…

Como podemos bem observar, o uso de drogas é mais do que freqüente nesse meio.

Mas é óbvio que a política da boa vizinhança jamais deixa esses atletas relatarem quaisquer coisas que o liguem a essas substâncias.

Em primeiro lugar porque não é conveniente assumir que os atletas querendo ou não tem envolvimento com traficantes (leia-se vendedores dessas substâncias) ou até mesmo médicos antiéticos que receitam essas substâncias sem a devida patologia indicada…

Além disso, é conveniente que você gaste que seja 100 ou 500 reais investindo em suplementação daquela determinada marca e fique em um ciclo vicioso buscando resultados com ele… Sem conseguir nada, em muitos dos casos… Sim, é marketing!

Sinceramente, eu fico com pena, mas infelizmente tenho de me calar quando vejo um guri de 14 anos que iniciou na musculação há alguns dias, passou em um nutricionista e após isso vai com a mãe feliz da vida comprar seu primeiro Whey Protein em uma loja.

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Os olhos da criança brilham e a mãe (ou o pai) apesar de se descabelar com os preços exorbitantemente caros (sim, são caros mesmo!!!!!!!!!!!!!!! MESMO!!!!!!!!!) ficam feliz em ver a realização do sonho do filho emergido a um esporte que trará supostamente qualidade de vida (sim, a musculação, propriamente dita traz inúmeros benefícios), mas acima de tudo, com a vontade que ele tem de conseguir um físico realmente invejável…

É triste ver como em alguns anos tudo isso pode se tornar uma grande desilusão quando todos caírem na realidade de que o mesmo menino hoje é um homem e precisa passar por processos, como o uso de anabolizantes esteroides, para atingir seu sonho, caso seja em nível competitivo.

E hipócrita aquele que diz que compete profissionalmente no fisiculturismo e se quer nunca injetou uma miseram ampola em seu traseiro ou no traseiro de um amigo de academia, que seja!

Isso se tornou e vem se tornando algo freqüente, natural e cada vez mais aceito e ao meso tempo recriminado. Paradoxo, não?

Ok, não quero te deixar desanimado ou achando que o esporte é resumido em drogas. Não, não mesmo! O esporte vai muito além desses detalhes.

Os esteroides anabolizantes apesar de importantes coadjuvantes, não fariam seu trabalho sem a disciplina e rigor que a rotina de um fisiculturista exige.

Tudo isso que diz respeito a treinar em alta intensidade, comer adequadamente, descansar, não consumir álcool, não fazer isso ou aquilo é realmente verdade.

Aliás, dificilmente você verá um fisiculturista em off season ou, menos ainda em pré contest em baladinhas, noitadas a fora ou bêbados por aí…

O fato é que você não pode resumir esses méritos às drogas e desconsiderar todo esse esforço realizado. Obviamente, essas drogas entram em âmbitos profissionais e, particularmente acho-as totalmente desnecessárias se o seu foco não é o esporte competitivo.

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 Me perdoem, mas acho uma danada burrice e falta de pensamento quem usa com finalidades estéticas que, pasme, muitas vezes ainda podem ser conseguidas sem o uso de qualquer substância exógena hormonal.

O segundo fator que gostaria de abordar com você mas, que não é algo relativo para mudanças é o fator genético. Sim, ele conta muito!

Em primeiro lugar, se não fossem pelas drogas, os campeões seriam sempre os que tivessem melhor graça da genética.

Porém, mesmo os usuários de esteroides anabolizantes devem contar com uma genética favorável em algum ponto.

E para chegarem em um nível competitivo realmente invejável, isso é não só necessário, mas fundamentalmente preciso.

Não posso enganar indivíduos nos quais olho e tenho certeza que mesmo com dedicação, esforço e até mesmo drogas dizendo que atingirão um patamar adequado. Longe disso!

Devemos ser coerentes com nossas escolhas e saber até aonde podemos ir. O fator genético infelizmente é algo que ainda delimita campeões de quintos lugares, entende?

É triste aceitar a realidade, mas essa genética envolve todos os aspectos possíveis: Definição muscular, proporção muscular, qualidade muscular, formato muscular, harmonia muscular, tamanho muscular etc etc etc.

Você nunca parou para se perguntar porque grandes nomes do fisiculturismo e, aparentemente impecáveis nunca ganharam um campeonato importante?

Posso citar, por exemplo, um rapaz que sou fã, mas que sei que não tem chances de levar para casa a taça do Mr. Olympia: Lee Priest.

Braços enormes, coxas e panturrilhas coerentes, femorais muito bem desenvolvidos, antebraços invejáveis… Mas e os dorsais? Ainda muito falhos. E a relação do formato do seu abdome?

Apesar de eu achar extremamente diferente e muito legal aquele formado alongado, ele é fora dos padrões estabelecidos das competições.

Triste, mas é a realidade, mais uma vez. E o alemão admirado por muitos chamado de Markus “Big” Ruhl? Um tronco extremamente largo. Mas cadê a proporção dos seus tríceps?

O bíceps pontudo em relação a falta de densidade no tríceps é realmente estranho. Ainda mais quando colocamos aqueles braços e antebraços relativamente desproporcionais com o tronco exorbitantemente largo.

Em contrapartida, se levássemos em conta gostos, provavelmente Dorian Yates não atingiria o tanto de topos de campeonato que atingiu.

Um físico grande, massudo, denso. Muitos nem se quer acham aquilo bonito. Particularmente, não é meu preferido também (apesar de me agradar).

O fato é que o ex Mr. o atendia perfeitamente os padrões estabelecidos pelas competições. E disso ninguém pode questionar.

Como podemos ver, a genética é algo que interfere SIM e, muito, diga-se de passagem, no resultado final.

Além de todos esses fatores, ainda insistimos em duas teclas básicas, sendo que a primeira delas é a alimentação aliada a suplementação.

É comum vermos muitos indivíduos realizando fortes ilusões em cima de dietas mágicas, de metodologias mágicas de dietas, como a metabólica, a do ciclo de não sei o que ou sabe-se mais o que. Esses mesmos indivíduos normalmente não são os que tem os melhores físicos.

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Por ironia, o melhor físico muitas vezes é daquele senhor que come arroz com uns pedaços de carne nojenta no almoço e bebe leite com banana o dia todo.

Mas claro que isso também não é o mais adequado a se fazer. Provavelmente com esse potencial genético ele teria melhores resultados comendo adequadamente.

Mas, quando falamos em comer adequadamente, muitos já observam alimentos caros e teoricamente saudáveis. E não é infrequente fulanos reclamando para mim que não conseguem manter uma dieta coerente porque não tem dinheiro para comer pão integral e peito de peru com queijo branco. Calma lá! Pra que isso???

É lógico que uma dieta com alimentos de “fresco” assim vai sai os olhos da cara. Além de que essas, apesar de mais caras, não são as melhores opções.

É o que eu digo: Faça o básico! Dê o máximo de nutrientes diferentes ao corpo e diversidades desses nutrientes também.

Mas não faça da dieta uma parafernália sem tamanho. Esqueça “iogurtezinho”, esqueça peitinho de peru com queijinho branco no pão integral.

Que tal ir ao mercado, comprar uns sacos de arroz (preferencialmente integral, mas pode-se usar o branco também) uns quilos de frango em algum vícola que venda em atacado, um vidro de algum óleo insaturado, um condimento que pode ser mostarda ou o que preferir e umas drogas de caixas de ovos?

Pronto! Você tem aí dieta para uns 15 dias com umas 6 refeições por dia. Adicione algum suplemento proteico se preciso, creatina que comprovadamente é o suplemento mais eficaz para a maioria das modalidades e acabou.

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Não tem porque fazer uma coisa divertida ao em invés de fazer algo que funcione e ao mesmo tempo seja prático. Vejo pessoas que entram em lojas de suplementos e ficam encantados com promessas disso ou daquilo. Promessas que superam os limites possíveis.

E inocentemente, muitos acreditam… O fato é que grande parte desses resultados é gerado por outros fatores que não estão necessariamente envolvidos com o suplemento.

O primeiro é que por estímulo, o sujeito tende a organizar a dieta um pouco melhor, ou simplesmente comer menos pior.

Além disso, suplementos em sua grande parte, fornecem calorias. E é isso que o corpo precisa pra crescer (a grosso modo, claro). Resultado: O resultado é associado com o suplemento.

Ao entrar em uma loja de suplementos, se você busca algo a mais do que proteína, gainner, talvez uma beta-alanina, creatina e vitaminas, você está querendo jogar dinheiro na lata do lixo.

Aliás, por falar das vitaminas, alguns costumam supervalorizá-las e outros negligenciá-las. O fato é que tanto o excesso quanto a falta acarretarão prejuízos. E para saber suas reais necessidades de uma possível suplementação, apenas existem dois métodos: Orientação profissional, que é o melhor deles e, claro, conhecimento do próprio corpo com os anos de treino.

Mas é óbvio que é muito fácil e conveniente que você invista horrores em suplementos. É lucrativo para as empresas, para os atletas que fazem propaganda, para o governo… Enfim…

Você acha mesmo que um profissional nos primeiros anos de carreira realmente usa muitos suplementos? Claro que é conveniente usar toneladas de suplementos diversos quando se é patrocinado…

Você usa o pré-treino, o intra-treino, o pós-treino, os aminoácidos, o suplemento antes de dormir, ao acordar, durante o dia…

Mas isso é feito simplesmente porque não se gasta NADA com isso… Agora, nos primeiros anos de esporte, duvido muito que alguém que conhece ou um profissional, vá investir larga escala de dinheiro nesse marketing.

Se pararmos para calcular bem, um suplemento dos chamados pré-treinos que duram 20-30 dias custam em torno de R$220,00 no Brasil.

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Esse mesmo dinheiro é o equivalente a quase 5 caixas de cipionato de testosterona de farmácia no mesmo país. Ora, ora, ora… 5 caixas de deposteron são basicamente 5 semanas com uma dosagem baixa de testosterona para um iniciante.

E o que você acha que dará mais resultados? E se estivermos falando de 15 semanas? Não precisa ser muito inteligente para fazer essa lógica não…

Outra coisa que me incomoda DEMAIS quando falamos de treinamento resistido com pesos visando a hipertrofia muscular é a relação do volume de treinamento, da intensidade de treinamento e, por que não falar da carga de treinamento?

Em uma pirâmide, o mais importante dos aspectos do treino, podemos citar O TRABALHO MUSCULAR. Sim, se o objetivo é hipertrofia, devemos trabalhar a musculatura e não simplesmente erguer o peso sugerido.

Afinal, não podemos confundir levantamento de peso com fisiculturismo. No fisiculturismo, não importa se você faz 10 repetições no supino com 100kg ou 300kg…

O que importa é o resultado final. Será que o atleta com 300kg conseguiu realizar um recrutamento de fibras musculares tão grande e eficaz como o que realizou com 100kg?

Depende da força, da forma de execução, das possíveis técnicas adotadas naquele treinamento etc etc etc.

O peso é o fator que menor importa quando o foco é a hipertrofia. No fisiculturismo, importa mesmo o quanto de músculo se ganha e não quanto peso se levanta.

O problema é que muitos ainda insistem com essa cafonice de realizar execuções pífias só para se aparecer para a menininha do lado com um supino pesado.

A maioria dos profissionais de fisiculturismo visam o trabalho nas fibras musculares. É isso que vai fazer com que o shape, ou aparência física, seja modelado de acordo com o que ele deseja. E é claro que isso é o mais importante neste esporte.

No palco, ninguém vai querer saber quem foi o cara que fez supino com 200kg ou quem fez supino com 100kg. Simplesmente vão avaliar o que proporcionalmente tiver melhor corpo de acordo com os padrões estabelecidos. No entanto, ainda vejo gente insistindo em treinar a região lombar ao invés da parte lateral dos deltoides, na ELEVAÇÃO LATERAL… E você sabe do que eu estou falando…

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Outra coisa que muita gente faz ilusão é no volume de treino e principalmente em inventar mais coisas do que ir à academia, treinar e voltar para casa.

Vejo indivíduos que ficam uma, duas, pasme, três ou mais horas na academia, executando essa ou aquela técnica. Na verdade, quanto mais se passa o tempo, de menos treino você precisa.

Isso mesmo, menos treino. Não vejo necessidade de ficar mais do que 50 minutos em uma academia levantando pesos.

Provavelmente se você consegue fazer mais do que 50 minutos em um treino “intenso” ele não está intenso o suficiente.

Para que 5 ou 6 séries em cada um dos 4 exercícios de tríceps? Isso pra mim soa como absurdo. Que tal tentar algo em torno de uma ou duas séries para dois ou no máximo três exercícios para o mesmo grupamento?

Muitos cairão da cadeira e dirão que isso não faz nem cócegas ao músculo. E é aí que repito que se realizarmos treinamentos submáximos, é óbvio que não fará mesmo.

Agora, ouse treinar com intensidade de gente grande e entenderão do que estou falando, tanto em intensidade de treino quanto em resultados, propriamente ditos.

As técnicas podem existir e muitas delas possuem ótima eficácia. O fato é que muitos abusam dessas técnicas e acabam esquecendo o básico.

Séries quádruplas, treinos de pré-exaustão seguidos de não sei o que… É muita coisa para se fazer em um espaço curto de tempo.

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Que tal escolher então uma técnica por dia e realizar em uma série de um exercício. O corpo necessita de estímulos diferentes sim, mas basicamente quaisquer exercícios que forem feitos para X grupamento, trarão resultados, desde que bem executados.

Logicamente, dar enfoque a determinadas regiões dos músculos, como as 3 cabeças diferentes do tríceps é algo interessante, por exemplo.

Mas não é necessário implementar muito volume para isso. Mesmo utilizando algum tipo de droga, o corpo necessita de descanso e necessita de um volume coerente.

Não é porque drogas anabólicas aceleram o processo de recuperação que ele deva existir de maneira inadequada. Com a droga que for, se você treinar braços todos os dias (que é um grupamento muito fácil de entrar em overtraining) você não obterá bons resultados.

E ainda correrá risco de lesionar os punhos, os cotovelos e até mesmo o ombro.

Após o treino, é conveniente que se coma, ou que se tome. Não há necessidade de ficar com a garrafinha de maltodextrina ao seu lado durante o treino (e nem deve ser feito isso) e muito menos de achar que você não vai crescer porque não está utilizando um shake hiperprotéico com carboidratos de rápida absorção após o treino.

Simplesmente coma algo com pouca gordura e de fácil digestão o mais rápido possível e, mantenha a dieta. Se você tiver dinheiro e puder realmente investir em um suplemento, que as prioridades sejam em primeiro lugar a creatina e em segundo a Beta-Alanina. E fim de jogo!

As diferenças do whey protein são notáveis não tão esteticamente, mas principalmente em exames. Logo, não se preocupe com a diferença de velocidade de absorção, caso não possa gastar.

Certamente não é isso que atrapalhará um projeto diário e dedicado. Opte sempre pelo melhor custo X benefício e pare de se iludir com esse monte de propagandas.

Tanto quanto todos os aspectos citados é de importância extremamente grande saber descansar e ouvir o próprio corpo.

Mas esse lance de ouvir o próprio corpo você só consegue após alguns anos de treinamento de rotinas sérias. Ninguém aprende a se autoconhecer no primeiro ano de treino e muito menos antes disso.

Saber os momentos em que seu corpo não pode resistir a um treinamento pesado e intenso é saber se prevenir de lesões, perda de tempo e muitos outros aspectos.

Ninguém que realmente treine com intensidade vai para a academia para fazer menos do que pode fazer. Isso não tem nem lógica.

Tanto porque, como o bodybuilding é um esporte ingrato, treinar com menos intensidade faz seu corpo não responder ao estímulo de maneira positiva, mas sim, ao inverso do esperado.

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Diferente da maioria dos esportes o que manda aqui não é a freqüência em demasia e nem o treino, propriamente dito durando muito tempo.

O rápido normalmente é o mais e o descanso normalmente muito mais anabólico também. Mas é claro que, para isso, volto a insistir na necessidade de uma alimentação coerente.

E se isso for para passar dos limites fisiológicos e biológicos, então entram os esteroides anabolizantes também.

Quando digo que essa superação vem através dos esteróides anabolizantes, não me refiro ao uso fora de visão competitiva, insisto!

Acho que é simplesmente lastimável e ridículo vermos indivíduos abrindo a lata do lixo e jogando sua saúde lá por questões estéticas!

Em contrapartida, tampouco me refiro a crianças (e isso envolvo indivíduos com menos de 21 anos) que dizem não ter ultrapassado seu limite genético. Espere aí, meu amigo!

Como você não ultrapassou os limites genéticos se não atingiu nem sua produção máxima de testosterona? Aliás, esse tipo de indivíduo é justamente aquele que quer ficar bonitinho e pagar de forte para os amiguinhos.

Um homem na verdade se faz mais além do que um corpo, mas de uma mente e de atitudes coerentes. Um menino pode ter corpo de profissional e vai continuar sendo um menininho idiota. E fim de papo!

O bodybuilding na verdade é o termo mais aplicável para o que vemos na nossa realidade, tanto em níveis estéticos quanto em profissionais.

Até os anos 90 ao que tudo me parecia, o termo “fisiculturismo” ainda era o mais aplicável. Era o culto ao físico. Hoje em dia simplesmente querem construir máquinas, querem construir indivíduos que não tem tempo suficiente para ter o corpo que tem.

O resultado foi que transformaram esse culto ao físico em algo doentio, misturando um milhão de tratamentos, toneladas de drogas (e aqui envolvo os entorpecentes também) e tecnologia digna de Óscar!

Sim, entorpecentes, pois, normalmente são substâncias que tiram a fome, tiram a dor, tiram o estresse… E tudo se torna um ciclo tão vicioso e paliativo que um fator tenta corrigir outro, prejudica um terceiro e por aí segue…

A verdade é que por trás de um corpo forte e aparentemente saudável, os atletas estão realmente fragilizados, muitas vezes a ponto de desmaiar. E eu não incluo isso apenas no momento de palco, mas inclusive em alguns momentos do próprio off season. Aquele glamour todo na verdade, tem um preço caro e, muito caro…

É só analisarmos como algumas coisas teoricamente são impossíveis e então começamos a notar aonde tudo isso está indo parar. Analisemos a época mais freak (ou não mais) da história. Final dos anos 80 a meados dos anos 90. Dorian Yates, Marko Savolainen, Nasser El Sonbaty, o próprio Big Ronnie Coleman um pouco mais adiante… Estes corpos eram incrivelmente grandes, definidos, densos, massudos… Apesar de todas essas qualificações existirem hoje, olhemos o corpo por exemplo de Phil Heath (que diga-se de passagem, é meu atleta preferido da atualidade). Reparamos que apesar dele seguir todas essas qualificações, a aparência do shape dele é muito diferente. Muito mesmo. Uma espécie de retenção intramuscular gritantemente alta com uma camada de água subcutânea mínima. E sabe o que mais me chama atenção? Com tanta definição, o rosto desses atletas atuais não parecem muito desinchados, ao contrário de olharmos para o rosto de Dorian Yates em competição, por exemplo.

Realmente falando, é óbvio que além de tudo, com a relativa pouca idade de Phil, ele não teria maturidade muscular para chegar naquele nível usando o que os culturistas usaram no passado. E então hoje se faz essa gritante mistura em dosagens absurdas de insulina, GH, fatores de crescimento e mais uma pancada de coisas…

Esse glamour na verdade, muitas vezes desvaloriza o próprio atleta como ser humano em questão. Faz dele um objeto de desejo, um objeto de marketing e para isso sacrificam sua vida. Esses dias li uma pergunta que me fez refletir muito sobre essas condições: “Será que os atletas da atualidade chegarão com a mesma disposição de outros atletas da antiguidade da na velhice, como Frank Zane? Isto é, se estiverem vivos até lá…”

A coisa é mais triste e mais chocante do que se pode imaginar. Vejo esses atletas em tratamentos com bombas disso, daquilo, com tratamentos intravenosos de diversas substâncias… E ainda, contudo, temos essa juventude teoricamente perturbada que não tem maturidade, repito, nem muscular e as vezes nem psicológica para ter os corpos que tem… E para quem tem saído nos últimos dias na porta da rua de sua casa, que seja, vai reparar bem que é difícil encontrar um jovem que não fume, não beba ou não use algum tipo de entorpecente. Pronto, está aí o segredo de um COQUETEL MORTAL!

Art Artwood foi só mais um exemplo recentemente do que essa mistura de substâncias e mistura de sentimentos e pressão psicológica podem fazer em uma pessoa, principalmente se ela for um tanto quanto fraca mentalmente. O sucesso, seja na música, na televisão, no futebol ou em qualquer outro esporte, inclusive no bodybuilding, quer responsabilidade em dobro e um tratamento de fortalecimento moral e mental. Não adianta saber que você tem de ser forte suficiente para aguentar a dieta pré-contest se você não é forte suficiente para saber quais são os limites entre a fama e quão grande é a pressão quando ela pinta em sua porta.

Para quem não sabe ele morreu afogado a noite em uma piscina durante uma festa. Especulações mostram que ele tinha ingerido álcool naquele dia e por algum motivo perdido a consciência ao pular na piscina. Mas, não sejamos inocentes: Primeiro porque se o álcool foi o responsável, assim deveria ter sido consumido em quantidades absurdamente altas e, segundo, se não foi só o álcool novamente caímos no platô dos entorpecentes alucinógenos…

O que acontece, meus amigos, é que estamos levando uma geração toda a um mundo sem volta. Estamos influenciando jovens cada vez mais cedo a fazerem coisas que não deveriam ou, se assim devessem fazer, que fosse com idade muito superior do que vem acontecendo.

É assustador a crescente que temos de jovens se prejudicando por conta de influências dadas por seus ídolos. Mas como eu digo, cada um faz o que bem entende de sua vida e isso não deve ser algo que parta unicamente dos atletas, mas das organizações que assim regem esse tipo de campeonato.

Não sejamos hipócritas ao dizer que as drogas deveriam ser retiradas do esporte, pois, do contrário ou o esporte acabaria, ou entraríamos em uma monotonia ridícula e chata. Fato é que esse exagero por algo inalcançável já está se tornando deprimente.

Nos anos 60 ou 70 os atletas antes de competições estavam se bronzeando em praias, correndo, concentrando-se… Mas ao que parece hoje, eles estão em tratamentos particulares, em hospitais etc etc etc.

Não sou eu que vou mudar absolutamente nada disto! Cabe a todos nos unirmos em prol de um esporte que já sofre tanto preconceito a fim de fazê-lo algo bonito aos olhos e a mente e não uma aberração de fatos lastimáveis!

Pensem nisso!

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